É impossível olhar para o retrato que Elefante Branco faz de uma favela argentina e não se lembrar das favelas brasileiras. O cotidiano, os problemas e a atmosfera de um lugar como este só mudam mesmo de endereço. Até porque, as causas políticas e sociais que formam as periferias e sustentam suas existências tal como são não se diferem em muita coisa de nação para nação. Neste novo trabalho de Pablo Trapero, o diretor discorre sobre os temas comumente levantados quando se fala de favelas, e os faz com apuro, ao mesmo tempo em que centraliza a camada dramática de seu retrato em personagens, digamos, mais privilegiados, que, no entanto, se sacrificam para garantir aos moradores da favela Elefante Branco (na expressão idiomática, exatamente o que o local é) melhores condições de vida.
Considerada um marco da dramaturgia brasileira, a peça de Nelson Rodrigues “Vestido de Noiva” foi encenada por montagens que modernizaram o teatro devido à sua estrutura desafiadora que desenvolve ações em três diferentes planos: o da realidade, o da alucinação e o da memória. Transpor uma obra como esta para a tela grande pode parecer aparentemente simples, já que o cinema oferece uma flexibilidade muito mais acessível para se empregar o vaivém de planos proposto por Nelson Rodrigues. Sem mencionar que a ideia soa, ao menos conceitualmente, um tanto estimulante do ponto de vista narrativo e dramático, permitindo uma exploração mais apurada das nuances deste enredo e de seus personagens.
Moonrise Kingdom é o filme mais charmoso de um diretor notável por seu charme. Meticuloso e detalhista como é, Wes Anderson jamais parece inseguro sobre o que conta, como conta ou dos penduricalhos que usa para adornar suas histórias enquanto as conta. Isto é charme. Wes Anderson jamais surge com um personagem sem dar-lhe algo de especial, sem lhe realçar uma ou mais particularidades de seu caráter. Isto é charme. Quando, no caso deste Moonrise Kingdom, personagens são ofuscados por outros, temos, como de costume, atores de peso e personalidade para interpretar os ofuscados e evitar que se eclipsem por completo. Isto é charme.
Repetida inúmeras vezes no decorrer de Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Resende, a frase “O mineiro só é solitário no câncer” se embute na mente do protagonista Edgar (José Wilker) e consequentemente em nossas mentes ao assistirmos o filme. O célebre mote do personagem é de autoria do escritor Otto Lara Resende - parte do título do longa -, amigo de Nelson Rodrigues, que então desenvolveu uma trama inteira alicerçada nesta sentença que, na verdade, esconde na ideia do mineiro o próprio Ser Humano, significando que este é solidário apenas em situações extremas, diante da desgraça do próximo.
Por mais inspirado que seja numa história e num personagem real, Boca do Lixo não me ofereceu nada além do que eu já imaginava ao ler a sinopse do projeto ou do que eu já conhecia por ter visto tantas histórias parecidas.
É curioso que o papel da diretora Maïwenn frente às câmeras em Políssia seja tanto um dos pontos negativos do filme como também o ponto de perspectiva que, se assumido por uma equipe de documentaristas, transformaria este projeto em algo muito mais interessante e sólido do que sua “versão” ficcionalizada. Pois se este premiado drama francês encontra nos irreduzíveis momentos reais sua força, em contrapartida se depara com a fragilidade naquilo que ficcionaliza ao redor de seus personagens e seus dramas pessoais.
Em muito a figura do Almirante General Aladeen se assemelha aos clássicos personagens de Sacha Baron Cohen, o rapper Ali G, o jornalista do Cazaquistão Borat e o repórter austríaco gay Brüno. O primeiro, popularizado através do genial programa de televisão Da Ali G Show, foi desperdiçado num filme apenas razoável, o Ali G Indahouse, que se atinha a um formato tradicional e pendia para o besteirol nonsense como forma de humor.
Em menos de um ano desde o lançamento daquele que lhe inspira, o fraquíssimo longa uruguaio A Casa, este A Casa Silenciosa teve sua pós-produção finalizada. Tempo recorde? Discussões sobre a falta de originalidade hollywoodiana à parte, a questão é que esta refilmagem norte-americana consegue ser pontualmente melhor do que o filme original. O que, claro, não dá razão para que a produção exista, especialmente porque, salva as pontuais melhorias, esta continua habitando o mesmo nível de mediocridade de sua matéria prima uruguaia.
A proposta de A Tentação é interessante e direta. Muito embora discussões em torno de questões religiosas e ateístas já estejam demonstrando seus traços arcaicos, o tópico ainda é relevante o suficiente para que não deixe de ser debatido, e quanto mais aprofundado e sensato o debate for, mais proveitoso e construtivo ele tende a se tornar. E talvez por sua pretensão de tocar em pontos incisivos de forma tão direta e estabelecer um esquema maior a partir de sua premissa, A Tentação tenha se saído consideravelmente mal na tarefa de contribuir para este assunto, infelizmente falhado, também, como exercício de gênero, embora as remanescências de sua intenção ainda permaneçam interessantes, apesar de tudo.
Um dos planos-sequência de As Harmonias de Werckmeister está no TOP 10 - Melhores Planos-Sequência realizado pela equipe do Lumi7. Confira a lista completa:
Falhando tanto em conferir profundidade aos acontecimentos políticos deste cenário quanto em desenvolver um drama convincente e nuançado, Luc Besson trata uma história preciosa como esta da maneira mais convencional que poderia se esperar de uma biografia. O diretor enquadra a conturbada experiência de Suu Kyi (Michelle Yeoh) na Birmânia numa moldura cinematográfica tão padronizada que, a despeito do caráter intrinsecamente valioso da pintura, acaba por banalizar grandiosamente esta narrativa real, tornando uma história que não deveria ser esquecida num filme facílimo de esquecer.
Trazendo um Sean Penn travestido como seu principal chamariz, Aqui é o Meu Lugar se faz distinto assim que nos apresenta seu protagonista: um cinquentenário, entediado e possivelmente depressivo rockstar aposentado de nome Cheyenne, que vive uma vida luxuosa e preguiçosa, abastecida pelo que ainda ganha com os diretos autorais das músicas que nem por hobby toca mais. Seu visual excêntrico, à la Robert Smith, obviamente mais chamativo pelo caráter feminino, seu comportamento passivo-agressivo e sua persona apática são enxergados com estranhamento e escárnio por quem de repente esbarra com o músico nas ruas ou no supermercado - algo que o fere notavelmente. De vez em quando, Cheyenne é reconhecido com contento por alguns fãs, que, não obstante, parecem incomodar o sujeito mesmo assim.
Refilmagem do excelente longa homônimo de 1963, 13 Assassinos é um filme de samurai que, contendo de tudo um pouco, acaba se passando por um verdadeiro blockbuster japonês - um que acerta em praticamente tudo que propõe executar: ação, humor, drama e retrato histórico. Comandado pelo badalado Takashi Miike, a película pode ser dividida em dois blocos: a antecipação e o combate. Iniciando-se como um acautelado thriller sobre conflitos de interesses e honra, a narrativa de 13 Assassinos culmina numa batalha de proporções épicas e irrefreáveis - uma recompensa mais do que generosa em uma obra deste gênero.
Abrir um filme - após um voo introdutor pelos céus da cidade em que se passará a história - com a imagem de um pênis de um defunto é o tipo de estratégia batidamente ousada que logo nos diz: “este é um filme ousado!” (com o perdão da redundância). Mas conhecendo ao menos superficialmente o conto “Fausto”, do alemão Goethe, é sabido que o pênis aqui desempenha a função simbolicamente universal que lhe atribuem - e eu não estou falando da função reprodutiva. Assim, é coerente que o diretor russo Aleksandr Sokurov nos apresente essa imagem logo cedo em seu filme, seguido por uma sequência literalmente visceral onde o famigerado protagonista Fausto e seu assistente Wagner autopsiam um corpo, arrancando-lhe todas os órgãos e tripas (devidamente mostrados) enquanto discutem sobre a existência da alma humana e sua localização: uma cena onde imagem e texto formam uma divertida poesia mórbida e dualista, em que carne e espírito são colocados em campo.
O título anuncia o retorno de Batman. Mas o curioso é que, com exceção de uma obrigatória aparição do herói em torno dos quinze minutos de projeção, só visitamos Bruce Wayne e seu alter ego de forma efetiva quando o filme já ultrapassa sua meia hora. Ainda assim, o “retorno” do Homem Morcego não passa de um prenúncio comercial genérico que, sim, traz o herói de volta (como se ele tivesse mesmo ido a algum lugar que não o usual no longa anterior), mas que jamais o faz - ou mesmo tenta fazê-lo - em toda a sua glória. Dessa forma, a demora em reintroduzir o herói na trama e a relativamente parca participação sua durante a narrativa demandam o óbvio: vilões. Pois se a pouco notável passagem de Batman por este filme pode ser vista, a princípio, como um equívoco, em compensação, todos aqueles que cruzam o caminho de Bruce Wayne (os vilões) brilham - e assim, por reflexo, fazem com que o herói brilhe um pouquinho também.
Eu acredito que E.T. - O Extraterrestre é um daqueles filmes que podemos justificavelmente chamar de “mágico” - essa palavrinha tão usada no mundo do Cinema, muitas vezes para descrever a experiência que se tem após assistir uma grande obra, sintoma da falta de articulação intelectiva que ataca depois do filme, resultado da estupefação causada por um marcante exemplar cinematográfico. Mas não pretendo, aqui, advogar meus sentimentos subjetivos como atestado do brilhantismo desta obra de Steven Spielberg. Não, pois a magia de E.T. deriva-se justamente do raciocínio de um grande cineasta (em sua melhor fase) por trás de um produto de entretenimento capaz de provocar um maravilhamento universal com seus temas e a terna sensibilidade que carrega - tudo isso, repito, alcançado graças ao homem pensante por trás deste clássico sobre o pequeno extraterrestre, o pequeno garoto Elliott e muitas outras coisas.
Batman, de Tim Burton, foi o primeiro longa-metragem autêntico do herói dos quadrinhos. Anteriormente apenas retratado em filmes-seriados da década de 40 e na popular - e cômica - série de tevê dos anos 60, bem como no filme de 1966 baseado nesta produção, Batman e seu alter ego Bruce Wayne ganharam nesta terceira realização da carreira de Tim Burton linhas fiéis às origens do personagem e de seu universo nos quadrinhos. A atmosfera noir e os temas mais maduros foram empregados, e o humor presente na então mais notável manifestação cinematográfica/televisiva do personagem foi consideravelmente diminuído. Não que isto configure uma grande obra, apesar do significante sucesso do filme em termos de bilheteria, opinião crítica e pelo fato de ter influenciado futuras produções do tipo. Pois, pegando emprestadas as próprias palavras de Tim Burton sobre sua obra, “[Batman] ...foi mais um fenômeno cultural do que um grande filme”.
“Eu acredito no Deus da Carnificina, cuja regra é incontestável desde tempos imemoriáveis”, diz Alan (Christoph Waltz), referenciando o título do filme em um dos momentos mais quentes de Deus da Carnificina. A visão do personagem de Waltz não representa, necessariamente, a mensagem desta nova obra de Roman Polanski, que dirige a adaptação do texto teatral de Yasmina Reza. Mas são esses (e muitos outros) reducionismos morais e ideológicos feitos pelos personagens que dão margem para que o filme lance mão de um pertinente e atrevido retrato das relações sociais - e o melhor: sendo tão cômico e divertido quanto revelador.
Por alguns momentos, Flores do Oriente chega a ser um bom filme. Mais precisamente quando o diretor Yimou Zhang impõe sua habilidade estética na composição de belíssimas sequências de ação impossíveis de se desmerecer. Porém, estas não passam de exibições visualmente ricas que, majoritariamente, não representam ou acrescentam nada de particular ao terrível evento histórico que forra a narrativa do filme, já que algumas cenas poderiam ter surgido de qualquer filme sobre batalhas de guerra passadas na mesma época. Na maior parte de seu tempo, contudo, Flores do Oriente é o típico drama histórico que tenta comover com estórias mínimas frente a um contexto máximo, na suposta intenção de refletir algo maior, mas efetivamente só gerando momentos forçosamente piegas e aborrecidos.
É interessante como em Apenas uma Noite nós não assistimos o desenvolvimento de uma trama, mas de expressivas conversas entre seus quatro personagens centrais, nos permitindo, assim, observar com calma e atenção suas linguagens corporais, suas expressões, as palavras que dizem e a forma como as dizem. E muito embora o filme não consiga equilibrar consistentemente os dois paralelos de sua narrativa em cima desta noção diegética, tampouco deixa de provar que ela é necessária, estudando a interação entre seus personagens e nos oferecendo uma exposição instigante e reflexiva sobre traição, fidelidade e monogamia.
As ramificações dramáticas da narrativa de Conspiração Americana percorrem duas figuras: a do advogado e veterano da Guerra Civil Frederick Aiken (James McAvoy) e de Mary Surratt (Robin Wright), uma das suspeitas de conspirar em favor da morte do presidente Abraham Lincoln, e que mais tarde se tornou a primeira mulher da história dos Estados Unidos a ser enforcada até a morte. Aiken, que serviu o Exército da União durante a guerra, lutou em oposição aos Confederados, os mesmos que tramaram o assassínio do então presidente e que possuíam associação direta com Mary Surratt. Indicado para defender a mãe de John Surratt, declarado amigo do ator John Wilkes Booth, o assassino de Lincoln, Aiken é dramaticamente enroupado por um típico arco narrativo, se vendo obrigado, a princípio, e compelido posteriormente a defender uma mulher de aspirações e históricos inversos aos seus, ao mesmo tempo em que se remexe em dúvidas acerca da inocência de sua cliente e arca com a falta de amparo dos superiores do governo e das pessoas ao seu redor; enquanto que a Mary Surratt é dada a voz para declarar-se inocente, ou ao menos polemizar um acontecimento histórico e colocar em dúvida a justiça dita feita há tantos anos atrás.
Idealizado, produzido e veiculado de forma original, A Vida Em Um Dia é um documentário que chega agora aos cinemas comerciais, mas que já fora exibido anteriormente através do site YouTube. O filme, dirigido por Kevin McDonald e centenas de outras pessoas, como lealmente reconhece os créditos finais do longa, é uma coleção de filmagens próprias de indivíduos de todo o globo, registradas no mesmo dia: 24 de Julho de 2010. É um mosaico da vida, do prosaico ao extraordinário. Uma experiência fílmica que demonstra a mais pura potência do cinema. Uma obra que, embora original em muitos aspectos, carrega como basilar o ordinário da vida de inúmeros indivíduos da Terra.
Não me recordo, no passado recente, de ter visto personagens tão inconsequentes e em declínio quanto os de O Diário de um Jornalista Bêbado. Liderados por Johnny Depp, que dá vida ao jornalista itinerante Paul Kemp, personagem do romance do também jornalista Hunter S. Thompson (que foi um grande amigo de Depp e que teve outra obra sua adaptada e estrelada pelo ator, o Medo e Delírio, de Terry Gilliam), o trio complementado pelo companheiro Sala (Michael Rispoli) e pelo maluco Moberg (Giovanni Ribisi) é, sem dúvidas, o ponto forte deste longa, representando o que há de mais recreativo nesta adaptação conduzida pelo diretor Bruce Robinson - é só uma pena que, embora bastante divertido, o caráter descompromissado e a ausência de objetivo do filme impeçam a obra de se estabelecer como uma realização acima da média, ao mesmo tempo em que alguns tropeços da narrativa atravancam o longa na busca da plenitude de sua bem-servida falta de comprometimento.
Elefante Branco
3.5 196 Assista AgoraÉ impossível olhar para o retrato que Elefante Branco faz de uma favela argentina e não se lembrar das favelas brasileiras. O cotidiano, os problemas e a atmosfera de um lugar como este só mudam mesmo de endereço. Até porque, as causas políticas e sociais que formam as periferias e sustentam suas existências tal como são não se diferem em muita coisa de nação para nação. Neste novo trabalho de Pablo Trapero, o diretor discorre sobre os temas comumente levantados quando se fala de favelas, e os faz com apuro, ao mesmo tempo em que centraliza a camada dramática de seu retrato em personagens, digamos, mais privilegiados, que, no entanto, se sacrificam para garantir aos moradores da favela Elefante Branco (na expressão idiomática, exatamente o que o local é) melhores condições de vida.
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Vestido de Noiva
3.2 35 Assista AgoraConsiderada um marco da dramaturgia brasileira, a peça de Nelson Rodrigues “Vestido de Noiva” foi encenada por montagens que modernizaram o teatro devido à sua estrutura desafiadora que desenvolve ações em três diferentes planos: o da realidade, o da alucinação e o da memória. Transpor uma obra como esta para a tela grande pode parecer aparentemente simples, já que o cinema oferece uma flexibilidade muito mais acessível para se empregar o vaivém de planos proposto por Nelson Rodrigues. Sem mencionar que a ideia soa, ao menos conceitualmente, um tanto estimulante do ponto de vista narrativo e dramático, permitindo uma exploração mais apurada das nuances deste enredo e de seus personagens.
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Moonrise Kingdom
4.2 2,1K Assista AgoraMoonrise Kingdom é o filme mais charmoso de um diretor notável por seu charme. Meticuloso e detalhista como é, Wes Anderson jamais parece inseguro sobre o que conta, como conta ou dos penduricalhos que usa para adornar suas histórias enquanto as conta. Isto é charme. Wes Anderson jamais surge com um personagem sem dar-lhe algo de especial, sem lhe realçar uma ou mais particularidades de seu caráter. Isto é charme. Quando, no caso deste Moonrise Kingdom, personagens são ofuscados por outros, temos, como de costume, atores de peso e personalidade para interpretar os ofuscados e evitar que se eclipsem por completo. Isto é charme.
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Bonitinha, Mas Ordinária
3.1 115Repetida inúmeras vezes no decorrer de Bonitinha mas Ordinária ou Otto Lara Resende, a frase “O mineiro só é solitário no câncer” se embute na mente do protagonista Edgar (José Wilker) e consequentemente em nossas mentes ao assistirmos o filme. O célebre mote do personagem é de autoria do escritor Otto Lara Resende - parte do título do longa -, amigo de Nelson Rodrigues, que então desenvolveu uma trama inteira alicerçada nesta sentença que, na verdade, esconde na ideia do mineiro o próprio Ser Humano, significando que este é solidário apenas em situações extremas, diante da desgraça do próximo.
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Boca do Lixo
2.8 117Por mais inspirado que seja numa história e num personagem real, Boca do Lixo não me ofereceu nada além do que eu já imaginava ao ler a sinopse do projeto ou do que eu já conhecia por ter visto tantas histórias parecidas.
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Políssia
4.0 273É curioso que o papel da diretora Maïwenn frente às câmeras em Políssia seja tanto um dos pontos negativos do filme como também o ponto de perspectiva que, se assumido por uma equipe de documentaristas, transformaria este projeto em algo muito mais interessante e sólido do que sua “versão” ficcionalizada. Pois se este premiado drama francês encontra nos irreduzíveis momentos reais sua força, em contrapartida se depara com a fragilidade naquilo que ficcionaliza ao redor de seus personagens e seus dramas pessoais.
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O Ditador
3.2 1,8K Assista AgoraEm muito a figura do Almirante General Aladeen se assemelha aos clássicos personagens de Sacha Baron Cohen, o rapper Ali G, o jornalista do Cazaquistão Borat e o repórter austríaco gay Brüno. O primeiro, popularizado através do genial programa de televisão Da Ali G Show, foi desperdiçado num filme apenas razoável, o Ali G Indahouse, que se atinha a um formato tradicional e pendia para o besteirol nonsense como forma de humor.
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A Casa Silenciosa
2.5 718 Assista AgoraEm menos de um ano desde o lançamento daquele que lhe inspira, o fraquíssimo longa uruguaio A Casa, este A Casa Silenciosa teve sua pós-produção finalizada. Tempo recorde? Discussões sobre a falta de originalidade hollywoodiana à parte, a questão é que esta refilmagem norte-americana consegue ser pontualmente melhor do que o filme original. O que, claro, não dá razão para que a produção exista, especialmente porque, salva as pontuais melhorias, esta continua habitando o mesmo nível de mediocridade de sua matéria prima uruguaia.
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A Tentação
3.5 361 Assista AgoraA proposta de A Tentação é interessante e direta. Muito embora discussões em torno de questões religiosas e ateístas já estejam demonstrando seus traços arcaicos, o tópico ainda é relevante o suficiente para que não deixe de ser debatido, e quanto mais aprofundado e sensato o debate for, mais proveitoso e construtivo ele tende a se tornar. E talvez por sua pretensão de tocar em pontos incisivos de forma tão direta e estabelecer um esquema maior a partir de sua premissa, A Tentação tenha se saído consideravelmente mal na tarefa de contribuir para este assunto, infelizmente falhado, também, como exercício de gênero, embora as remanescências de sua intenção ainda permaneçam interessantes, apesar de tudo.
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Filhos da Esperança
3.9 940 Assista AgoraDois dos planos-sequência de Filhos da Esperança estão no TOP 10 - Melhores Planos-Sequência realizado pela equipe do Lumi7. Confira a lista completa:
As Harmonias de Werckmeister
4.3 94Um dos planos-sequência de As Harmonias de Werckmeister está no TOP 10 - Melhores Planos-Sequência realizado pela equipe do Lumi7. Confira a lista completa:
Além da Liberdade
4.1 190 Assista AgoraFalhando tanto em conferir profundidade aos acontecimentos políticos deste cenário quanto em desenvolver um drama convincente e nuançado, Luc Besson trata uma história preciosa como esta da maneira mais convencional que poderia se esperar de uma biografia. O diretor enquadra a conturbada experiência de Suu Kyi (Michelle Yeoh) na Birmânia numa moldura cinematográfica tão padronizada que, a despeito do caráter intrinsecamente valioso da pintura, acaba por banalizar grandiosamente esta narrativa real, tornando uma história que não deveria ser esquecida num filme facílimo de esquecer.
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Aqui é o Meu Lugar
3.6 580 Assista AgoraTrazendo um Sean Penn travestido como seu principal chamariz, Aqui é o Meu Lugar se faz distinto assim que nos apresenta seu protagonista: um cinquentenário, entediado e possivelmente depressivo rockstar aposentado de nome Cheyenne, que vive uma vida luxuosa e preguiçosa, abastecida pelo que ainda ganha com os diretos autorais das músicas que nem por hobby toca mais. Seu visual excêntrico, à la Robert Smith, obviamente mais chamativo pelo caráter feminino, seu comportamento passivo-agressivo e sua persona apática são enxergados com estranhamento e escárnio por quem de repente esbarra com o músico nas ruas ou no supermercado - algo que o fere notavelmente. De vez em quando, Cheyenne é reconhecido com contento por alguns fãs, que, não obstante, parecem incomodar o sujeito mesmo assim.
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13 Assassinos
3.8 285Refilmagem do excelente longa homônimo de 1963, 13 Assassinos é um filme de samurai que, contendo de tudo um pouco, acaba se passando por um verdadeiro blockbuster japonês - um que acerta em praticamente tudo que propõe executar: ação, humor, drama e retrato histórico. Comandado pelo badalado Takashi Miike, a película pode ser dividida em dois blocos: a antecipação e o combate. Iniciando-se como um acautelado thriller sobre conflitos de interesses e honra, a narrativa de 13 Assassinos culmina numa batalha de proporções épicas e irrefreáveis - uma recompensa mais do que generosa em uma obra deste gênero.
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Fausto
3.4 220 Assista AgoraAbrir um filme - após um voo introdutor pelos céus da cidade em que se passará a história - com a imagem de um pênis de um defunto é o tipo de estratégia batidamente ousada que logo nos diz: “este é um filme ousado!” (com o perdão da redundância). Mas conhecendo ao menos superficialmente o conto “Fausto”, do alemão Goethe, é sabido que o pênis aqui desempenha a função simbolicamente universal que lhe atribuem - e eu não estou falando da função reprodutiva. Assim, é coerente que o diretor russo Aleksandr Sokurov nos apresente essa imagem logo cedo em seu filme, seguido por uma sequência literalmente visceral onde o famigerado protagonista Fausto e seu assistente Wagner autopsiam um corpo, arrancando-lhe todas os órgãos e tripas (devidamente mostrados) enquanto discutem sobre a existência da alma humana e sua localização: uma cena onde imagem e texto formam uma divertida poesia mórbida e dualista, em que carne e espírito são colocados em campo.
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Batman: O Retorno
3.4 852 Assista AgoraO título anuncia o retorno de Batman. Mas o curioso é que, com exceção de uma obrigatória aparição do herói em torno dos quinze minutos de projeção, só visitamos Bruce Wayne e seu alter ego de forma efetiva quando o filme já ultrapassa sua meia hora. Ainda assim, o “retorno” do Homem Morcego não passa de um prenúncio comercial genérico que, sim, traz o herói de volta (como se ele tivesse mesmo ido a algum lugar que não o usual no longa anterior), mas que jamais o faz - ou mesmo tenta fazê-lo - em toda a sua glória. Dessa forma, a demora em reintroduzir o herói na trama e a relativamente parca participação sua durante a narrativa demandam o óbvio: vilões. Pois se a pouco notável passagem de Batman por este filme pode ser vista, a princípio, como um equívoco, em compensação, todos aqueles que cruzam o caminho de Bruce Wayne (os vilões) brilham - e assim, por reflexo, fazem com que o herói brilhe um pouquinho também.
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E.T.: O Extraterrestre
3.9 1,4K Assista AgoraEu acredito que E.T. - O Extraterrestre é um daqueles filmes que podemos justificavelmente chamar de “mágico” - essa palavrinha tão usada no mundo do Cinema, muitas vezes para descrever a experiência que se tem após assistir uma grande obra, sintoma da falta de articulação intelectiva que ataca depois do filme, resultado da estupefação causada por um marcante exemplar cinematográfico. Mas não pretendo, aqui, advogar meus sentimentos subjetivos como atestado do brilhantismo desta obra de Steven Spielberg. Não, pois a magia de E.T. deriva-se justamente do raciocínio de um grande cineasta (em sua melhor fase) por trás de um produto de entretenimento capaz de provocar um maravilhamento universal com seus temas e a terna sensibilidade que carrega - tudo isso, repito, alcançado graças ao homem pensante por trás deste clássico sobre o pequeno extraterrestre, o pequeno garoto Elliott e muitas outras coisas.
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Batman
3.5 831 Assista AgoraBatman, de Tim Burton, foi o primeiro longa-metragem autêntico do herói dos quadrinhos. Anteriormente apenas retratado em filmes-seriados da década de 40 e na popular - e cômica - série de tevê dos anos 60, bem como no filme de 1966 baseado nesta produção, Batman e seu alter ego Bruce Wayne ganharam nesta terceira realização da carreira de Tim Burton linhas fiéis às origens do personagem e de seu universo nos quadrinhos. A atmosfera noir e os temas mais maduros foram empregados, e o humor presente na então mais notável manifestação cinematográfica/televisiva do personagem foi consideravelmente diminuído. Não que isto configure uma grande obra, apesar do significante sucesso do filme em termos de bilheteria, opinião crítica e pelo fato de ter influenciado futuras produções do tipo. Pois, pegando emprestadas as próprias palavras de Tim Burton sobre sua obra, “[Batman] ...foi mais um fenômeno cultural do que um grande filme”.
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Deus da Carnificina
3.8 1,4K“Eu acredito no Deus da Carnificina, cuja regra é incontestável desde tempos imemoriáveis”, diz Alan (Christoph Waltz), referenciando o título do filme em um dos momentos mais quentes de Deus da Carnificina. A visão do personagem de Waltz não representa, necessariamente, a mensagem desta nova obra de Roman Polanski, que dirige a adaptação do texto teatral de Yasmina Reza. Mas são esses (e muitos outros) reducionismos morais e ideológicos feitos pelos personagens que dão margem para que o filme lance mão de um pertinente e atrevido retrato das relações sociais - e o melhor: sendo tão cômico e divertido quanto revelador.
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Flores do Oriente
4.2 774 Assista AgoraPor alguns momentos, Flores do Oriente chega a ser um bom filme. Mais precisamente quando o diretor Yimou Zhang impõe sua habilidade estética na composição de belíssimas sequências de ação impossíveis de se desmerecer. Porém, estas não passam de exibições visualmente ricas que, majoritariamente, não representam ou acrescentam nada de particular ao terrível evento histórico que forra a narrativa do filme, já que algumas cenas poderiam ter surgido de qualquer filme sobre batalhas de guerra passadas na mesma época. Na maior parte de seu tempo, contudo, Flores do Oriente é o típico drama histórico que tenta comover com estórias mínimas frente a um contexto máximo, na suposta intenção de refletir algo maior, mas efetivamente só gerando momentos forçosamente piegas e aborrecidos.
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Apenas uma Noite
3.5 787 Assista AgoraÉ interessante como em Apenas uma Noite nós não assistimos o desenvolvimento de uma trama, mas de expressivas conversas entre seus quatro personagens centrais, nos permitindo, assim, observar com calma e atenção suas linguagens corporais, suas expressões, as palavras que dizem e a forma como as dizem. E muito embora o filme não consiga equilibrar consistentemente os dois paralelos de sua narrativa em cima desta noção diegética, tampouco deixa de provar que ela é necessária, estudando a interação entre seus personagens e nos oferecendo uma exposição instigante e reflexiva sobre traição, fidelidade e monogamia.
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Conspiração Americana
3.7 139 Assista AgoraAs ramificações dramáticas da narrativa de Conspiração Americana percorrem duas figuras: a do advogado e veterano da Guerra Civil Frederick Aiken (James McAvoy) e de Mary Surratt (Robin Wright), uma das suspeitas de conspirar em favor da morte do presidente Abraham Lincoln, e que mais tarde se tornou a primeira mulher da história dos Estados Unidos a ser enforcada até a morte. Aiken, que serviu o Exército da União durante a guerra, lutou em oposição aos Confederados, os mesmos que tramaram o assassínio do então presidente e que possuíam associação direta com Mary Surratt. Indicado para defender a mãe de John Surratt, declarado amigo do ator John Wilkes Booth, o assassino de Lincoln, Aiken é dramaticamente enroupado por um típico arco narrativo, se vendo obrigado, a princípio, e compelido posteriormente a defender uma mulher de aspirações e históricos inversos aos seus, ao mesmo tempo em que se remexe em dúvidas acerca da inocência de sua cliente e arca com a falta de amparo dos superiores do governo e das pessoas ao seu redor; enquanto que a Mary Surratt é dada a voz para declarar-se inocente, ou ao menos polemizar um acontecimento histórico e colocar em dúvida a justiça dita feita há tantos anos atrás.
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A Vida em um Dia
4.3 257 Assista AgoraIdealizado, produzido e veiculado de forma original, A Vida Em Um Dia é um documentário que chega agora aos cinemas comerciais, mas que já fora exibido anteriormente através do site YouTube. O filme, dirigido por Kevin McDonald e centenas de outras pessoas, como lealmente reconhece os créditos finais do longa, é uma coleção de filmagens próprias de indivíduos de todo o globo, registradas no mesmo dia: 24 de Julho de 2010. É um mosaico da vida, do prosaico ao extraordinário. Uma experiência fílmica que demonstra a mais pura potência do cinema. Uma obra que, embora original em muitos aspectos, carrega como basilar o ordinário da vida de inúmeros indivíduos da Terra.
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Diário de um Jornalista Bêbado
3.0 774 Assista grátisNão me recordo, no passado recente, de ter visto personagens tão inconsequentes e em declínio quanto os de O Diário de um Jornalista Bêbado. Liderados por Johnny Depp, que dá vida ao jornalista itinerante Paul Kemp, personagem do romance do também jornalista Hunter S. Thompson (que foi um grande amigo de Depp e que teve outra obra sua adaptada e estrelada pelo ator, o Medo e Delírio, de Terry Gilliam), o trio complementado pelo companheiro Sala (Michael Rispoli) e pelo maluco Moberg (Giovanni Ribisi) é, sem dúvidas, o ponto forte deste longa, representando o que há de mais recreativo nesta adaptação conduzida pelo diretor Bruce Robinson - é só uma pena que, embora bastante divertido, o caráter descompromissado e a ausência de objetivo do filme impeçam a obra de se estabelecer como uma realização acima da média, ao mesmo tempo em que alguns tropeços da narrativa atravancam o longa na busca da plenitude de sua bem-servida falta de comprometimento.
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