O impacto que se tem de assistir esse filme em 2019 - que é onde a trama do filme se passa - é assustador. Pois conversa diretamente e indiretamente com a trama real em que vivemos, principalmente do Brasil de 2019 (incluindo ser um ano antes da olimpíadas em Tóquio, PQP). Quando eu assisti ocasionalmente no início do ano, tinha gostado muito simplesmente pelo visual estarrecedor de uma animação feita inteiramente à mão com 24qps, com uma das paletas de cores mais ricas que já vi em um filme animado, e pela crescente megalomania de um roteiro nem um pouco superficial. Mas a ambientação ganha outro significado quando revisitado já no fim do mesmo ano: Vemos um mundo assolado pelo anticientificismo, extremismos religiosos, golpes de estado, terrorismo, drogas sintéticas, governos preocupados apenas em dados econômicos, estados atuando contra seu próprio povo, e uma população cada vez mais revoltosa e sem perspectivas. As pessoas cada vez mais desiludidas buscam messianismo desesperadamente seja no dinheiro, em políticos, no militarismo, ou em uma força sobrenatural que elas nem ao menos entendem. (Só faltou o engajamento causado nas pessoas em redes sociais com mentiras ditas propositalmente, porque o absurdo e a vontade de criar tumulto, são uma estratégia de governo...mas enfim, o filme já tá além disso).
Akira defitivamente me parece não estar apenas abordando outro futuro cyberpunk passado em 2019, mas sim de uma projeção real. E por mais desastrosa que possa ser essa realidade, ainda dá um toque de esperança sobre nossa evolução.
Além de ser uma sátira a filmes religiosos em um estilo sketch de humor ala Hermes e Renato, com um humor modesto mas funcional, também satiriza a necessidade que as pesssoas tem de seguir idolos e modelos de vida idealizados, e que as pessoas tem que pensar por elas mesmas, pois somos indíviduos e diferentes. E mistura o pior lado da idolatria, que é quando nos subjugamos e nos entregamos a correntes influenciadoras abandonando nossa personalidade em prol de uma consciência de rebanho. E que basta alguém ser honesto com sua personalidade que já será o suficiente pra te destacar no meio da multidão plastificada. E o final mostra que essa idolatria prejudica até o "Messias" em questão, mesmo ele não tendo nada a ver com isso.
É um dos poucos ou talvez o único filme taranrigido pelo Diretino que eu realmente acho ruim. A idéia de homenagem ao cinema B trash é interessante por um ponto de vista conceitual do filme. Mas ignorando isso e analisando ele por si só, ele parece um episódio ruim de uma série antológica genérica. Ainda tem cenas incríveis e bem encaixadas que deixa a marca do diretor e boas atuações. Mas é um filme extremamente vazio, que se não fosse do Tarantino ninguém se lembraria da existência.
Se por um lado 'Batman vs Superman' tentou muito embarcar em um estilo e tom específico voltado para um público menos amplo. Liga da Justiça tenta fazer o oposto de forma esquizofrênica. Os personagens tem uma mudança brusca na abordagem e tom. O roteiro não é nada demais, é bem leviano e cheio de diferentes elementos de forma rasa que o acabou o enquadrando no "gênero" padrão de filmes de super-heróis, um pouco de tudo pra alcançar o máximo de público possível, sem tanta ou quase nenhuma identidade (Isso já é bem comum atualmente). E como não era um universo devidamente estabelecido, ficou completamente esquecível, e isso fica mais discrepante se levar em conta de ser o primeiro filme da Liga da Justiça.
Tentou transmitir mais identidade e só por isso já é um grande mérito. Porém tinha muitas coisas pré-determinadas pra abordar por questões cronológicas e de ser parte de um universo compartilhado e seriado que precisa aparar coisas do passado e traçar ganchos para o futuro, e também amarrar pontas soltas, e isso acabou minando muito do potencial do filme, deixando com um ritmo frenético, especialmente o primeiro ato, e sofreu com algumas manias do estúdio de não confiar no seu próprio peso e heroísmo em certos momentos. Não é um filme revolucionário da temática de super-heróis, mas consegue se destacar e trazer seu próprio estilo e identidade, e isso pra mim conta muito.
É tão absurdo quanto parece, é um filme que quer ofender todo mundo. Se você não gosta de esteriótipos raciais, ataques a religião ou simplesmente não acha esse tipo de piada engraçado, eu diria que esse filme não é o seu tipo. Mas eu particularmente gostei de algumas coisas, não pelas piadas ofenderem, até porque eu também não gosto desse tipo de humor, e sim como eles representam com comida algumas situações e personalidades que a gente já está bem acostumado a ver e fazendo comentário social com isso, principalmente o parelelo com religiões e crenças. Mas não espere sutilezas ou piadas super inteligentes, é tudo facilmente digerido e os personagens são os mais unidimensionais possíveis. Poderia ter sido muito melhor se eles tivesse trabalhado melhor o roteiro e saído dessa zona de conforto de fazer piadinhas racistas e sobre orgãos sexuais, que pra mim são as menos engraçadas, quando o filme ultrapassa isso e desprende mais dessa idéia ele traz coisas melhores à mesa. Como trabalhar como um filme de terror quando são levados pelos humanos ou "deuses", que foi o ponto alto do filme pra mim e poderia ter tido mais. No mais, é um filme original o suficiente pra usar a animação pra explorar todo o nível de absurdez, eles inovam muito no conceito e premissa, mas o humor não consegue seguir isso.
Mais um filme de superexposição de Damian Wayne nesse universo animado da DC inspirado nos Novos 52. Tudo que envolve ele é tão forçado que me faz pensar que ele é uma autosátira ambulante do próprio Batman (o que explicaria tudo e poderia fazer dele potencialmente interessante) e só por isso eu não odeio o personagem. O roteiro do filme é muito fraco, os personagens não são muito bem apresentados e desenvolvidos. Até tentam criar um momento de interação com eles, mas se estende demais com eles só fazendo coisas, não dialogando muito ou demostrando suas personalidades (exceto o Damian). A participação da Liga da Justiça é gratuitíssima e não agrega em nada. Tem resoluções muito bobas com o vilão e é bem raso. Uma animação bastante comercial e sem muita concepção.
A idéia é muito boa que poderia apresentar todo o conceito da Batfamília, mas é executada de forma fraca. Os personagens não são tão simpatizáveis, pelo menos ao ponto de nos importamos com eles, e foram apresentados de forma muito corrida, e os que já haviam sido apresentados ficaram jogados (mas a tara sexual do Dick Grayson e por quem quer que seja sua namorada continuam intactos e completamente gratuitos ainda). Deixar pra revelar o vilão e seu plano no meio pro final do filme talvez tenha sido um erro, poderia ter desenvolvido bem mais desse plot, que no geral acabou ficando genérico.
Bom, eu já sabia que esse filme iria ser problemático desde o anúncio, quem me conhece sabe o quanto eu avisei. A propósito, as pessoas deveriam me dar mais créditos pois sempre quando eu falo que um filme vai ser uma merda, ele é uma merda. Mas como eu não quero só ficar me validando, bem resumidamente: eu só senti vergonha alheia e raiva com o desrespeito vendo esse filme. Que quer se achar prestigioso por ser de CGI e chupa a animação de todas as formas. Uma animação que envelheceu muito bem e não precisa de um remake que a maioria vai esquecer no dia seguinte. Dá pra aproveitar as músicas e olhe lá. Parabéns ratolândia, mais bilhões na conta de forma preguiçosa e fácil para sua grande necessidade de ter só franquias imensas.
Traz um elemento bem familiar nas histórias (inclusive animadas) da DC, que é ter uma história fechada com seu próprio universo, próprio estilo e próprio tom - apesar de trazer muito do traço do universo animado clássico - e remete muito o fator multiverso bem típico da DC. Inicialmente, você espera que em algum momento esta realidade se cruze com a realidade que já conhecemos, mas isso não acontece. Mas o que se mostra uma grata surpresa, mostra que o filme tá empenhado em desenvolver seus próprio universo. E isso acontece, os arcos da santíssima trindade dessa realidade são bem interessantes e construídos. Aprofunda mais os personagens que de início pareciam ser superficiais e malfeitores agindo como heróis. Mas com o decorrer vão se desenrolando com flashbacks em paralelo. O principal problema talvez seja na trama principal em si. Isso porque ela remete muito a trama de Watchmen, só que sem fazer a motivação do vilão parecer tão palpável. Inclusive a reviravolta e a fraqueza dessa motivação acaba te tirando da história e deixou o final muito aberto. Mas é uma animação que pega as características mais violentas e adultas das outras animações e constrói uma trama bem engajante, que é um prato cheio pra quem gosta desse lado delas.
A animação se encaixa perfeitamente no contexto em que na maioria das vezes enxerga-se o Super nos dias de hoje. Como um super-herói chato, moralista e clichê, ou simplesmente ultrapassado com seu heroismo clássico e otimista (em mundo corrompido onde não existem simplesmente pessoas legais que querem salvar os outros…). Esse é um dos muitos problemas dos ditos fãs de cultura pop no geral. Parece que as pessoas não entendem o que consomem e não atentam para o reais valores desses produtos. Mas isso diz mais sobre nós do que sobre o que consumimos, então, é a vida. O que inclusive leva ao fato desse ser um dos filmes animados mais subestimados e esquecidos da DC, talvez se deve muito pelo traço mais cartunesco e não tão cisudo, com isso afastando as pessoas. Mas que na verdade é muito boa, é bastante fluída, colorida e tá interligado com a proposta. A trama encapsula os elementos mais característicos do Super-Homem, contrapondo com seus conflitos sobre sua utilidade no mundo e como ele se designa atuar em um mundo comum tendo os poderes que tem, ao mesmo tempo que o desconstrói com seu ponto de virada. É uma trama bem madura e o ritmo é bem eficiente, onde o roteiro consegue o mínimo de desenvolvimento dos personagens. Ainda vai ter toda as lutas massaveias que se espera do herói, mas de forma mais colorida e criativa. Esse é o filme que legítima e ressalta a importância do Super-Homem, principalmente nesse era de ouro 2.0 dos super-heróis em que vivemos (principalmente no cinema onde ele é cada vez mais distanciado, ou simplesmente esquecido), e também o porquê de eu gostar tanto do personagem.
O roteiro é bem dividido e constrói uma trama muito instigante nessa primeira parte. Traz algumas características das HQs de forma bem traduzida. É um filme bem violento e sobrecarregado. Alguns elementos foram modificados. Na HQ, por exemplo, todo o debate que acontece na TV acaba se tornando cansativo de acompanhar, mas na animação eles transpuseram de forma mais dinâmica, e com pontos de vista bastante diferentes entre si e igualmente questionados, o que eu achei bem legal. Porém é uma animação, que apesar de ser bastante bem produzida no traço, não é tão visualmente criativa e interessnte, a propósito, é uma animação bastante desanimada, o fundo não se mexe, e pra uma produção como essa não chega a ser tão admirável. Quiseram deixar o mais sóbrio possível para atrair o público maior e o seu prestígio. É uma boa adaptação de uma história tão renomada, que embora tenha retirado alguns conflitos de personagens que poderia deixar a história mais completa, principalmente porque daria mais urgência e substância para o Super-Homem, que pelos céus! aqui está quase tão caricato e vazio quanto no quadrinho, na verdade até mais. Mas essa é adaptação de uma HQ do Frank Miller, então obviamente ele terá o Super-Homem mais mascote do governo e tirano possível. Mas apesar de tudo, é uma história simplificada e mais dinâmica que ainda tem a essência de sua história.
A idéia é muito boa, e por 2/3 do filme te deixa completamente engajado. Apresentam rapidamente os personagens, as motivações, o porquê que entraram no mundo crime e partem logo para a invasão sem enrolação nenhuma. O suspense e terror são muito bem construídos e crescem no decorrer do filme, que te faz se conectar com ambientação da cena e emular ações dos personagens, a respiração com certeza diminui assistindo para não ser ouvido. Mas o filme não conseguiu parar enquanto ainda estava por cima e se estendeu demais esses elementos. Tem uma sequência no final que é completamente desnecessária e parece muita enrolação. Colocaram uma subtrama no meio que é basicamente jogada do nada e não faz muito sentido, não exploram muita coisa. O que faz você ter que parar de pensar para poder fazer sentido, e acabou soando com um plot-twist pra encher linguiça. Há algumas inconveniências que aparecem com frequência que servem pra movimentar a trama, como o cachorro que só aparece quando precisam aumentar o suspense, ou que o vilão era só um velhinho cego e mais frágil e em outros momentos parece o próprio MacGuyver, ou Demolidor. As atuações tão muito boas e carregam o filme de certa forma, já que é um filme de terror bastante contido. É um filme muito envolvente e com suspense bem construído com recursos interessantes, mas se apoia muito em o público não questionar certas decisões para as peças poderem se encaixar.
O início do filme é muito bem feito, traz uma curiosidade e principalmente medo ao descobrir a real ameaça do ambiente. Mas o filme sofre um problema grave de ritmo, que por ser de terror, acaba prejudicando muito. A narrativa começa a ficar muito arrastada e com diálogos expositivos, que circulam o enredo o tempo todo sem necessidade. É bem atuado, bem produzido e a premissa é acertada. Mas faltou objetividade para trama, que tenta ser mais sofisticada que o filme original e até ao livro base, tratar como a sociedade lida com a morte e perdas, mas com isso tiraram o foco da história em si e acabou tendo uma conclusão superficial.
Eu já conhecia o filme, do que se tratava e até os personagens por osmose. Um musical burlesco de terror e ficçao científica onde todos literalmente se pegam. Porém não sabia que tinha uma participação do Meat Loaf como Riff Raff, então obviamente eu me senti obrigado a conferir. (E quanto a todos se pegarem, eu estava redondamente certo, pqp, não é nada tão explícito, mas é um grande orgião.) A trama é simples demais mais envolta de elementos bizarríssimos e controvérsios. Era ótimo quando os anos 70/80 faziam tudo sem o menor pudor colocando a identidade acima de seguir alguns padrões. As músicas são emblemáticas (só poderiam ser cantadas por pessoas mais talentosas vocalmente). É um filme farofão divertido pra assistir com amigos, músicas legais, personagens excêntricos e de boa qualidade técnica pra época, é a completa definição de um SHOW DE HORRORES.
É um exemplo muito bom de terror PG-13 (não sabia que tinha essa classificação😱). As cenas de terror são na verdade mais angustiantes do que assustadoras, apesar de não faltar o segundo. E talvez por isso não caia muito no gosto do público, que sempre procura por o máximo de terror possível, ou pelo menos gore. Conseguiu criar um terror sem o uso escrachados de elementos de terror muito usados, não tem quase nenhum jumpscare ou violência extrema. O foco é na construção de angústia visual a sonora, que ativa qualquer ansiedade do que ser assustador, e te deixa nervoso mesmo tudo acontecendo lentamente. Os personagens são ok, típico de adolescentes nesses filmes, porém bem atuados (teriam a exata mesma reação que eu teria na ocasião) e com um background para eles para o mínimo de contexto. Exceto talvez por Ramón Morales, tanto o desenvolvimento quanto a atuação são razas ou vazias, que se limita a ele ser o imigrante não-branco. As criaturas que surgem são completamente aleatórias, mas isso fez parte do charme do filme, que queria remeter ao um medo infantil que imagina coisas meio absurdas sem muita violência. É muito bem produzido, como um bom filme angustiante, parte da qualidade se deve a movimentação de câmera muito precisa junto com os personagens e a trilha sonora que amedronta tanto quanto a própria cena. No mais, o filme é completamente satisfatório pra quem se satifaz com qualquer abordagem de filmes de terror - nesse caso mais visualmente instigante, menos manipulador e menos violento - e devia respingar essa capacidade em outras obras. Em uma era onde um grande estúdio com grande poder de influência com filmes PG-13, sanitiza tudo tornando um grande espetáculo livre pra toda a família.
É uma versão introdutória legal para quem não conhece muito do personagem, bem melhor do que já tivemos em live action. Mas não explora muito bem sua origem como Hal Jordan até receber o manto e foca mais na jornada de aprendizado como herói (que é o que todo mundo quer ver). Sinestro é o único além de Hal que tem um destaque considerável, infelizmente, mas ele está muito bem e completamente sádico aqui, deixando a dúvida de como ninguém desconfiou de suas intenções ainda. Enfim, é uma animação divertida e sem rodeios, com cenas de ações muito boas(e também muita morte) apesar de não ser tão legal e envolvente quanto o anterior 'Mulher-Maravilha'. Pena que depois disso voltariamos a ter uma overdose de animações do Batman. É a vida...
Por mais que o filme tenha ficado de certa forma datado, tenha um humor pastelão, e com muitos arquétipos. Com certeza o que faz ele ser tão memorável, são as atuações dos atores. Todo o elenco é muito bom, com as expressões, as falas bem marcadas e muitas ênfases que torna o filme bastante engraçado e você não se cansa de assistir. Isso tudo ainda com a trilha sonora bastante característica da época que combina perfeitamente, algumas músicas ficaram ainda mais famosas por conta do filme. E não é apenas um besterol sem propósito, ele tem uma história que deixa tudo melhor e mais amarrado. Uma eterna referência da comédia.
Fico me perguntando o porquê um filme que já era fechado e que já não era tão espetacular narrativamente ter ganhado uma sequênc...Ah é, money. Tem um visual clássico de fantasia e com tom leve típico de contos de fadas, mas que repete todas as batidas do primeiro com uma conclusão muito parecida (exceto aquele negócio que acontece com o rei, onde eles não quiseram dar a mesma solução por medo de soar muito gay pra uma fantasia da Disney rs). Eles acrescentam coisas muito legais, mas são completamente eclipsados pela genériquisse que beira o brega. Angelina Jolie tá impecável como sempre mas não aprofundaram tanto ela como no anterior. E Michelle Pfeiffer também faz o seu melhor pra dar mais substância como vilã. O filme é muito parecido com um conto infantil e se desvenciliou totalmente do ar mais sombrio do primeiro, sequência genérica engessada padrão Disney. Com direto a filtro desaturado e tudo. Não é ruim, os atores, os figurinos, e as cenas de ação são o ponto alto. É um genérico decente e assistível, que as crianças com certeza vão gostar.
Tem um visual super colorido, com uma bem-vinda estilização cinquentista no pacato bairro do Limoeiro. Mas a história é completamente anacrônica e poderia se passar em qualquer ano dos últimos 80 anos. E isso ajuda a dar o tom de fantasia infantil que a narrativa precisa. Combina muito com as características da trama sobre a importância da amizade em detrimento de diferenças. Os personagens principais são retratados de forma preservada com sua pureza mas a ingenuidade delas vai até determinado ponto, não sendo extrapolada e, portanto, caracterizando a infância sem com isso fazer delas figuras bobas ou inverossímeis. O filme carrega diversas referências ao universo da Turma da Mônica, que junto dos cenários coloridos te trazem uma imersividade grande à adaptação desse mundo. As características de cada um são bem marcantes e bem retratadas, apesar do Cascão e Magali ficarem renegados a se resumir em suas maiores caraterísticas, já que os maiores dramas são entre Cebolinha e Mônica. Mas todos os quatros superam um desafio em seus arcos, dando um ponto de desenvolvimento pra cada um deles, e afastando dos arquétipos de cada um. Em algumas cenas, principalmente cenas onde os personagens choram, são feitas com planos muito longos e desnecessários, e isso me incomodou no filme. Mas ainda é um filme cativante e divertido de acompanhar. Os cenários são muito agradáveis a maior parte do tempo, ao mesmo tempo que soa fantasioso, por ser muito bonito, também é muito simples e palpável. Você sabe o quanto um diretor é talentoso quando ele dirige filmes como Tropa de Elite e adiante esse, Turma da f*cking Mônica. O que mostra muita versatilidade. Esse é um dos grandes feitos do cinema nacional de uma adaptação que é basicamente cultural e todo mundo gosta, retratado de forma apaixonante e digna, que você espera uma continuação o quanto antes, pois tem muita coisa pra ser mostrada desse universo ainda.
O longa é completamente sustentado pela atuação do protagonista, Joaquin Phoenix está completamente incorporado em uma pessoa mentalmente e físicamente flagelada. Ao ponto de ser tão realístico, que o faz pensar estar vendo um documentário. Ele entrega toda a corporalidade de uma pessoa afetada que apresenta alguns distúrbios, fora todo o trabalho estético. A escolha de cenários, cores e iluminação torna tudo ainda mais imersivo. Mas o que sobra além disso para achar que esse filme foi ou não competente em sua proposta? Bom, aparentemente o filme criou uma aura de obra imaculada imune a pensamento crítico, onde qualquer um que sustentasse uma opinião adversa pode ser violentamente refutado com achismos, e o tornando em um conflito ideológico, o que só se prova o quão questionável é o viés de sua mensagem. Em contrapartida ao brilhantismo visual e atuações, ele é basicamente um exercício de referências de filmes muito melhores que ele, e não é nem de longe tão impactante quanto impressões alegavam, a não ser claro por sua mensagem errônea e mal intencionada. De um homem ferozmente corrompido pela sociedade, que abre mão de sua própria sanidade e abraça todo o pandemônio que o carrega... Mas o filme não consegue encontrar o mais importante dele: a essência, a sua própria essência, algo profundo ou algo próprio pra abordar o seu protagonista. Então o filme fica praticamente apenas como um pastiche do cinema da Nova Hollywood e não tem nenhuma voz própria. Exceto claro retratar os feitos, e todo o enredo do Coringa de forma irresponsável. ‘Coringa’ faz o dever de casa bem emulando o clima e a atmosfera desse tipo de filme, mas a direção dele é medíocre ao ponto de banalizar, exagerar e ficar refém de recursos como a trilha sonora porque não sabe construir a dramaticidade do filme. Muito me espanta um filme que se vende como tão "realista", "olha como eu sou artístico" e "adulto" a cada instante e precisa gritar da forma mais exagerada isso acabando como uma obra juvenil. Com todos esses elementos inseridos tenta disfarçar o quanto ele é vazio usando os recursos batidos de um jeito exagerado num exercício de atmosfera que não atinge ponto nenhum de concreto. Sendo TOTALMENTE dependente da atuação maravilhosa do Joaquin. que ao mesmo tempo que eleva o filme e é banalizada pelo longa por tantos momentos sensacionalistas em que o filme cria que ele "MOSTRE COMO É UM ATOR INCRÍVEL". Tanto as críticas sociais quanto o estudo do seu personagem são profundamente infelizes e rasos. A questão não é a violência ou o filme ser violento ou ele ter um protagonista de caráter duvidoso, MAS é a forma como o filme conduz isso... O filme coloca todo o arco do protagonista como uma jornada de conquista. Dessa forma, é difícil negar as acusações que o filme romantiza o Coringa (e por consequência, os homens violentos que ele representa), quando ele constantemente tenta fazer dele digno de sua simpatia e ainda termina por glorificá-lo, cheia de pompa representando seus crimes como atos de libertação e autodescoberta, com muito pouco ou nada para indicar ironia, culminando na aceitação do protagonista como um “profeta do caos”. Independente da possibilidade de tal abordagem influenciar ou não potenciais psicopatas ou pessoas com desequilíbrio mentais. (Que é sustentada pela forma como obras fictícias influenciam diretamente, mesmo que mínimo, na cultura da sociedade ao qual ele está introduzindo e consequemente as pessoas. Afinal, filmes no período da Segunda Guerra Mundial eram constantemente usados como meios de propaganda por exemplo, isso se fragmentou ao longo dos anos, mas é só uma prova de que cinema é nada mais nada menos que um veículo de massa, o que atinge mesmo que minímamente seu público.) Mas isso não te isenta de receber críticas e apontar a problemática de uma história. Você achar que se sente incomodado com isso pode não ser incoerência sua com a situação, mas sim incoerência do enredo. Como a abordagem do Todd Philipps do seu protagonista resulta problemas morais muito sérios e que são verdadeiros, eu realmente vejo um filme que humaniza e simpatiza ao extremo com o seu personagem principal quase que totalmente e tenta disfarçar isso pontualmente mas é só um disfarce, então acaba não sendo apenas um problema de leitura do público e sim de abordagem do filme. Filme esse que faz leituras políticas muito rasas na crítica social que o inclui. Enfim, estão aplaudindo muito ‘Coringa’ como um filme de super-herói "diferente" e "original" (sendo que ele é igual e inferior a vários outros filmes dos anos 70 melhores que ele mas enfim) como "agora sim os filmes de super herói ficaram profundos", criando uma narrativa de quanto mais afastado de elementos do gênero, melhor e mais relevante ele se torna. Mas se tem uma coisa pra mim que é claro que esse filme não é, mesmo que tente ao máximo parecer, é profundo. E ao tentar parecer tão assim e de uma maneira tão forçada acaba sendo mais irritante. Não é ruim. Mas também não é tudo isso.
Eu realmente demorei a assistir a esse filme por simplesmente não esperar algo tão grande de um filme desse tipo, mesmo com as críticas bem positivas dele na época. Mas enfim, foi um erro porque o filme é realmente bom. Além de contar com um ótimo roteiro que te prende de forma quase que trapaceira e ótimas interpretações, ele também é visualmente interessante e bem filmado, conseguindo ir da comédia ao drama de forma eficiente em segundos em cenas belíssimas, e também agoniantes. A cinematografia que registra os exageros dos anos 80 sem perder a mão, e a trilha sonora, marcada pelas seleções em fita cassete do protagonista, também são pontos altos (vou fingir que já não conhecia as músicas e procurar por elas pra ouvir k k k) são tanto músicas brasileiras quanto internacionais e eu acho que isso retratou de uma forma bem mais realista os anos 80 brasileiro, pelo menos musicalmente. É sempre surpreendente quando filmes brasileiros contam com uma atuação nesse nível e tão visceral. Fora a trama de degradação física e mental, e cobiça do protagonista, tem todas as referências de personagens brasileiros no mundo televisivo, com atuações equivalentes. Ademais, propõe um exame sobre a cultura pop brasileira, sobretudo aquela dos anos 80, concluindo seu caráter carnavalesco e por vezes erótico, seu vínculo aos programas de auditório da TV aberta e os pontos que o distinguem do público norte-americano, por mais que recorrentemente os cânones do pop norte-americanos sejam a fôrma da nossa indústria do pop. Em resumo, é um grande filme, cinema nacional de altíssima qualidade e uma obra que mostra que nem só de Wagner Moura e crônicas de desigualdade social se faz o cinema brazuca. Soa meio que batido citar isso toda vez em caso de bons filmes brasileiros sendo feitos, mas é inegável o receio que brasileiro tem com obras brasileiras por achar que vai ser o típico besterol descabeçado, que só realça esteriótipos brasileiros e sem profundidade (como se só obras brasileiras tivesse fadada a isso), enquanto muitas vezes o público é exatamente condizente com aquilo que tá sendo retratado. Mas o filme soube utilizar tão bem esses arquétipos a favor da trama, contornando, e eu achei isso sensacional. Dito isso, recomendo com força.
Os elementos de cyberpunk e até a concepção de um futuro calcado nas previsões mais arrojadas e pessimistas são muito bem apresentadas aqui, e traz uma identidade visual legal ao filme, e te deixa imerso naquele universo e suas características. Mas o roteiro não tem tanta identidade assim. Eles basicamente tornam a história pra rodar em torno da protagonista, deixando de lado o contexto maior e reflexivo da história, questionando os limites do que significa a vida e o que a tecnologia avançada pode trazer pra sociedade nesse aspecto, tudo isso em uma sociedade que não tem medo nenhum de testar os limites dela, a do Japão propriamente. Daí a adaptação ocidental o torna mais "palátavel" para seu público, traz um enredo básico, que fala de uma troca de identidade, passados roubados e conspiração industrial, deixa o filme insuficiente diante de tamanhas possibilidades apresentadas. O que o tornou bem genérico, e traz mais ação imediata, tornando a ameaça do ciberterrorismo em uma investigação criminal. Uma escalação de elenco as vezes diz muito sobre a obra em si, pois optam por fazer um pachiche de protagonista de ação ocidental, que acaba remetendo a uma mescla dos 3 personagens mais conhecidos da Scarlett Johansson, tirando qualquer chance de trazer algo mais original. Os personagens acabam sendo unidimensionais na maior parte do tempo, e na tentativa de dar a impressão que tá servindo pra algo toda aquele conceito, eles mastigam algumas metáforas muito bem feitas no original, e fazem os personagens cuspirem uma frase aqui e ali que acabou deixando piegas. O que é frustante, pois toda a iconografia, trilha sonora e ambientação do filme é muito deslumbrante e cativante, com inserções digitais incríveis. Mas optarem seguirem o seguro sem a personalidade do original, onde a "concha" envolve mas falta a "alma".
Passando aqui novamente só pra tirar meia estrela desse filme, pois eu não sabia até então que usaram o filme - que era pra mostrar o malefício industrial na natureza - pra DIVULGAR UMA CARALHA DE UM COMERCIAL DE *CARROS*. Eu tô perplexo com a audácia e o desrespeito desses produtores. Lide com minha meia estrela super relevante seu estúdio milionário pitoresco u.u
Akira
4.3 869 Assista AgoraO impacto que se tem de assistir esse filme em 2019 - que é onde a trama do filme se passa - é assustador. Pois conversa diretamente e indiretamente com a trama real em que vivemos, principalmente do Brasil de 2019 (incluindo ser um ano antes da olimpíadas em Tóquio, PQP). Quando eu assisti ocasionalmente no início do ano, tinha gostado muito simplesmente pelo visual estarrecedor de uma animação feita inteiramente à mão com 24qps, com uma das paletas de cores mais ricas que já vi em um filme animado, e pela crescente megalomania de um roteiro nem um pouco superficial. Mas a ambientação ganha outro significado quando revisitado já no fim do mesmo ano: Vemos um mundo assolado pelo anticientificismo, extremismos religiosos, golpes de estado, terrorismo, drogas sintéticas, governos preocupados apenas em dados econômicos, estados atuando contra seu próprio povo, e uma população cada vez mais revoltosa e sem perspectivas. As pessoas cada vez mais desiludidas buscam messianismo desesperadamente seja no dinheiro, em políticos, no militarismo, ou em uma força sobrenatural que elas nem ao menos entendem. (Só faltou o engajamento causado nas pessoas em redes sociais com mentiras ditas propositalmente, porque o absurdo e a vontade de criar tumulto, são uma estratégia de governo...mas enfim, o filme já tá além disso).
Akira defitivamente me parece não estar apenas abordando outro futuro cyberpunk passado em 2019, mas sim de uma projeção real. E por mais desastrosa que possa ser essa realidade, ainda dá um toque de esperança sobre nossa evolução.
A Vida de Brian
4.2 560 Assista AgoraAlém de ser uma sátira a filmes religiosos em um estilo sketch de humor ala Hermes e Renato, com um humor modesto mas funcional, também satiriza a necessidade que as pesssoas tem de seguir idolos e modelos de vida idealizados, e que as pessoas tem que pensar por elas mesmas, pois somos indíviduos e diferentes. E mistura o pior lado da idolatria, que é quando nos subjugamos e nos entregamos a correntes influenciadoras abandonando nossa personalidade em prol de uma consciência de rebanho. E que basta alguém ser honesto com sua personalidade que já será o suficiente pra te destacar no meio da multidão plastificada. E o final mostra que essa idolatria prejudica até o "Messias" em questão, mesmo ele não tendo nada a ver com isso.
À Prova de Morte
3.9 2,0K Assista AgoraÉ um dos poucos ou talvez o único filme taranrigido pelo Diretino que eu realmente acho ruim. A idéia de homenagem ao cinema B trash é interessante por um ponto de vista conceitual do filme. Mas ignorando isso e analisando ele por si só, ele parece um episódio ruim de uma série antológica genérica. Ainda tem cenas incríveis e bem encaixadas que deixa a marca do diretor e boas atuações. Mas é um filme extremamente vazio, que se não fosse do Tarantino ninguém se lembraria da existência.
Liga da Justiça
3.3 2,5K Assista AgoraSe por um lado 'Batman vs Superman' tentou muito embarcar em um estilo e tom específico voltado para um público menos amplo. Liga da Justiça tenta fazer o oposto de forma esquizofrênica. Os personagens tem uma mudança brusca na abordagem e tom. O roteiro não é nada demais, é bem leviano e cheio de diferentes elementos de forma rasa que o acabou o enquadrando no "gênero" padrão de filmes de super-heróis, um pouco de tudo pra alcançar o máximo de público possível, sem tanta ou quase nenhuma identidade (Isso já é bem comum atualmente). E como não era um universo devidamente estabelecido, ficou completamente esquecível, e isso fica mais discrepante se levar em conta de ser o primeiro filme da Liga da Justiça.
Thor: Ragnarok
3.7 1,9K Assista AgoraTentou transmitir mais identidade e só por isso já é um grande mérito. Porém tinha muitas coisas pré-determinadas pra abordar por questões cronológicas e de ser parte de um universo compartilhado e seriado que precisa aparar coisas do passado e traçar ganchos para o futuro, e também amarrar pontas soltas, e isso acabou minando muito do potencial do filme, deixando com um ritmo frenético, especialmente o primeiro ato, e sofreu com algumas manias do estúdio de não confiar no seu próprio peso e heroísmo em certos momentos. Não é um filme revolucionário da temática de super-heróis, mas consegue se destacar e trazer seu próprio estilo e identidade, e isso pra mim conta muito.
Festa da Salsicha
2.9 816 Assista AgoraÉ tão absurdo quanto parece, é um filme que quer ofender todo mundo. Se você não gosta de esteriótipos raciais, ataques a religião ou simplesmente não acha esse tipo de piada engraçado, eu diria que esse filme não é o seu tipo. Mas eu particularmente gostei de algumas coisas, não pelas piadas ofenderem, até porque eu também não gosto desse tipo de humor, e sim como eles representam com comida algumas situações e personalidades que a gente já está bem acostumado a ver e fazendo comentário social com isso, principalmente o parelelo com religiões e crenças. Mas não espere sutilezas ou piadas super inteligentes, é tudo facilmente digerido e os personagens são os mais unidimensionais possíveis. Poderia ter sido muito melhor se eles tivesse trabalhado melhor o roteiro e saído dessa zona de conforto de fazer piadinhas racistas e sobre orgãos sexuais, que pra mim são as menos engraçadas, quando o filme ultrapassa isso e desprende mais dessa idéia ele traz coisas melhores à mesa. Como trabalhar como um filme de terror quando são levados pelos humanos ou "deuses", que foi o ponto alto do filme pra mim e poderia ter tido mais. No mais, é um filme original o suficiente pra usar a animação pra explorar todo o nível de absurdez, eles inovam muito no conceito e premissa, mas o humor não consegue seguir isso.
Liga da Justiça vs Jovens Titãs
3.5 183 Assista AgoraMais um filme de superexposição de Damian Wayne nesse universo animado da DC inspirado nos Novos 52. Tudo que envolve ele é tão forçado que me faz pensar que ele é uma autosátira ambulante do próprio Batman (o que explicaria tudo e poderia fazer dele potencialmente interessante) e só por isso eu não odeio o personagem. O roteiro do filme é muito fraco, os personagens não são muito bem apresentados e desenvolvidos. Até tentam criar um momento de interação com eles, mas se estende demais com eles só fazendo coisas, não dialogando muito ou demostrando suas personalidades (exceto o Damian). A participação da Liga da Justiça é gratuitíssima e não agrega em nada. Tem resoluções muito bobas com o vilão e é bem raso. Uma animação bastante comercial e sem muita concepção.
Batman: Sangue Ruim
3.6 127 Assista AgoraA idéia é muito boa que poderia apresentar todo o conceito da Batfamília, mas é executada de forma fraca. Os personagens não são tão simpatizáveis, pelo menos ao ponto de nos importamos com eles, e foram apresentados de forma muito corrida, e os que já haviam sido apresentados ficaram jogados (mas a tara sexual do Dick Grayson e por quem quer que seja sua namorada continuam intactos e completamente gratuitos ainda). Deixar pra revelar o vilão e seu plano no meio pro final do filme talvez tenha sido um erro, poderia ter desenvolvido bem mais desse plot, que no geral acabou ficando genérico.
O Rei Leão
3.8 1,6K Assista AgoraBom, eu já sabia que esse filme iria ser problemático desde o anúncio, quem me conhece sabe o quanto eu avisei. A propósito, as pessoas deveriam me dar mais créditos pois sempre quando eu falo que um filme vai ser uma merda, ele é uma merda. Mas como eu não quero só ficar me validando, bem resumidamente: eu só senti vergonha alheia e
raiva com o desrespeito vendo esse filme. Que quer se achar prestigioso por ser de CGI e chupa a animação de todas as formas. Uma animação que envelheceu muito bem e não precisa de um remake que a maioria vai esquecer no dia seguinte. Dá pra aproveitar as músicas e olhe lá. Parabéns ratolândia, mais bilhões na conta de forma preguiçosa e fácil para sua grande necessidade de ter só franquias imensas.
Liga da Justiça: Deuses e Monstros
3.6 120 Assista AgoraTraz um elemento bem familiar nas histórias (inclusive animadas) da DC, que é ter uma história fechada com seu próprio universo, próprio estilo e próprio tom - apesar de trazer muito do traço do universo animado clássico - e remete muito o fator multiverso bem típico da DC. Inicialmente, você espera que em algum momento esta realidade se cruze com a realidade que já conhecemos, mas isso não acontece. Mas o que se mostra uma grata surpresa, mostra que o filme tá empenhado em desenvolver seus próprio universo. E isso acontece, os arcos da santíssima trindade dessa realidade são bem interessantes e construídos. Aprofunda mais os personagens que de início pareciam ser superficiais e malfeitores agindo como heróis. Mas com o decorrer vão se desenrolando com flashbacks em paralelo. O principal problema talvez seja na trama principal em si. Isso porque ela remete muito a trama de Watchmen, só que sem fazer a motivação do vilão parecer tão palpável. Inclusive a reviravolta e a fraqueza dessa motivação acaba te tirando da história e deixou o final muito aberto. Mas é uma animação que pega as características mais violentas e adultas das outras animações e constrói uma trama bem engajante, que é um prato cheio pra quem gosta desse lado delas.
Superman Contra a Elite
3.7 90 Assista AgoraA animação se encaixa perfeitamente no contexto em que na maioria das vezes enxerga-se o Super nos dias de hoje. Como um super-herói chato, moralista e clichê, ou simplesmente ultrapassado com seu heroismo clássico e otimista (em mundo corrompido onde não existem simplesmente pessoas legais que querem salvar os outros…). Esse é um dos muitos problemas dos ditos fãs de cultura pop no geral. Parece que as pessoas não entendem o que consomem e não atentam para o reais valores desses produtos. Mas isso diz mais sobre nós do que sobre o que consumimos, então, é a vida. O que inclusive leva ao fato desse ser um dos filmes animados mais subestimados e esquecidos da DC, talvez se deve muito pelo traço mais cartunesco e não tão cisudo, com isso afastando as pessoas. Mas que na verdade é muito boa, é bastante fluída, colorida e tá interligado com a proposta. A trama encapsula os elementos mais característicos do Super-Homem, contrapondo com seus conflitos sobre sua utilidade no mundo e como ele se designa atuar em um mundo comum tendo os poderes que tem, ao mesmo tempo que o desconstrói com seu ponto de virada. É uma trama bem madura e o ritmo é bem eficiente, onde o roteiro consegue o mínimo de desenvolvimento dos personagens. Ainda vai ter toda as lutas massaveias que se espera do herói, mas de forma mais colorida e criativa. Esse é o filme que legítima e ressalta a importância do Super-Homem, principalmente nesse era de ouro 2.0 dos super-heróis em que vivemos (principalmente no cinema onde ele é cada vez mais distanciado, ou simplesmente esquecido), e também o porquê de eu gostar tanto do personagem.
Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 1
4.2 356 Assista AgoraO roteiro é bem dividido e constrói uma trama muito instigante nessa primeira parte. Traz algumas características das HQs de forma bem traduzida. É um filme bem violento e sobrecarregado. Alguns elementos foram modificados. Na HQ, por exemplo, todo o debate que acontece na TV acaba se tornando cansativo de acompanhar, mas na animação eles transpuseram de forma mais dinâmica, e com pontos de vista bastante diferentes entre si e igualmente questionados, o que eu achei bem legal. Porém é uma animação, que apesar de ser bastante bem produzida no traço, não é tão visualmente criativa e interessnte, a propósito, é uma animação bastante desanimada, o fundo não se mexe, e pra uma produção como essa não chega a ser tão admirável. Quiseram deixar o mais sóbrio possível para atrair o público maior e o seu prestígio.
É uma boa adaptação de uma história tão renomada, que embora tenha retirado alguns conflitos de personagens que poderia deixar a história mais completa, principalmente porque daria mais urgência e substância para o Super-Homem, que pelos céus! aqui está quase tão caricato e vazio quanto no quadrinho, na verdade até mais. Mas essa é adaptação de uma HQ do Frank Miller, então obviamente ele terá o Super-Homem mais mascote do governo e tirano possível. Mas apesar de tudo, é uma história simplificada e mais dinâmica que ainda tem a essência de sua história.
O Homem nas Trevas
3.7 1,9K Assista AgoraA idéia é muito boa, e por 2/3 do filme te deixa completamente engajado. Apresentam rapidamente os personagens, as motivações, o porquê que entraram no mundo crime e partem logo para a invasão sem enrolação nenhuma. O suspense e terror são muito bem construídos e crescem no decorrer do filme, que te faz se conectar com ambientação da cena e emular ações dos personagens, a respiração com certeza diminui assistindo para não ser ouvido. Mas o filme não conseguiu parar enquanto ainda estava por cima e se estendeu demais esses elementos. Tem uma sequência no final que é completamente desnecessária e parece muita enrolação. Colocaram uma subtrama no meio que é basicamente jogada do nada e não faz muito sentido, não exploram muita coisa. O que faz você ter que parar de pensar para poder fazer sentido, e acabou soando com um plot-twist pra encher linguiça. Há algumas inconveniências que aparecem com frequência que servem pra movimentar a trama, como o cachorro que só aparece quando precisam aumentar o suspense, ou que o vilão era só um velhinho cego e mais frágil e em outros momentos parece o próprio MacGuyver, ou Demolidor. As atuações tão muito boas e carregam o filme de certa forma, já que é um filme de terror bastante contido. É um filme muito envolvente e com suspense bem construído com recursos interessantes, mas se apoia muito em o público não questionar certas decisões para as peças poderem se encaixar.
Cemitério Maldito
2.7 891O início do filme é muito bem feito, traz uma curiosidade e principalmente medo ao descobrir a real ameaça do ambiente. Mas o filme sofre um problema grave de ritmo, que por ser de terror, acaba prejudicando muito. A narrativa começa a ficar muito arrastada e com diálogos expositivos, que circulam o enredo o tempo todo sem necessidade. É bem atuado, bem produzido e a premissa é acertada. Mas faltou objetividade para trama, que tenta ser mais sofisticada que o filme original e até ao livro base, tratar como a sociedade lida com a morte e perdas, mas com isso tiraram o foco da história em si e acabou tendo uma conclusão superficial.
The Rocky Horror Picture Show
4.1 1,3K Assista AgoraEu já conhecia o filme, do que se tratava e até os personagens por osmose. Um musical burlesco de terror e ficçao científica onde todos literalmente se pegam. Porém não sabia que tinha uma participação do Meat Loaf como Riff Raff, então obviamente eu me senti obrigado a conferir. (E quanto a todos se pegarem, eu estava redondamente certo, pqp, não é nada tão explícito, mas é um grande orgião.) A trama é simples demais mais envolta de elementos bizarríssimos e controvérsios. Era ótimo quando os anos 70/80 faziam tudo sem o menor pudor colocando a identidade acima de seguir alguns padrões. As músicas são emblemáticas (só poderiam ser cantadas por pessoas mais talentosas vocalmente). É um filme farofão divertido pra assistir com amigos, músicas legais, personagens excêntricos e de boa qualidade técnica pra época, é a completa definição de um SHOW DE HORRORES.
Histórias Assustadoras para Contar no Escuro
3.1 551 Assista AgoraÉ um exemplo muito bom de terror PG-13 (não sabia que tinha essa classificação😱). As cenas de terror são na verdade mais angustiantes do que assustadoras, apesar de não faltar o segundo. E talvez por isso não caia muito no gosto do público, que sempre procura por o máximo de terror possível, ou pelo menos gore. Conseguiu criar um terror sem o uso escrachados de elementos de terror muito usados, não tem quase nenhum jumpscare ou violência extrema. O foco é na construção de angústia visual a sonora, que ativa qualquer ansiedade do que ser assustador, e te deixa nervoso mesmo tudo acontecendo lentamente. Os personagens são ok, típico de adolescentes nesses filmes, porém bem atuados (teriam a exata mesma reação que eu teria na ocasião) e com um background para eles para o mínimo de contexto. Exceto talvez por Ramón Morales, tanto o desenvolvimento quanto a atuação são razas ou vazias, que se limita a ele ser o imigrante não-branco. As criaturas que surgem são completamente aleatórias, mas isso fez parte do charme do filme, que queria remeter ao um medo infantil que imagina coisas meio absurdas sem muita violência. É muito bem produzido, como um bom filme angustiante, parte da qualidade se deve a movimentação de câmera muito precisa junto com os personagens e a trilha sonora que amedronta tanto quanto a própria cena. No mais, o filme é completamente satisfatório pra quem se satifaz com qualquer abordagem de filmes de terror - nesse caso mais visualmente instigante, menos manipulador e menos violento - e devia respingar essa capacidade em outras obras. Em uma era onde um grande estúdio com grande poder de influência com filmes PG-13, sanitiza tudo tornando um grande espetáculo livre pra toda a família.
Lanterna Verde: Primeiro Vôo
3.7 101 Assista AgoraÉ uma versão introdutória legal para quem não conhece muito do personagem, bem melhor do que já tivemos em live action. Mas não explora muito bem sua origem como Hal Jordan até receber o manto e foca mais na jornada de aprendizado como herói (que é o que todo mundo quer ver). Sinestro é o único além de Hal que tem um destaque considerável, infelizmente, mas ele está muito bem e completamente sádico aqui, deixando a dúvida de como ninguém desconfiou de suas intenções ainda. Enfim, é uma animação divertida e sem rodeios, com cenas de ações muito boas(e também muita morte) apesar de não ser tão legal e envolvente quanto o anterior 'Mulher-Maravilha'. Pena que depois disso voltariamos a ter uma overdose de animações do Batman. É a vida...
As Branquelas
3.7 3,0K Assista AgoraPor mais que o filme tenha ficado de certa forma datado, tenha um humor pastelão, e com muitos arquétipos. Com certeza o que faz ele ser tão memorável, são as atuações dos atores. Todo o elenco é muito bom, com as expressões, as falas bem marcadas e muitas ênfases que torna o filme bastante engraçado e você não se cansa de assistir. Isso tudo ainda com a trilha sonora bastante característica da época que combina perfeitamente, algumas músicas ficaram ainda mais famosas por conta do filme. E não é apenas um besterol sem propósito, ele tem uma história que deixa tudo melhor e mais amarrado. Uma eterna referência da comédia.
Malévola: Dona do Mal
3.4 617 Assista AgoraFico me perguntando o porquê um filme que já era fechado e que já não era tão espetacular narrativamente ter ganhado uma sequênc...Ah é, money. Tem um visual clássico de fantasia e com tom leve típico de contos de fadas, mas que repete todas as batidas do primeiro com uma conclusão muito parecida (exceto aquele negócio que acontece com o rei, onde eles não quiseram dar a mesma solução por medo de soar muito gay pra uma fantasia da Disney rs). Eles acrescentam coisas muito legais, mas são completamente eclipsados pela genériquisse que beira o brega. Angelina Jolie tá impecável como sempre mas não aprofundaram tanto ela como no anterior. E Michelle Pfeiffer também faz o seu melhor pra dar mais substância como vilã. O filme é muito parecido com um conto infantil e se desvenciliou totalmente do ar mais sombrio do primeiro, sequência genérica engessada padrão Disney. Com direto a filtro desaturado e tudo. Não é ruim, os atores, os figurinos, e as cenas de ação são o ponto alto. É um genérico decente e assistível, que as crianças com certeza vão gostar.
Turma da Mônica: Laços
3.6 607 Assista AgoraTem um visual super colorido, com uma bem-vinda estilização cinquentista no pacato bairro do Limoeiro. Mas a história é completamente anacrônica e poderia se passar em qualquer ano dos últimos 80 anos. E isso ajuda a dar o tom de fantasia infantil que a narrativa precisa. Combina muito com as características da trama sobre a importância da amizade em detrimento de diferenças. Os personagens principais são retratados de forma preservada com sua pureza mas a ingenuidade delas vai até determinado ponto, não sendo extrapolada e, portanto, caracterizando a infância sem com isso fazer delas figuras bobas ou inverossímeis. O filme carrega diversas referências ao universo da Turma da Mônica, que junto dos cenários coloridos te trazem uma imersividade grande à adaptação desse mundo. As características de cada um são bem marcantes e bem retratadas, apesar do Cascão e Magali ficarem renegados a se resumir em suas maiores caraterísticas, já que os maiores dramas são entre Cebolinha e Mônica. Mas todos os quatros superam um desafio em seus arcos, dando um ponto de desenvolvimento pra cada um deles, e afastando dos arquétipos de cada um. Em algumas cenas, principalmente cenas onde os personagens choram, são feitas com planos muito longos e desnecessários, e isso me incomodou no filme. Mas ainda é um filme cativante e divertido de acompanhar. Os cenários são muito agradáveis a maior parte do tempo, ao mesmo tempo que soa fantasioso, por ser muito bonito, também é muito simples e palpável. Você sabe o quanto um diretor é talentoso quando ele dirige filmes como Tropa de Elite e adiante esse, Turma da f*cking Mônica. O que mostra muita versatilidade. Esse é um dos grandes feitos do cinema nacional de uma adaptação que é basicamente cultural e todo mundo gosta, retratado de forma apaixonante e digna, que você espera uma continuação o quanto antes, pois tem muita coisa pra ser mostrada desse universo ainda.
Coringa
4.4 4,1K Assista AgoraO longa é completamente sustentado pela atuação do protagonista, Joaquin Phoenix está completamente incorporado em uma pessoa mentalmente e físicamente flagelada. Ao ponto de ser tão realístico, que o faz pensar estar vendo um documentário. Ele entrega toda a corporalidade de uma pessoa afetada que apresenta alguns distúrbios, fora todo o trabalho estético. A escolha de cenários, cores e iluminação torna tudo ainda mais imersivo. Mas o que sobra além disso para achar que esse filme foi ou não competente em sua proposta? Bom, aparentemente o filme criou uma aura de obra imaculada imune a pensamento crítico, onde qualquer um que sustentasse uma opinião adversa pode ser violentamente refutado com achismos, e o tornando em um conflito ideológico, o que só se prova o quão questionável é o viés de sua mensagem. Em contrapartida ao brilhantismo visual e atuações, ele é basicamente um exercício de referências de filmes muito melhores que ele, e não é nem de longe tão impactante quanto impressões alegavam, a não ser claro por sua mensagem errônea e mal intencionada. De um homem ferozmente corrompido pela sociedade, que abre mão de sua própria sanidade e abraça todo o pandemônio que o carrega...
Mas o filme não consegue encontrar o mais importante dele: a essência, a sua própria essência, algo profundo ou algo próprio pra abordar o seu protagonista. Então o filme fica praticamente apenas como um pastiche do cinema da Nova Hollywood e não tem nenhuma voz própria. Exceto claro retratar os feitos, e todo o enredo do Coringa de forma irresponsável. ‘Coringa’ faz o dever de casa bem emulando o clima e a atmosfera desse tipo de filme, mas a direção dele é medíocre ao ponto de banalizar, exagerar e ficar refém de recursos como a trilha sonora porque não sabe construir a dramaticidade do filme. Muito me espanta um filme que se vende como tão "realista", "olha como eu sou artístico" e "adulto" a cada instante e precisa gritar da forma mais exagerada isso acabando como uma obra juvenil.
Com todos esses elementos inseridos tenta disfarçar o quanto ele é vazio usando os recursos batidos de um jeito exagerado num exercício de atmosfera que não atinge ponto nenhum de concreto. Sendo TOTALMENTE dependente da atuação maravilhosa do Joaquin. que ao mesmo tempo que eleva o filme e é banalizada pelo longa por tantos momentos sensacionalistas em que o filme cria que ele "MOSTRE COMO É UM ATOR INCRÍVEL". Tanto as críticas sociais quanto o estudo do seu personagem são profundamente infelizes e rasos. A questão não é a violência ou o filme ser violento ou ele ter um protagonista de caráter duvidoso, MAS é a forma como o filme conduz isso... O filme coloca todo o arco do protagonista como uma jornada de conquista. Dessa forma, é difícil negar as acusações que o filme romantiza o Coringa (e por consequência, os homens violentos que ele representa), quando ele constantemente tenta fazer dele digno de sua simpatia e ainda termina por glorificá-lo, cheia de pompa representando seus crimes como atos de libertação e autodescoberta, com muito pouco ou nada para indicar ironia, culminando na aceitação do protagonista como um “profeta do caos”.
Independente da possibilidade de tal abordagem influenciar ou não potenciais psicopatas ou pessoas com desequilíbrio mentais. (Que é sustentada pela forma como obras fictícias influenciam diretamente, mesmo que mínimo, na cultura da sociedade ao qual ele está introduzindo e consequemente as pessoas. Afinal, filmes no período da Segunda Guerra Mundial eram constantemente usados como meios de propaganda por exemplo, isso se fragmentou ao longo dos anos, mas é só uma prova de que cinema é nada mais nada menos que um veículo de massa, o que atinge mesmo que minímamente seu público.) Mas isso não te isenta de receber críticas e apontar a problemática de uma história. Você achar que se sente incomodado com isso pode não ser incoerência sua com a situação, mas sim incoerência do enredo. Como a abordagem do Todd Philipps do seu protagonista resulta problemas morais muito sérios e que são verdadeiros, eu realmente vejo um filme que humaniza e simpatiza ao extremo com o seu personagem principal quase que totalmente e tenta disfarçar isso pontualmente mas é só um disfarce, então acaba não sendo apenas um problema de leitura do público e sim de abordagem do filme. Filme esse que faz leituras políticas muito rasas na crítica social que o inclui. Enfim, estão aplaudindo muito ‘Coringa’ como um filme de super-herói "diferente" e "original" (sendo que ele é igual e inferior a vários outros filmes dos anos 70 melhores que ele mas enfim) como "agora sim os filmes de super herói ficaram profundos", criando uma narrativa de quanto mais afastado de elementos do gênero, melhor e mais relevante ele se torna. Mas se tem uma coisa pra mim que é claro que esse filme não é, mesmo que tente ao máximo parecer, é profundo. E ao tentar parecer tão assim e de uma maneira tão forçada acaba sendo mais irritante. Não é ruim. Mas também não é tudo isso.
Bingo - O Rei das Manhãs
4.1 1,1K Assista AgoraEu realmente demorei a assistir a esse filme por simplesmente não esperar algo tão grande de um filme desse tipo, mesmo com as críticas bem positivas dele na época. Mas enfim, foi um erro porque o filme é realmente bom. Além de contar com um ótimo roteiro que te prende de forma quase que trapaceira e ótimas interpretações, ele também é visualmente interessante e bem filmado, conseguindo ir da comédia ao drama de forma eficiente em segundos em cenas belíssimas, e também agoniantes. A cinematografia que registra os exageros dos anos 80 sem perder a mão, e a trilha sonora, marcada pelas seleções em fita cassete do protagonista, também são pontos altos (vou fingir que já não conhecia as músicas e procurar por elas pra ouvir k k k) são tanto músicas brasileiras quanto internacionais e eu acho que isso retratou de uma forma bem mais realista os anos 80 brasileiro, pelo menos musicalmente. É sempre surpreendente quando filmes brasileiros contam com uma atuação nesse nível e tão visceral. Fora a trama de degradação física e mental, e cobiça do protagonista, tem todas as referências de personagens brasileiros no mundo televisivo, com atuações equivalentes. Ademais, propõe um exame sobre a cultura pop brasileira, sobretudo aquela dos anos 80, concluindo seu caráter carnavalesco e por vezes erótico, seu vínculo aos programas de auditório da TV aberta e os pontos que o distinguem do público norte-americano, por mais que recorrentemente os cânones do pop norte-americanos sejam a fôrma da nossa indústria do pop. Em resumo, é um grande filme, cinema nacional de altíssima qualidade e uma obra que mostra que nem só de Wagner Moura e crônicas de desigualdade social se faz o cinema brazuca. Soa meio que batido citar isso toda vez em caso de bons filmes brasileiros sendo feitos, mas é inegável o receio que brasileiro tem com obras brasileiras por achar que vai ser o típico besterol descabeçado, que só realça esteriótipos brasileiros e sem profundidade (como se só obras brasileiras tivesse fadada a isso), enquanto muitas vezes o público é exatamente condizente com aquilo que tá sendo retratado. Mas o filme soube utilizar tão bem esses arquétipos a favor da trama, contornando, e eu achei isso sensacional. Dito isso, recomendo com força.
A Vigilante do Amanhã: Ghost in the Shell
3.2 1,0K Assista AgoraOs elementos de cyberpunk e até a concepção de um futuro calcado nas previsões mais arrojadas e pessimistas são muito bem apresentadas aqui, e traz uma identidade visual legal ao filme, e te deixa imerso naquele universo e suas características. Mas o roteiro não tem tanta identidade assim. Eles basicamente tornam a história pra rodar em torno da protagonista, deixando de lado o contexto maior e reflexivo da história, questionando os limites do que significa a vida e o que a tecnologia avançada pode trazer pra sociedade nesse aspecto, tudo isso em uma sociedade que não tem medo nenhum de testar os limites dela, a do Japão propriamente. Daí a adaptação ocidental o torna mais "palátavel" para seu público, traz um enredo básico, que fala de uma troca de identidade, passados roubados e conspiração industrial, deixa o filme insuficiente diante de tamanhas possibilidades apresentadas. O que o tornou bem genérico, e traz mais ação imediata, tornando a ameaça do ciberterrorismo em uma investigação criminal. Uma escalação de elenco as vezes diz muito sobre a obra em si, pois optam por fazer um pachiche de protagonista de ação ocidental, que acaba remetendo a uma mescla dos 3 personagens mais conhecidos da Scarlett Johansson, tirando qualquer chance de trazer algo mais original. Os personagens acabam sendo unidimensionais na maior parte do tempo, e na tentativa de dar a impressão que tá servindo pra algo toda aquele conceito, eles mastigam algumas metáforas muito bem feitas no original, e fazem os personagens cuspirem uma frase aqui e ali que acabou deixando piegas. O que é frustante, pois toda a iconografia, trilha sonora e ambientação do filme é muito deslumbrante e cativante, com inserções digitais incríveis. Mas optarem seguirem o seguro sem a personalidade do original, onde a "concha" envolve mas falta a "alma".
O Lorax: Em Busca da Trúfula Perdida
3.5 762 Assista AgoraPassando aqui novamente só pra tirar meia estrela desse filme, pois eu não sabia até então que usaram o filme - que era pra mostrar o malefício industrial na natureza - pra DIVULGAR UMA CARALHA DE UM COMERCIAL DE *CARROS*. Eu tô perplexo com a audácia e o desrespeito desses produtores. Lide com minha meia estrela super relevante seu estúdio milionário pitoresco u.u