Parece que o filme tem alguns conceitos, mas não consegue levar esses conceitos ao fundo. A coisas só acontecem e você não tem um senso de construção. Metade do filme funciona e tem elementos legais mas depois descarrilha completamente as convenções de filmes da Disney genéricos, ou até como os cínicos e agitados da Illumination, soou bastante derivativo. Pelo menos as músicas são muito boas, principalmente as temas. As outras deixaram o filme com excesso de cenas cantadas.
Em breve resumo. Basicamente elevou as coisas que eu não tinha gostado no primeiro e achei a direção/texto do filme pouco inspirados. Diana tem um desenvolvimento fraco dentro do argumento, que é basicamente sobre o Steve e Maxwell Lord, ficando à deriva do conflito narrativo desses dois personagens, o que deixou a personagem da Diana muito vulnerável e sem uma grande participação no desenvolvimento. Eu creio que não tem nada sobre ela diretamente na história, objetivamente. E a lição da personagem é completamente repetida em sem sentido. Martelando um conflito que deveria ter acabado no primeiro filme. Os dois personagens masculinos tem seus momentos importantes pro valor textual do filme, mas que na conclusão desconstrói o foco total desses elementos. O que o primeiro tinha feito com maestria, que era trazer um tom e uma ambientação ao mesmo tempo sóbria mas também fantástica e otimista, trazendo tudo que faz uma história de super-heróis ser especial entrelaçado com o arco da Diana. Aqui soa piegas, no sentido negativo. A solução da passagem de conflito do filme parece redação do fundamental, vazia, superficial e sem consequências. Barbara Minerva tem uma motivação ridícula, mesmo que a entrega da personagem tenha sido bem legal. Gal Gadot assim como no primeiro estava completamente decente em entrega do papel. Só que se um ela estava mais limitada, no outro ela fez o máximo que podia com um enredo fraco. Esse filme me fez até gostar mais do primeiro.
POV: O jeito é revisitar o primeiro trailer do filme que é um dos melhores de blockbusters sem dúvidas. E apreciar hipoteticamente o filme.
Não gosto quando a diretora lida como pura e universalmente emocional uma parada que é inevitavelmente muito narcisista, não só por isso detesto metade das passagens de As Mortes de Dick Johnson, nas outras como qualquer pessoa com um coração adorei a delicadeza desse personagem.
Tenho fraco pra histórias que são sobre língua e (não)comunicação por causa dela, desde Babel uns anos atrás até O Fim da Viagem, O Começo de Tudo, dos meus preferidos do ano passado. Esse aqui em São Paulo ainda por cima, a tal Cidade Pássaro do título. Atuação show do OC Ukeje.
Pela forma como o pessoal pirou da cabeça na internet com esse filme, eu até tava esperando que eles tivessem se arriscado até demais pra fazer algo diferente da animação e que tem uma narrativa totalmente alterada. O que é algo bom, porque se tem uma coisas que esses live action não estavam tendo era personalidade. Mas não, não é uma narrativa completamente diferente, acontece as ações principais da animação, mas o meio pra chegar naquelas ações são diferentes. Eu gostei de como mostrou o lado da Mulan e sua responsabilidade com a família. Dela se descobrir aos poucos. Só senti falta dela falar mais, o filme foca muito nas ações mas não tanto nos diálogos. Mas eu adorei a performance dela, é uma atuação mais contemplativa e introspectiva que funcionou perfeitamente, e tem muitos closes no rosto que passa a atuação mais minimalista mas que você entende perfeitamente. Ela pode não ser tão divertida quanto da animação, mas ainda assim passou até mais essa ambientação de contos orientais. Lá no oriente as pessoas costumam ser mais reservadas mesmo. Tanto que não tem algo muito comum nos filmes no ocidente que é o alívio cômico. A protagonista apesar de não ser uma Mulan tão carismática quanto era ela no desenho, ela tava procurando força dentro dela mesmo e é disso que o filme se trata. A presença da entidade da Fênix eu achei meio mau feito, que não passa direito a mensagem e que apresentasse algo que eles estavam esperando. O filme passa uma mensagem de empoderamento só que de uma maneira diferente. Eu esperava que fosse ser um beabá típico de feminismo que geralmente tem nesses filmes, mas surpreendentemente não é. Muitos criticaram ela ser poderosa desde o início e blábláblá (a mesma baboseira de reclamação que foi com Capitã Marvel, como se tudo fosse sobre jornada do herói e tem que acontecer de forma gradativa aos pouquinhos). A questão não é ela ter o poder ou não, a questão é discutir que se ela tem esse potencial, porque ela não pode? Eu gostei muito pelo desenvolvimento do roteiro. Nos outros live action, ou é algo muito preso na animação, desesperados pra chegar naquela cena ou fala que as pessoas querem ver, ou é algo copia e cola mesmo que tá ali pra fazer dinheiro na cara de pau. Tem Mogli que seguiu uma historia totalmente diferente, e Mulan seguiu mais nessa linha. Mesmo que no final ele tentou agradar todo mundo e no final não agradou quase ninguém. Nem o publico chinês nem o ocidental. Pelo menos ele tá tentando fazer não só uma coisa diferente mas também de não só pegar formulinha jogando frase de efeito e seguindo, sem ter desenvolvimento do assunto. A vilã tem um papel fundamental no processo da Mulan, que tem um arco muito interessante de querer ser aceita na sociedade e ter aprovação não só masculina mas também da sociedade no geral. É uma jornada parecida com a da Mulan, mas sem ser seduzida pelo poder e se corromper. Mas ela poderia ter sido melhor explorada e não só servir pra jornada da Mulan.
Não é um filme que foi feito pra ser no formato ocidental da Disney e no tom que estamos acostumados, não tem um alívio cômico, não tem aquela abordagem tão individualista do ocidente - do protagonista ser especial e querer achar seu lugar no mundo - mas sim dela pensar no coletivo do seu povo e principalmente sua família, através de uma jornada interna dela com ela mesma. E também tem um tom mais sóbrio, por que o foco é mostrar como a personagem principal é introvertida. As pessoas ainda tem essa visão de que um live action é a mesma coisa ou tem que ser a mesma coisa que a animação só que com pessoas reais (ou CGI), pessoal tá muito mal acostumado. Meu maior problema com o filme talvez seja que, se eles queriam trazer algo pra "celebrar" a cultura chinesa e trazer um olhar chinês da história, que eles tivessem escalado uma diretora chinesa, roteiristas chineses e uma equipe técnica chinesa. Tem muitas mulheres por trás, mas todas brancas. Fora isso, o filme tem sim seu valor e as pessoas deveriam assistir com mente aberta e querendo ver uma historia diferente e tendo sua própria alma.
Eu creio que o filme poderia ter encerrado á perfeição e amarrando um roteiro impecável principalmente com a temática de "viagem no tempo/causa e efeito". Se não fosse por aquela última cena. Eu sinto como se aquilo fosse apenas os roteiristas ou o diretor brincando com esse elemento de efeito borboleta (ou dando deixa pra continuação). Sendo que o filme estava pra entregar um roteiro estruturalmente e simbolicamente extraordinário, de uma maneira até poética. De que, no final das contas, tudo está ligado mesmo. Somos protagonistas de um mundo que vai sendo devorado por um presente que não sabe que será passado e quer construir um futuro sem olhar para trás. O ser humano é a criatura mais contraditória, e também um estudo sobre a criação de personagens desde a gênese, passando por possibilidades de definir suas personalidades e altera-las. É algo que eu nunca vi tão bem feito em um filme. Alguns podem dizer que tem muitos furos de roteiro (algo típico com filme desse tipo) ou que a última cena não tem lógica alguma dentro do que foi proposto nas possibilidades do filme, e eu digo que sim, tem sim lógica. Que se revisitadas com atenção você entende. Eu realmente não encontrei nenhuma contradição ou "forçação de barra" durante o filme todo (furos de roteiro são irrelevantes aqui). Mas a última cena realmente deixou um vácuo em um aspecto narrativo. Talvez seja só algo que me deixou extremamente revoltado. Mas o desenvolvimento do filme até aquele ponto é feito de forma maestral, então não vai pesar muito no meu conceito. Já tem mais de 12 horas que eu assisti o filme e ele continua na minha cabeça, realmente tem elementos semióticos que eu nunca vi em um filme, algo realmente original. E as atuações são boas em um nível que você esquece que é um filme. É surreal de imersivo. O começa caminha lentamente mas do meio em diante vira um espetáculo de viradas e tensões de um terror psicológico em sua melhor forma.
"Preciso ter sempre uma música em algum lugar da minha cabeça, mantém o equilíbrio das coisas. A música faz isso. Preenche as coisas. Quanto mais música existe no mundo mais completo ele é".
Se o filme não tinha me conquistado até essa fala, depois dela me conquistou. Um filme baseado numa peça que parece que não tá indo pra lugar nenhum mas com tanta coisa pra dizer. É corajoso. Que trata a música como o combustível para uma reflexão profunda sobre racismo, ambição e a fragilidade do artista num meio movido pelo lucro. Chadwick Boseman e Viola Davis soltando faíscas em cena. Mas elogiar as atuações deles é chover no molhado. Só digo que eles entregaram algumas das melhores cenas do ano.
Não vou dizer que num sentido de linguagem é tão diferente assim do que a gente já tá acostumado no gênero, mas tematicamente com certeza. Totalmente na curva por um lado e fora dela ao mesmo tempo, e tem um encerramento muito bom.
Esse é o quinto filme que eu assisto com o Choi Woo Shik, deve ser um dos atores em ascensão na Coréia do Sul, não pra menos, ele é bastante versátil em caracterização mesmo relativamente jovem. O filme é o típico caso de quebra de narrativa, não chega a ser plot twist, mas a trama segue um rumo inesperado. As atuações em sua maioria são boas, algumas nem tanto mas nada a ponto de te tirar do filme. É um grande experimento de algo mais fantasioso e de super-poderes e surpreendentemente funcionou no final, e os efeitos realmente estão muito bons considerando o low bugdet. A primeira metade enrola mas quando chega a segunda valeu a pena esperar. Não é o típico caso de filme inovador mas é bem feito, e o roteiro é bem decente. E não fica um sentimento de que o filme está incompleto mesmo sendo a "Parte 1". Ele tem uma conclusão própria, só deixa algumas coisas pra interpretação mas dá pra encarar de forma simbólica e poderia encerrar ali mesmo.
Começou a Era de Prata das animações com pé na porta. Estavam apresentando animações mais leves depois da Segunda Guerra e Cinderella talvez seja o que mais representa a ascensão da Disney como contos de fantasia. A personagem principal é a verdadeira encarnação do que é ser bom e altruísta. Embora só se fale das princesas da renascença quando se fala de empoderamento, Cinderella é talvez o maior símbolo de resiliência e força dentre todas as princesas. A história é muito simplória, é basicamente como qualquer livrinho infantil da Cinderella, tanto que 1 terço do filme é só ambientação e apresentação de personagens secundários. Mas eles encorparam o filme de forma bem interessante. As músicas são boas, o ritmo é muito funcional, e os personagens são carismáticos. Talvez seja um dos filmes mais subestimados dentre os clássicos, mas ele é genuinamente funcional em te trazer leveza e identificação.
Não acho que seja uma das animações mais fraca da era de ouro, é apenas bastante conceitual em comparação. Tem momentos quase que psicodélicos e a história em si demora a engatar. Tem uns momentos evil de carga dramática que apesar de bem tristes (quase chorei) acaba soando não tão natural. Ainda é divertido e sentimental mas em questão de linguagem o filme demora pra entregar o que veio a ser.
Uma hora e dez minutos de bichinhos sendo fofos. E que comece a fórmula da Disney pra dominar o coração de todo mundo. A história é simplória de trajetória do Bambi enfrentando uma bruta realidade de viver em terras de caçadores. Momentos diabolicamente tristes e animais fofinhos e isso é o suficiente pra te prender.
Se hoje ele é superado em técnica, roteiro e quesito personalidade de princesa e de personagens no geral, ainda mantém a "magia" de ser o primeiro longa-metragem em animação. O filme que começou um legado. A qualidade da animação envelheceu muito bem e funciona quase como uma capsula no tempo, e o visual é autêntico. Obs: A cena da Rainha Má se transformando é realmente assustadora.
Evidentemente almeja ser um ponto fora da curva, filme quiçá sombrio do universo dos X-Men, como focado em personagens adolescentes, naturalmente conturbados e passíveis de oscilar. Tem, de fato, bons elementos na trama repleta de obscuridades, sentimentos de culpa e medo diante da necessidade de crescer e simultaneamente aprender a lidar com impulsos autodestrutivos que ganham outra dimensão quando há poderes especiais envolvidos. O filme soube muito bem como se apresentar conceitualmente e como ele trasnmite a mensagem. Nesse lugar das possibilidades, por exemplo, há o amor entre as meninas que encontram um pouco de afeto na companhia uma da outra. Ou o sofredor de classe operária que tem de aprender a perdoar-se para ajudar os companheiros de ocasião a vencer. Uma jornada de suprir os medos para que não afete aqueles que você se importa. Assim sendo, embora pontue algumas escolhas superficialmente diferentes, Os Novos Mutantes acaba se tornando mais do mesmo, um longa-metragem no qual alguém tem de entender logo que grandes poderes acarretam reponsabilidades equivalentes. Os atravessamentos normais dessa fase de transição, não são mais que sinalizações. O fator super-poderes dos personagens hora parece como um veículo para o que o personagem tá enfretando hora deixa os desenvolvimento dos jovens ainda mais caótico e fervilhoso, mas no fim das contas é tudo muito relapso e passageiro. O filme tenta provocar um viés escuro, menos heroico, que quer expor falhas, ranhuras e rachaduras e ele sabe prender muito sua atenção com isso. Entretanto, é inconsistente e amarra tudo numa apoteose cartártica em que o amadurecimento vem repentinamente, no tranco, diante do perigo. Eu sinto como se o filme tivesse um grande buraco cortado no "recheio". As viradas de roteiro pra história prosseguir acontecem todos já no terceiro ato, o que deixou o filme muito objetivo, para o bem ou para o mal.
É um pouco clichê de viagem do tempo o cara volta pro passado pra salvar a mulher amada no futuro e coisa e tal, poderia ser melhor, mas aí inventaram um plot twist no final que deixou a história muito confusa, mas dá pra passar o tempo sim.
É uma pena que a produção de origem televisiva nunca possua o nível técnico dos maiores criadores da animação cinematográfica. A abertura no fundo do mar carrega traços simplistas, ao passo que o novo personagem, o rei esverdeado, ostenta uma construção de corpo, roupa e cabelos limitada. Esse 3D feioso não ajuda nem um pouco. É triste ver que até em franquias tão conhecidas, a reformulação pro 3D é inevitável. Ressalvas à parte, o projeto transita muito bem entre a animação e o live action, oferecendo piadas hilárias a atores cada vez mais dispostos a parodiar suas personas. A intensa cena musical, a paródia da canção inspiradora (uma clara fachada para os heróis seguirem a aventura) e a sequência alucinógena em cassinos reforçam a sensação de que a saga sem encontra muito além, em termos estéticos e narrativos, da média das criações infantis. Que outra trama familiar permitiria aos heróis (uma esponja, afinal) se embebedar numa festança inconsequente e acordar mergulhado no próprio vômito? A ingenuidade funciona melhor no cinema quando se percebe o quão absurdo é ser ingênuo nos dias de hoje.
Assim como qualquer documentário, esse serve pra explorar alguns tabus, específicamente com a indústria de K-pop. Boa parte das pessoas acreditam que seja uma indústria extremamente enlatada e que os artistas são vistos mais como produtos do que como artistas (acho que esse pessoal nunca cruzou como o pop ocidental). Na real, é muito trabalho e esforço envolvido, numa idade que um artista ocidental jamais imaginaria, e conseguiria quase que de mão beijada. É um estudo cultural ver como se constroem esses artistas e eles escolheram o grupo certo pra apresentar isso.
Não é meu filme favorito das animações Disney, mas é um dos mais divertidos e bem produzidos. A historia é bastante voltada para o público ocidental. Porque adivinhem!? Foi feita no ocidente, e não só isso, foi feito pela Disney, aquela que faz pastiche em miniatura do mundo inteiro e é isso. Não dá pra criar uma história autenticamente chinesa a não ser que seja feita na China ou com pessoas chinesas envolvidas no mínimo. Dado isso, a trama é muito sobre a personagem se descobrir e achar seu lugar no mundo e muito desse individualismo típico de histórias ocidentais, e também da Era da Renascença como um todo. É por isso que o público chinês não se identificou tanto na época já que eles não tem tanto disso. A personagem é muito carismática e identificável, obviamente, mas não é minha princesa favorita (continua sendo a Bela), até porque ela não é uma, ser princesa da Disney é literalmente uma marca licenciável e não uma categoria de desenvolvimento de personagem ou um título, então eles tiveram que encaixa-la de alguma forma. O personagem do Mushu é meio que sem sentido dentro da história, mas é claro que a Disney precisava criar um mascote promocional pra vender brinquedos usando um dos maiores símbolos da cultura chinesa (É o mesmo estúdio que olhou pras gárgulas em 'O Corcunda de Notre Dame' e falou "vamo bota pra cantarkkk"), soa muito mais desnecessário, eles já tinham o grilinho Gri-Li e o cavalo, e como alivio cômico já tinham o trio Chien-Po, e sem a presença desse personagem talvez a jornada da Mulan fosse mais desafiadora e interessante, mas enfim. Ainda assim foi um filme que marcou minha infância, Mulan é uma das melhores personagens da Disney, qualquer crítica ao retrato da cultura chinesa é válida, só que não exclusivamente apenas á Mulan. E claro, levando em consideração a época que foi lançado e o público que eles queriam atingir.
Ao decorrer do filme eu fiquei me perguntando o tempo todo "mas que porra é essa? Sobre o que é esse filme". Mas assim que terminou ficou claro. Que a proposta do filme era transmitir a mesma sensação que os personagens estavam passando. Isso através de trabalhos de câmera, atuação dos personagens, o ambiente, tudo pra transmitir o mais completo estranhamento, desconforto e enfermidade. Dito isso, funcionou completamente. Mas dependendo de como você assiste e da ocasião, pode apenas soar um filme que não acontece nada e você perde o interesse. Eu particularmente estava investido então no final parecia que eu tava tão louco no LSD quantos os personagens. É impossível chegar ao "clímax" e você não se sentir intrigado. Esse filme é uma verdadeira "guerra às drogas", visto que a real não é tão legitima e tem outro objetivo.
As intenções do roteiro parecem confusos a princípio. Parece apenas uma trama de adolescentes descontraídos abobalhada, mas conforme o filme avança e alguns eventos acontecem o filme vira outra história. E essa transição funciona muito bem e te deixa investido. As motivações dos personagens são meio inconsistentes mas você compra que é só jovens que já eram bem problemáticos. As interações também são bem palpáveis a partir de então, o que era desinteressante no início, te prende ao decorrer. Vale a assistida em uma noite sem nada pra fazer, é o ponto de adrenalina na medida certa.
Trouxe algo mais sóbrio do Super-Homem, e também menos pretensioso do que as últimas animações do azulão. Mas surpreendentemente menos leve do que pensei que seria, é violento na medida certa. É uma história de maturação mais básica, não reconta toda a origem novamente mas a história foca bastante na máxima de estrangeirismo do Clark perante o mundo. Trouxeram elementos básicos do personagem, Lex Luthor, Lois Lane, Martha e Johnatan Kent, e trouxeram pra um universo contemporâneo e atual que funcionou bem. Caçador de Marte e Lobo tem participações pontuais e servem pra ser o contrapeso de sentimento de criaturas além da Terra pra mensagem que o roteiro aborda. Esse novo traço meio 'Archer' com animações de baixo orçamento do YouTube, eu achei que poderia ser fraco mas funcionou muito bem, as linhas de contornos grossas podem incomodar algumas pessoas mas você acaba se acostumando. A movimentação é bem flácida, o visual todo é bem feito e com bastante identidade. O ponto fraco talvez tenha sido a atuação dos personagens, mas melhora com o decorrer. O enredo é bem simplório, até os diálogos deixam um pouco a desejar. Mas funciona como uma aventura descontraida que tenta trazer de volta os valores e símbolos do personagem pra variar (algo que é sempre bom já que não sabem fazer nada onde o Super-Homem não seja um vilão, porque aparentemente a audiência tem a mentalidade do Lex Luthor). Não é uma animação pra sedimentar um início de universo necessariamente depois do fim dos baseados nos Novos 52 (amém) ou algo do tipo, e eu gostei disso, é mais pra dar espaço pra coisas diferentes e trazer o Super mais pra dentro de seu próprios conflitos e valores. Não é nada inovador mas já dá pra tirar o gosto horrível da boca que "Entre a Foice e o Martelo" deixou.
Não sei se eu gostei do filme. Mas eu claramente fiquei bastante impactado. Tecnicamente ele é excelente e sofisticado, e ao menos com uma linguagem bastante brasileira. Mesmo baseado em fatos, então obviamente não teria algo muito simbólico mas sim tudo é de forma crua mesmo, eu ainda sinto que tem algo mais romantizado na mensagem e como ele fortifica o lugar-comum no que diz respeito a representação, então não sei se gostei muito disso. Mas é incontestávelmente uma obra completa bem feita e totalmente brasileira.
Obs: A sequência inicial da câmera acompanhando a galinha numa jornada de desespero, THIS IS POETIC CINEMA.
Eu me perguntava antes de ver, do porquê esse filme escolhido pra tentar uma vaga ao Oscar de 2020 e não Bacurau.. Primeiro que Bacurau não havia estreado nos EUA. Segundo que esse é um filme com história bem mais clássica com uma trama mais tradicional, enquanto Bacurau é algo muito regional e local. A produção e a edição do filme são ótimos, todo o aspecto técnico é muito bom. Fernanda Montenegro aparece nos últimos 10 minutos mas destrói na atuação (se a Anne Hathaway aparecendo 5 minutos em Os Miseráveis ganhou um Oscar, acho que podemos dar pra Fernanda kk) Meu problema com o filme talvez seja forma como é retratado os homens no filme. Todos são muito caricaturais e bidimensionais, já que se comparado a mensagem que o filme tá querendo passar, sobre abuso que mulheres sofrem ao longo da vida principalmente em um contexto mais remoto, acaba tirando um pouco do peso. Já que se força a se desprender daquela realidade. Parece que são só homens idiotas, quando na verdade existem homens bem mais intelectualizados que podem ser pior. A premissa e o que eles querem passar é bastante realística, então eu esperava que fossem melhores trabalhados nesse sentido. Mas fora isso o filme é charmoso e tem um visual bonito e uma historia envolvente com o decorrer.
É inegavelmente ruim, mas ele abraça tanto o fato de ser um grande pastiche de super-heróis, especialmente da Marvel e da DC. Que acabou se tornando um marco da infância de muitos. É quase um trash moderno consciente e divertido.
A Caminho da Lua
3.4 279Parece que o filme tem alguns conceitos, mas não consegue levar esses conceitos ao fundo. A coisas só acontecem e você não tem um senso de construção. Metade do filme funciona e tem elementos legais mas depois descarrilha completamente as convenções de filmes da Disney genéricos, ou até como os cínicos e agitados da Illumination, soou bastante derivativo. Pelo menos as músicas são muito boas, principalmente as temas. As outras deixaram o filme com excesso de cenas cantadas.
Mulher-Maravilha 1984
3.0 1,4K Assista AgoraEm breve resumo. Basicamente elevou as coisas que eu não tinha gostado no primeiro e achei a direção/texto do filme pouco inspirados. Diana tem um desenvolvimento fraco dentro do argumento, que é basicamente sobre o Steve e Maxwell Lord, ficando à deriva do conflito narrativo desses dois personagens, o que deixou a personagem da Diana muito vulnerável e sem uma grande participação no desenvolvimento. Eu creio que não tem nada sobre ela diretamente na história, objetivamente. E a lição da personagem é completamente repetida em sem sentido. Martelando um conflito que deveria ter acabado no primeiro filme. Os dois personagens masculinos tem seus momentos importantes pro valor textual do filme, mas que na conclusão desconstrói o foco total desses elementos. O que o primeiro tinha feito com maestria, que era trazer um tom e uma ambientação ao mesmo tempo sóbria mas também fantástica e otimista, trazendo tudo que faz uma história de super-heróis ser especial entrelaçado com o arco da Diana. Aqui soa piegas, no sentido negativo. A solução da passagem de conflito do filme parece redação do fundamental, vazia, superficial e sem consequências. Barbara Minerva tem uma motivação ridícula, mesmo que a entrega da personagem tenha sido bem legal. Gal Gadot assim como no primeiro estava completamente decente em entrega do papel. Só que se um ela estava mais limitada, no outro ela fez o máximo que podia com um enredo fraco. Esse filme me fez até gostar mais do primeiro.
POV: O jeito é revisitar o primeiro trailer do filme que é um dos melhores de blockbusters sem dúvidas. E apreciar hipoteticamente o filme.
As Mortes de Dick Johnson
3.8 36 Assista AgoraNão gosto quando a diretora lida como pura e universalmente emocional uma parada que é inevitavelmente muito narcisista, não só por isso detesto metade das passagens de As Mortes de Dick Johnson, nas outras como qualquer pessoa com um coração adorei a delicadeza desse personagem.
Cidade Pássaro
3.4 26 Assista AgoraTenho fraco pra histórias que são sobre língua e (não)comunicação por causa dela, desde Babel uns anos atrás até O Fim da Viagem, O Começo de Tudo, dos meus preferidos do ano passado. Esse aqui em São Paulo ainda por cima, a tal Cidade Pássaro do título. Atuação show do OC Ukeje.
Mulan
3.2 1,0K Assista AgoraPela forma como o pessoal pirou da cabeça na internet com esse filme, eu até tava esperando que eles tivessem se arriscado até demais pra fazer algo diferente da animação e que tem uma narrativa totalmente alterada. O que é algo bom, porque se tem uma coisas que esses live action não estavam tendo era personalidade. Mas não, não é uma narrativa completamente diferente, acontece as ações principais da animação, mas o meio pra chegar naquelas ações são diferentes. Eu gostei de como mostrou o lado da Mulan e sua responsabilidade com a família. Dela se descobrir aos poucos. Só senti falta dela falar mais, o filme foca muito nas ações mas não tanto nos diálogos. Mas eu adorei a performance dela, é uma atuação mais contemplativa e introspectiva que funcionou perfeitamente, e tem muitos closes no rosto que passa a atuação mais minimalista mas que você entende perfeitamente. Ela pode não ser tão divertida quanto da animação, mas ainda assim passou até mais essa ambientação de contos orientais. Lá no oriente as pessoas costumam ser mais reservadas mesmo. Tanto que não tem algo muito comum nos filmes no ocidente que é o alívio cômico. A protagonista apesar de não ser uma Mulan tão carismática quanto era ela no desenho, ela tava procurando força dentro dela mesmo e é disso que o filme se trata. A presença da entidade da Fênix eu achei meio mau feito, que não passa direito a mensagem e que apresentasse algo que eles estavam esperando. O filme passa uma mensagem de empoderamento só que de uma maneira diferente. Eu esperava que fosse ser um beabá típico de feminismo que geralmente tem nesses filmes, mas surpreendentemente não é. Muitos criticaram ela ser poderosa desde o início e blábláblá (a mesma baboseira de reclamação que foi com Capitã Marvel, como se tudo fosse sobre jornada do herói e tem que acontecer de forma gradativa aos pouquinhos). A questão não é ela ter o poder ou não, a questão é discutir que se ela tem esse potencial, porque ela não pode? Eu gostei muito pelo desenvolvimento do roteiro. Nos outros live action, ou é algo muito preso na animação, desesperados pra chegar naquela cena ou fala que as pessoas querem ver, ou é algo copia e cola mesmo que tá ali pra fazer dinheiro na cara de pau. Tem Mogli que seguiu uma historia totalmente diferente, e Mulan seguiu mais nessa linha. Mesmo que no final ele tentou agradar todo mundo e no final não agradou quase ninguém. Nem o publico chinês nem o ocidental. Pelo menos ele tá tentando fazer não só uma coisa diferente mas também de não só pegar formulinha jogando frase de efeito e seguindo, sem ter desenvolvimento do assunto. A vilã tem um papel fundamental no processo da Mulan, que tem um arco muito interessante de querer ser aceita na sociedade e ter aprovação não só masculina mas também da sociedade no geral. É uma jornada parecida com a da Mulan, mas sem ser seduzida pelo poder e se corromper. Mas ela poderia ter sido melhor explorada e não só servir pra jornada da Mulan.
Não é um filme que foi feito pra ser no formato ocidental da Disney e no tom que estamos acostumados, não tem um alívio cômico, não tem aquela abordagem tão individualista do ocidente - do protagonista ser especial e querer achar seu lugar no mundo - mas sim dela pensar no coletivo do seu povo e principalmente sua família, através de uma jornada interna dela com ela mesma. E também tem um tom mais sóbrio, por que o foco é mostrar como a personagem principal é introvertida. As pessoas ainda tem essa visão de que um live action é a mesma coisa ou tem que ser a mesma coisa que a animação só que com pessoas reais (ou CGI), pessoal tá muito mal acostumado. Meu maior problema com o filme talvez seja que, se eles queriam trazer algo pra "celebrar" a cultura chinesa e trazer um olhar chinês da história, que eles tivessem escalado uma diretora chinesa, roteiristas chineses e uma equipe técnica chinesa. Tem muitas mulheres por trás, mas todas brancas. Fora isso, o filme tem sim seu valor e as pessoas deveriam assistir com mente aberta e querendo ver uma historia diferente e tendo sua própria alma.
A Ligação
3.6 514 Assista AgoraEu creio que o filme poderia ter encerrado á perfeição e amarrando um roteiro impecável principalmente com a temática de "viagem no tempo/causa e efeito". Se não fosse por aquela última cena. Eu sinto como se aquilo fosse apenas os roteiristas ou o diretor brincando com esse elemento de efeito borboleta (ou dando deixa pra continuação). Sendo que o filme estava pra entregar um roteiro estruturalmente e simbolicamente extraordinário, de uma maneira até poética. De que, no final das contas, tudo está ligado mesmo. Somos protagonistas de um mundo que vai sendo devorado por um presente que não sabe que será passado e quer construir um futuro sem olhar para trás. O ser humano é a criatura mais contraditória, e também um estudo sobre a criação de personagens desde a gênese, passando por possibilidades de definir suas personalidades e altera-las. É algo que eu nunca vi tão bem feito em um filme. Alguns podem dizer que tem muitos furos de roteiro (algo típico com filme desse tipo) ou que a última cena não tem lógica alguma dentro do que foi proposto nas possibilidades do filme, e eu digo que sim, tem sim lógica. Que se revisitadas com atenção você entende.
Eu realmente não encontrei nenhuma contradição ou "forçação de barra" durante o filme todo (furos de roteiro são irrelevantes aqui). Mas a última cena realmente deixou um vácuo em um aspecto narrativo. Talvez seja só algo que me deixou extremamente revoltado. Mas o desenvolvimento do filme até aquele ponto é feito de forma maestral, então não vai pesar muito no meu conceito. Já tem mais de 12 horas que eu assisti o filme e ele continua na minha cabeça, realmente tem elementos semióticos que eu nunca vi em um filme, algo realmente original. E as atuações são boas em um nível que você esquece que é um filme. É surreal de imersivo. O começa caminha lentamente mas do meio em diante vira um espetáculo de viradas e tensões de um terror psicológico em sua melhor forma.
A Voz Suprema do Blues
3.5 541 Assista Agora"Preciso ter sempre uma música em algum lugar da minha cabeça, mantém o equilíbrio das coisas. A música faz isso. Preenche as coisas. Quanto mais música existe no mundo mais completo ele é".
Se o filme não tinha me conquistado até essa fala, depois dela me conquistou. Um filme baseado numa peça que parece que não tá indo pra lugar nenhum mas com tanta coisa pra dizer. É corajoso. Que trata a música como o combustível para uma reflexão profunda sobre racismo, ambição e a fragilidade do artista num meio movido pelo lucro. Chadwick Boseman e Viola Davis soltando faíscas em cena. Mas elogiar as atuações deles é chover no molhado. Só digo que eles entregaram algumas das melhores cenas do ano.
O Que Ficou Para Trás
3.6 510 Assista AgoraNão vou dizer que num sentido de linguagem é tão diferente assim do que a gente já tá acostumado no gênero, mas tematicamente com certeza. Totalmente na curva por um lado e fora dela ao mesmo tempo, e tem um encerramento muito bom.
A Bruxa: Parte 1 - A Subversão
3.8 95 Assista AgoraEsse é o quinto filme que eu assisto com o Choi Woo Shik, deve ser um dos atores em ascensão na Coréia do Sul, não pra menos, ele é bastante versátil em caracterização mesmo relativamente jovem. O filme é o típico caso de quebra de narrativa, não chega a ser plot twist, mas a trama segue um rumo inesperado. As atuações em sua maioria são boas, algumas nem tanto mas nada a ponto de te tirar do filme. É um grande experimento de algo mais fantasioso e de super-poderes e surpreendentemente funcionou no final, e os efeitos realmente estão muito bons considerando o low bugdet. A primeira metade enrola mas quando chega a segunda valeu a pena esperar. Não é o típico caso de filme inovador mas é bem feito, e o roteiro é bem decente. E não fica um sentimento de que o filme está incompleto mesmo sendo a "Parte 1". Ele tem uma conclusão própria, só deixa algumas coisas pra interpretação mas dá pra encarar de forma simbólica e poderia encerrar ali mesmo.
Cinderela
3.7 452 Assista AgoraComeçou a Era de Prata das animações com pé na porta. Estavam apresentando animações mais leves depois da Segunda Guerra e Cinderella talvez seja o que mais representa a ascensão da Disney como contos de fantasia. A personagem principal é a verdadeira encarnação do que é ser bom e altruísta. Embora só se fale das princesas da renascença quando se fala de empoderamento, Cinderella é talvez o maior símbolo de resiliência e força dentre todas as princesas. A história é muito simplória, é basicamente como qualquer livrinho infantil da Cinderella, tanto que 1 terço do filme é só ambientação e apresentação de personagens secundários. Mas eles encorparam o filme de forma bem interessante. As músicas são boas, o ritmo é muito funcional, e os personagens são carismáticos. Talvez seja um dos filmes mais subestimados dentre os clássicos, mas ele é genuinamente funcional em te trazer leveza e identificação.
Dumbo
3.6 413 Assista AgoraNão acho que seja uma das animações mais fraca da era de ouro, é apenas bastante conceitual em comparação. Tem momentos quase que psicodélicos e a história em si demora a engatar. Tem uns momentos evil de carga dramática que apesar de bem tristes (quase chorei) acaba soando não tão natural. Ainda é divertido e sentimental mas em questão de linguagem o filme demora pra entregar o que veio a ser.
Bambi
3.5 440 Assista AgoraUma hora e dez minutos de bichinhos sendo fofos. E que comece a fórmula da Disney pra dominar o coração de todo mundo. A história é simplória de trajetória do Bambi enfrentando uma bruta realidade de viver em terras de caçadores. Momentos diabolicamente tristes e animais fofinhos e isso é o suficiente pra te prender.
Branca de Neve e os Sete Anões
3.8 712Se hoje ele é superado em técnica, roteiro e quesito personalidade de princesa e de personagens no geral, ainda mantém a "magia" de ser o primeiro longa-metragem em animação. O filme que começou um legado. A qualidade da animação envelheceu muito bem e funciona quase como uma capsula no tempo, e o visual é autêntico. Obs: A cena da Rainha Má se transformando é realmente assustadora.
Os Novos Mutantes
2.6 719 Assista AgoraEvidentemente almeja ser um ponto fora da curva, filme quiçá sombrio do universo dos X-Men, como focado em personagens adolescentes, naturalmente conturbados e passíveis de oscilar. Tem, de fato, bons elementos na trama repleta de obscuridades, sentimentos de culpa e medo diante da necessidade de crescer e simultaneamente aprender a lidar com impulsos autodestrutivos que ganham outra dimensão quando há poderes especiais envolvidos. O filme soube muito bem como se apresentar conceitualmente e como ele trasnmite a mensagem. Nesse lugar das possibilidades, por exemplo, há o amor entre as meninas que encontram um pouco de afeto na companhia uma da outra. Ou o sofredor de classe operária que tem de aprender a perdoar-se para ajudar os companheiros de ocasião a vencer. Uma jornada de suprir os medos para que não afete aqueles que você se importa. Assim sendo, embora pontue algumas escolhas superficialmente diferentes, Os Novos Mutantes acaba se tornando mais do mesmo, um longa-metragem no qual alguém tem de entender logo que grandes poderes acarretam reponsabilidades equivalentes. Os atravessamentos normais dessa fase de transição, não são mais que sinalizações. O fator super-poderes dos personagens hora parece como um veículo para o que o personagem tá enfretando hora deixa os desenvolvimento dos jovens ainda mais caótico e fervilhoso, mas no fim das contas é tudo muito relapso e passageiro. O filme tenta provocar um viés escuro, menos heroico, que quer expor falhas, ranhuras e rachaduras e ele sabe prender muito sua atenção com isso. Entretanto, é inconsistente e amarra tudo numa apoteose cartártica em que o amadurecimento vem repentinamente, no tranco, diante do perigo. Eu sinto como se o filme tivesse um grande buraco cortado no "recheio". As viradas de roteiro pra história prosseguir acontecem todos já no terceiro ato, o que deixou o filme muito objetivo, para o bem ou para o mal.
Looper: Assassinos do Futuro
3.6 2,1KÉ um pouco clichê de viagem do tempo o cara volta pro passado pra salvar a mulher amada no futuro e coisa e tal, poderia ser melhor, mas aí inventaram um plot twist no final que deixou a história muito confusa, mas dá pra passar o tempo sim.
Bob Esponja: O Incrível Resgate
3.3 140 Assista AgoraÉ uma pena que a produção de origem televisiva nunca possua o nível técnico dos maiores criadores da animação cinematográfica. A abertura no fundo do mar carrega traços simplistas, ao passo que o novo personagem, o rei esverdeado, ostenta uma construção de corpo, roupa e cabelos limitada. Esse 3D feioso não ajuda nem um pouco. É triste ver que até em franquias tão conhecidas, a reformulação pro 3D é inevitável. Ressalvas à parte, o projeto transita muito bem entre a animação e o live action, oferecendo piadas hilárias a atores cada vez mais dispostos a parodiar suas personas. A intensa cena musical, a paródia da canção inspiradora (uma clara fachada para os heróis seguirem a aventura) e a sequência alucinógena em cassinos reforçam a sensação de que a saga sem encontra muito além, em termos estéticos e narrativos, da média das criações infantis. Que outra trama familiar permitiria aos heróis (uma esponja, afinal) se embebedar numa festança inconsequente e acordar mergulhado no próprio vômito? A ingenuidade funciona melhor no cinema quando se percebe o quão absurdo é ser ingênuo nos dias de hoje.
BLACKPINK: Light Up the Sky
3.9 83Assim como qualquer documentário, esse serve pra explorar alguns tabus, específicamente com a indústria de K-pop. Boa parte das pessoas acreditam que seja uma indústria extremamente enlatada e que os artistas são vistos mais como produtos do que como artistas (acho que esse pessoal nunca cruzou como o pop ocidental). Na real, é muito trabalho e esforço envolvido, numa idade que um artista ocidental jamais imaginaria, e conseguiria quase que de mão beijada. É um estudo cultural ver como se constroem esses artistas e eles escolheram o grupo certo pra apresentar isso.
Mulan
4.2 1,1K Assista AgoraNão é meu filme favorito das animações Disney, mas é um dos mais divertidos e bem produzidos. A historia é bastante voltada para o público ocidental. Porque adivinhem!? Foi feita no ocidente, e não só isso, foi feito pela Disney, aquela que faz pastiche em miniatura do mundo inteiro e é isso. Não dá pra criar uma história autenticamente chinesa a não ser que seja feita na China ou com pessoas chinesas envolvidas no mínimo. Dado isso, a trama é muito sobre a personagem se descobrir e achar seu lugar no mundo e muito desse individualismo típico de histórias ocidentais, e também da Era da Renascença como um todo. É por isso que o público chinês não se identificou tanto na época já que eles não tem tanto disso. A personagem é muito carismática e identificável, obviamente, mas não é minha princesa favorita (continua sendo a Bela), até porque ela não é uma, ser princesa da Disney é literalmente uma marca licenciável e não uma categoria de desenvolvimento de personagem ou um título, então eles tiveram que encaixa-la de alguma forma. O personagem do Mushu é meio que sem sentido dentro da história, mas é claro que a Disney precisava criar um mascote promocional pra vender brinquedos usando um dos maiores símbolos da cultura chinesa (É o mesmo estúdio que olhou pras gárgulas em 'O Corcunda de Notre Dame' e falou "vamo bota pra cantarkkk"), soa muito mais desnecessário, eles já tinham o grilinho Gri-Li e o cavalo, e como alivio cômico já tinham o trio Chien-Po, e sem a presença desse personagem talvez a jornada da Mulan fosse mais desafiadora e interessante, mas enfim. Ainda assim foi um filme que marcou minha infância, Mulan é uma das melhores personagens da Disney, qualquer crítica ao retrato da cultura chinesa é válida, só que não exclusivamente apenas á Mulan. E claro, levando em consideração a época que foi lançado e o público que eles queriam atingir.
Clímax
3.6 1,1K Assista AgoraAo decorrer do filme eu fiquei me perguntando o tempo todo "mas que porra é essa? Sobre o que é esse filme". Mas assim que terminou ficou claro. Que a proposta do filme era transmitir a mesma sensação que os personagens estavam passando. Isso através de trabalhos de câmera, atuação dos personagens, o ambiente, tudo pra transmitir o mais completo estranhamento, desconforto e enfermidade. Dito isso, funcionou completamente. Mas dependendo de como você assiste e da ocasião, pode apenas soar um filme que não acontece nada e você perde o interesse. Eu particularmente estava investido então no final parecia que eu tava tão louco no LSD quantos os personagens. É impossível chegar ao "clímax" e você não se sentir intrigado. Esse filme é uma verdadeira "guerra às drogas", visto que a real não é tão legitima e tem outro objetivo.
Tempos Obscuros
3.3 266As intenções do roteiro parecem confusos a princípio. Parece apenas uma trama de adolescentes descontraídos abobalhada, mas conforme o filme avança e alguns eventos acontecem o filme vira outra história. E essa transição funciona muito bem e te deixa investido. As motivações dos personagens são meio inconsistentes mas você compra que é só jovens que já eram bem problemáticos. As interações também são bem palpáveis a partir de então, o que era desinteressante no início, te prende ao decorrer. Vale a assistida em uma noite sem nada pra fazer, é o ponto de adrenalina na medida certa.
Superman: O Homem do Amanhã
3.2 71 Assista AgoraTrouxe algo mais sóbrio do Super-Homem, e também menos pretensioso do que as últimas animações do azulão. Mas surpreendentemente menos leve do que pensei que seria, é violento na medida certa. É uma história de maturação mais básica, não reconta toda a origem novamente mas a história foca bastante na máxima de estrangeirismo do Clark perante o mundo. Trouxeram elementos básicos do personagem, Lex Luthor, Lois Lane, Martha e Johnatan Kent, e trouxeram pra um universo contemporâneo e atual que funcionou bem. Caçador de Marte e Lobo tem participações pontuais e servem pra ser o contrapeso de sentimento de criaturas além da Terra pra mensagem que o roteiro aborda. Esse novo traço meio 'Archer' com animações de baixo orçamento do YouTube, eu achei que poderia ser fraco mas funcionou muito bem, as linhas de contornos grossas podem incomodar algumas pessoas mas você acaba se acostumando. A movimentação é bem flácida, o visual todo é bem feito e com bastante identidade. O ponto fraco talvez tenha sido a atuação dos personagens, mas melhora com o decorrer.
O enredo é bem simplório, até os diálogos deixam um pouco a desejar. Mas funciona como uma aventura descontraida que tenta trazer de volta os valores e símbolos do personagem pra variar (algo que é sempre bom já que não sabem fazer nada onde o Super-Homem não seja um vilão, porque aparentemente a audiência tem a mentalidade do Lex Luthor). Não é uma animação pra sedimentar um início de universo necessariamente depois do fim dos baseados nos Novos 52 (amém) ou algo do tipo, e eu gostei disso, é mais pra dar espaço pra coisas diferentes e trazer o Super mais pra dentro de seu próprios conflitos e valores. Não é nada inovador mas já dá pra tirar o gosto horrível da boca que "Entre a Foice e o Martelo" deixou.
Cidade de Deus
4.2 1,8K Assista AgoraNão sei se eu gostei do filme. Mas eu claramente fiquei bastante impactado. Tecnicamente ele é excelente e sofisticado, e ao menos com uma linguagem bastante brasileira. Mesmo baseado em fatos, então obviamente não teria algo muito simbólico mas sim tudo é de forma crua mesmo, eu ainda sinto que tem algo mais romantizado na mensagem e como ele fortifica o lugar-comum no que diz respeito a representação, então não sei se gostei muito disso. Mas é incontestávelmente uma obra completa bem feita e totalmente brasileira.
Obs: A sequência inicial da câmera acompanhando a galinha numa jornada de desespero, THIS IS POETIC CINEMA.
A Vida Invisível
4.3 642Eu me perguntava antes de ver, do porquê esse filme escolhido pra tentar uma vaga ao Oscar de 2020 e não Bacurau.. Primeiro que Bacurau não havia estreado nos EUA. Segundo que esse é um filme com história bem mais clássica com uma trama mais tradicional, enquanto Bacurau é algo muito regional e local. A produção e a edição do filme são ótimos, todo o aspecto técnico é muito bom. Fernanda Montenegro aparece nos últimos 10 minutos mas destrói na atuação (se a Anne Hathaway aparecendo 5 minutos em Os Miseráveis ganhou um Oscar, acho que podemos dar pra Fernanda kk) Meu problema com o filme talvez seja forma como é retratado os homens no filme. Todos são muito caricaturais e bidimensionais, já que se comparado a mensagem que o filme tá querendo passar, sobre abuso que mulheres sofrem ao longo da vida principalmente em um contexto mais remoto, acaba tirando um pouco do peso. Já que se força a se desprender daquela realidade. Parece que são só homens idiotas, quando na verdade existem homens bem mais intelectualizados que podem ser pior. A premissa e o que eles querem passar é bastante realística, então eu esperava que fossem melhores trabalhados nesse sentido. Mas fora isso o filme é charmoso e tem um visual bonito e uma historia envolvente com o decorrer.
Sky High: Super Escola de Heróis
2.7 363 Assista AgoraÉ inegavelmente ruim, mas ele abraça tanto o fato de ser um grande pastiche de super-heróis, especialmente da Marvel e da DC. Que acabou se tornando um marco da infância de muitos. É quase um trash moderno consciente e divertido.