Esse é um dos mais fracos da Disney, talvez o mais fraco até os anos 60. Isso porque a história é genérica demais, não fazendo sentido buscarem inserir as lendas do Rei Arthur nesse meio. Acaba sendo em sua metade inicial quase como um Cinderela com personagens masculinos, para logo em seguida se aventurar em uma trama pedagógica, com ensinamentos sobre os animais, o amor e afins, até retornar de maneira repentina para resolver a trama inicial (e termina de forma igualmente repentina, durando menos de 10 minutos o segmento final). Ele não te comove e talvez o melhor momento seja a participação de Madame Mim (que, confesso, não sabia que tinha surgido com este filme. Sempre achei que era uma personagem dos quadrinhos). Vale somente pela técnica de animação, principalmente das florestas.
Apesar de tê-lo marcado como visto, não me recordava muito do filme em si. Lembro que de memória somente achava o estilo de animação de 101 Dálmatas estranho, opinião esta que mudei agora. Isso porque, se reparar bem, este é a primeira animação contemporânea do estúdio, com o mais próximo até então sendo A Dama e o Vagabundo e Peter Pan, que se passam nos anos 20/30. Aqui, ao contrário, a história se passa em sua época de lançamento, então por isso os cenários não são carregados com figuras de época, como normalmente se fazia, tendo traços propositalmente diferentes e inserindo diversos detalhes em objetos para criar um aspecto de contos de fadas em uma história atual. Traz de novo a paixão de Walt Disney por cachorros, considerando que ele dizia que A Dama e o Vagabundo era seu filme mais pessoal justamente por isso, e é lindo ver como desenham esses personagens com realismo, seja pela forma como as orelhas balançam ao vento ou como suas bochechas se esparramam quando deitam na janela. Quem ama animais vai se divertir do início ao fim.
Que filme maravilhoso. Walt Disney busca reconstruir o sucesso de Branca de Neve e aqui se utiliza da mesma estrutura para contar essa história, desde a lenda, a maldição, a floresta e até mesmo com uma cena de limpeza da cabana que remete à de Branca de Neve (e com vassouras e esfregões que se comportam como as de O Aprendiz de Feiticeiro de Fantasia). No entanto, ele vai ainda além, solucionando aqueles pequenos equívocos. Se em Branca de Neve já nos parece bizarro um príncipe aparecendo do nada e beijando alguém que nunca viu, aqui eles criam uma trama prévia, com os personagens se conhecendo a fim de não parecer tão estranho o romance final.
Tem muito do estilo de Walt Disney em buscar naturalidade nos movimentos, sendo visível a sua técnica típica de fazer com que os animadores encenassem a história e os movimentos para que fosse repetido nas telas. Então é lindo ver o movimento do príncipe sendo acorrentado e tentando fugir, ou da luta utilizando um peixe e uma bandeja pelos dois reis.
É uma delícia de assistir, sendo mais um filme do estúdio com referências à Alice, desde o buraco na árvore até o Gato de Chesire. Talvez seu único problema seja o aspecto amplo que querem conceder à figura de Totoro: você não sabe ao certo quem ele é, o que simboliza e qual a sua função. Ele simplesmente existe e qualquer interpretação que queira utilizar para esse simbolismo vai acabar sendo correta, o que no final deixa o roteiro um pouco frágil. A sorte é que os personagens são tão cativantes e a história é tão bem feita que tal aspecto pouco importa no resultado final. Você aprecia a história por si só.
Este me surpreendeu. Mesmo com um início apelando muito para o aspecto infantil (o que faz completo sentido considerando que é uma adaptação de um livro infantil), aos poucos o filme vai se alterando para tornar sua abordagem mais séria, o que é compatível com o próprio crescimento da personagem. Então o filme começa a crescer muito a partir do momento em que ela começa a fazer as entregas (a cena do cachorro é aquela que nos amarra de imediato à história) e vai percebendo aquilo que nós, que já passamos por isso, já sabemos há tempos: há pessoas boas e ruins no mundo, com algumas delas acabando com o nosso dia.
Eu tenho uma relação de amor e ódio com o Estúdio Ghibli porque normalmente, e O Castelo no Céu se inclui nisso, eu amo o traço, adoro os roteiros e tenho vontade de morar naquele universo, mas sempre chega um momento em que a trama está se estendendo além do devido e tudo começa a ficar cansativo. Se na primeira hora de duração O Castelo no Céu nos instiga em querer saber quem são aqueles personagens, qual o poder daquela pedra e como irão resolver o conflito, em sua segunda hora ele acaba demorando demais em explicar coisas que nós já compreendemos perfeitamente, como se quisesse nos mostrar quão vilão é o vilão ou o porquê devemos fazer o certo, mesmo que com sacrifícios. Te dá vontade de gritar para a tela "Já entendi! Agora resolve o problema!".
Eu odiei este filme da primeira vez que vi, tanto que me assustei ao olhar a página e ver que havia dado apenas meia estrela para ele. No entanto, depois dos anos fui compreendendo melhor e percebi que sua falha veio somente em razão de uma coisa: ganância. O Hobbit inicialmente foi idealizado para ser dois filmes, tanto que me recordo claramente de sair da sala de cinema do primeiro filme sabendo que no ano seguinte haveria o final, e durante a semana, ante a repercussão positiva, decidiram ampliar para três filmes. E esse é o erro: você consegue perceber os diversos elementos que foram inseridos unicamente para aumentar a duração da história e justificar três filmes. Se antes a pesquisa para o roteiro estava tão profunda que incluía até mesmo os apêndices não publicados de Tolkien, com a narrativa do que Gandalf faz quando abandona os anões na entrada da floresta, aqui decidem inserir uma trama romântica que fica completamente avulsa no contexto geral e ainda estraga o ritmo. Por sorte, na versão estendida esse elemento é melhor trabalhado e não incomoda tanto.
Revendo a saga do Hobbit é estranho ver como um dos elementos que mais me agradou quando foi lançado desaparece: a nostalgia. Eu lembro de ir à sessão completamente empolgado e surtar vendo novamente todos aqueles personagens da Terra Média novamente em tela e, hoje, essa sensação vai embora.
Por sorte O Hobbit não se segura somente no fator nostalgia. Ele ainda assim é um bom filme e mesmo com algumas técnicas não funcionando na televisão (o filme fora feito à época para ser visto em 3D e com a tecnologia HDR, a ponto de várias salas terem que ser equipadas para exibi-lo), você se diverte.
Seu ponto negativo é o mesmo dos livros: o fato de os personagens saírem de uma situação, resolver o conflito, entrar em outra e assim sucessivamente, o que deixa a história cansativa. Mas Martin Freeman é um Hobbit tão bom (e, para mim, o melhor Hobbit), que acaba sendo cativante vê-lo pulando pelo Condado gritando "I'm going on a adventure!".
Mesmo reconhecendo as diversas falhas ainda acabou sendo agradável de assistir. Talvez a melhor parte seja a forma como soube abordar toda a fase de reclusão do Batman. Aqui ficamos muito mais interessados em saber da vida de Bruce Wayne e da destruição do seu psicológico do que querer ver várias cenas de luta e conflito e não a toa o Batman acaba demorando para aparecer. O problema é que, com o fechamento de ciclo, o filme acaba ficando cansativo ao final quando deveria ser catártico, retirando o valor do próprio vilão, que se torna somente mais um no conflito.
Eu não me recordava que o filme fosse tão frenético. Enquanto nos costumeiros filmes do Batman sempre existe um momento de descanso, normalmente para apresentar a investigação ou uma cena romântica, estes mesmos momentos ocorrem aqui vinculados diretamente à ação ou à uma consequência drástica. Assim, todo o conflito com Rachel ainda é tenso, ou os momentos em Hong Kong. E, óbvio, o Coringa de Heath Ledger faz aumentar ainda mais essa tensão quando todas as suas inserções são tão boas e anárquicas que continuamos tenso na cadeira esperando quando ele irá aparecer de novo. Um dos grandes arrependimentos que tenho na minha vida cinéfila foi não ter visto este no cinema.
Acaba sendo bem cansativo por buscar ser fiel demais aos quadrinhos. Se lá a quantidade de diálogos e a tentativa de descobrir quem é o Feriado nos deixa apreensivos, aqui os mesmos elementos acabam ficando cansativos, principalmente pelo excesso de personagens. Se você reparar, O Longo Dia das Bruxas leva 12 edições para se desenrolar enquanto aqui os mesmos elementos acabam sendo condensados, em sua primeira parte, em menos de uma hora e meia, o que explica esse incômodo no excesso. Vale pela técnica de animação muito boa.
Talvez o maior problema aqui seja sua primeira hora inicial em que é tomado todo o cuidado para amenizar a parte criminosa da vida de Malcolm X. Como, em uma narrativa, os primeiros 30 minutos iniciais são fundamentais para nos apegarmos aos personagens, colocar Malcolm como ladrão, vigarista ou traficante automaticamente afastaria o público de sua fase engajada e religiosa. Consideraríamos um hipócrita, o que não era de forma alguma, e é por isso que esse hora inicial acaba sendo cansativa ao buscar contar a história sem se comprometer o suficiente, evitando assuntos e por vezes até mesmo usando expressões veladas para o que acontecia.
Somente após Malcolm ir para a prisão que a história passa a funcionar e você fica tenso na cadeira. De forma inteligente, Spike Lee traz muito do pensamento de Alex Haley, responsável por organizar e transcrever o livro, explicando quase de forma didática como surge o pensamento da injustiça contra os negros na história americana e como, em determinado momento, era natural imaginar todos como inimigos (algo que Haley aborda também em Raízes).
Mesmo tendo alguns momentos em que a concepção do filme aparente uma obra feita para a televisão, com cenários e fotografia fracas, a história e as atuações são tão boas que tudo se torna irrelevante. Basicamente, Spike Lee apresenta a mesma mensagem anos depois em Infiltrado na Klan, para mostrar como a injustiça continua.
Realmente a DC acertou nas adaptações de O Cavaleiro das Trevas. Tem um bom ritmo, foca no aspecto distorcido que aquele mundo ficou, mostrando como a ausência de um Batman foi prejudicial à Gotham City e mesmo sendo violento, não é uma violência gratuita, fazendo o completo sentido na forma física dos personagens e na raiva acumulada ao longo dos anos.
Apesar de eu não ser muito fã dessa ideia da gangue dos mutantes, algo que até mesmo na HQ considerava muito genérica, o filme acerta ao colocar esse aspecto mais como um plano de fundo, dando mais destaque a um Batman retornando à ativa e a própria discussão social sobre a violência crescente. Com isso, o mote dos vilões acaba sendo somente um meio para que essas discussões surjam, com todos o aspecto psicológico do Batman, o sujeito que nunca superou seus traumas, e como a sociedade encara a criminalidade. Tem uma sequência final bem cansativa, mas vale muito por toda a apresentação que faz desse "futuro" distópico.
Me surpreendi como acabei gostando. Acaba sendo diferente da HQ em dois pontos principais: a ausência de um final dúbio, já que para Grant Morrison em A Piada Mortal vemos finalmente o Batman matando o Coringa (E por isso o título A Piada Mortal), teoria que eu acho muito provável; e a também ausência de dúvida sobre se o Coringa estuprou ou não Bárbara, um dos fatores que aumentavam ainda mais o transtorno da situação para Gordon.
Ainda assim ele é bem interessante pois, para aumentar o impacto das cenas, cria toda uma sequência inicial focando na atuação de Barbara como Batgirl, um Batman que já não tem o menor resquício de Bruce Wayne, vivendo completamente imerso no papel de vigilante, e um Coringa que, talvez pela primeira vez, está atuando com um propósito bem definido ao invés de ser meramente anárquico.
Claro, considerando que a ideia é encontrar o ponto de ruptura dos personagens, poderia ter um Coringa ainda mais insano, sendo uma completa quebra de expectativa a cena musical.
Não sou fã do Studio Ghibli ou de Miyazaki; Vi apenas alguns filmes (Mononoke, Nausicaa, Kaguya e Cagliostro), nunca os grandes clássicos como O Castelo no Céu ou Chihiro, e sempre achei filmes apenas ok, muito cansativos e com pouca emoção.
O Menino e A Garça acabou sendo o filme que mais gostei e muito provavelmente pelo fato de ter visto no cinema já que, do mesmo modo que os anteriores, ele é também cansativo e lento, mas o poder dessas imagens em tela grande e o som dos pássaros nas caixas de som é algo incrível, querendo que aquela experiência dure por horas.
É basicamente a história de Alice, com o Coelho Branco sendo substituído pela Garça, o Exército de Copas pelos periquitos e a Rainha pelo Duque, e este sendo uma óbvia referência à Alemanha (e, de modo muito inteligente, não faz o duque semelhante à Hitler, mas sim a Otto Von Bismark), então vai sim ser non sense, psicodélico e por vezes muito viajado. Do mesmo modo que Alice substituía as pessoas de sua realidade por metáforas, faz o mesmo aqui.
Mas, como dito, mesmo com estes aspectos fascinantes você ainda termina o filme com uma sensação estranha, como se tivesse feito muito para transmitir pouco.
Eu gosto muito da forma como o Villeneuve não quis se prender às convenções ao fazer Duna. Se no primeiro filme ele cria uma introdução de duas horas e meia a esse universo, aqui ele pouco se importa com o excesso e vai apresentando novos personagens mesmo quando o filme já tem mais de 1 hora de duração. E mesmo sendo algo fora do comum, acaba funcionando. É claro que, por fugir das convenções, é normal que em alguns momentos pensemos “Acho que essa história ficaria melhor em uma série”, mas o filme consegue suprir as expectativas.
E talvez este seja o ponto que mais prejudique o filme: as expectativas. Queremos que seja algo catártico a ponto de gritarmos no cinema, e na realidade ele é bem comedido em sua condução.
Mesmo sendo muito bom é visível como Villeneuve faz cada cena com cuidado para não errar, e por isso alguns momentos que deveriam nos comover ou irritar acabam sendo diminuídos pelo medo de ser pedante ou clichê. Assim, por boa parte do filme parece que ele está se segurando para não ser violento demais, político demais, romântico demais, dramático demais.
É somente quando Paul assume sua figura que de fato o filme se liberta de todo esse autocontrole e a história te recompensa. Mesmo com o filme tendo um ótimo ritmo, pelo excesso acaba te sobrecarregando, não sendo difícil você sair da sessão percebendo que está com os ombros doloridos de tanta tensão.
Confesso que gostei muito do novo estilo dado ao personagem do Javier Bardem. Mesmo transformando-o em uma espécie de alívio cômico, o cara é tão bom ator e cativante que te convence e rouba a cena sempre que aparece.
Infelizmente ele é clichêzão em uma parte fundamental do filme: o início, com a criança hiperativa que gruda na vida do heroi, brigam em um determinado momento, ele se arrepende e tenta remediar o erro. Apesar de, na metade final, ele buscar desconstruir essa imagem, esse problema inicial faz com que não nos apeguemos à personagem por ser algo que já foi visto em dezenas de outros filmes. A ideia, de igual modo, também não é muito original, sendo inevitável não lembrar do Naruto com seu demônio interno. É assistível, com uma boa técnica de animação, mas mais do mesmo.
Esse filme foi uma ótima surpresa considerando que, em seus 20 minutos iniciais, ficava somente pensando "O filme vai ser só isso? Eles andando e conhecendo lugares? Como vão encher 90 minutos com isso?" sendo que, logo em seguida, você percebe como essa longa parte inicial é essencial para você compreender a relação dos dois e sentir o mesmo sentimento de desespero, tristeza e abandono durante toda a espera na praia. É justamente por causa desse início que todo o filme ganha um senso de urgência, que mesmo sem falas você consegue perceber cada um dos pensamentos dos personagens e te dá vontade de querer ajudar. É lindo ver todo o controle que a produção tem em contar essa história, inserindo nos momentos certos os alívios, os romances, o drama.
Não sei se "Meu amigo robô" seria uma tradução certa ao filme já que em alguns momentos fica meio suspeita a relação deles.
Apesar do desconforto que o filme causa em certos momentos ao reviver fatos cruéis da vida das vítimas diante das próprias, mesmo desconforto expressado pelo ator em certo momento que chega a abandonar a cena, ainda assim o filme mostra a necessidade de tais momentos ao final. Se de início considerei que toda a questão beirava a tortura psicológica, à medida que as irmãs vão contando sua história você percebe que de fato elas superaram os traumas mas eles ainda doem, e por isso que ele parece crueldade porque, se fôssemos nós, jamais iríamos querer reviver uma dor tão forte.
E é com uma sucessão de plot twists, todos muito bem utilizados, que percebemos que tal dor não é nada perto dos últimos acontecimentos de suas vidas.
Confesso que jamais imaginei que as irmãs mais velhas tinham ingressado no ISIS e, em reviravoltas contínuas, ainda mostra que houve o casamento com um líder terrorista, que sua base foi bombardeada, que elas sobreviveram, foram presas, uma teve uma filha, as irmãs mais novas também estavam num fanatismo religioso que se encerrou com o tratamento psicológico em abrigo enquanto as mais velhas foram condenadas.
Não tem como acompanhar toda essa sucessão final sem ficar de boca aberta. Se fosse um filme de ficção ninguém acreditaria.
História cruel em um documentário que, de forma muito inteligente, retira do espectador qualquer ideia de que o pai "não fez mais do que sua obrigação" em lutar judicialmente pela punição aos estupradores da filha, mostrando o retrógrado pensamento do vilarejo, as ameaças, o sistema judicial indiano e as consequências que isso acarretaria para o seu próprio dia a dia. Ele deixa muito claro que a opção mais fácil e que costumeiramente era usada seria seguir a opinião do chefe da vila e, por isso, todo o esforço dispendido não pode ser encarado como "apenas sua obrigação", mas sim um ato de heroismo que tem que ser incentivado.
Tem um dos momentos mais lindos que já vi, ao mostrar a filha, após seu depoimento, sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas, sendo visível como aquele momento lhe retirou um grande peso das costas.
Que figura fascinante que é Bobi Wine, tanto que mesmo com o documentário sendo bem lento pelo excesso de acontecimentos em sua primeira uma hora de duração, em que precisa explicar quem ele é, de onde veio, sua chegada na política e o contexto político de Uganda, ainda assim te prende na tela por querermos vê-lo andando por seu país e cantando suas músicas (que são muito boas).
Ainda, esse momento inicial lento sequer é dispensável já que é uma preparação necessária para as consequências da segunda hora, quando o filme toma uma agilidade maior.
Senti falta somente da demonstração de um pensamento mais profundo de Bobi Wine, a provocação para que ele ingressasse em uma discussão política, já que nas poucas vezes em que ele se manifesta tem um discurso bem interessante dos problemas sociais, idealista, mas sem abordar soluções.
Taí um filme que merece mais propaganda porque é um dos mais prazerosos de se acompanhar no Oscar. Tudo nele funciona: a trama que acompanha a mudança de menino a homem; os efeitos especiais; as cenas que, mesmo quando líricas, não são de difícil compreensão; o ritmo excelente; trilha sonora que casa com as cenas e a fotografia magnífica (principalmente na sequência do Sahara). É emocionante e, mesmo falando de da população Senegalesa e seu sonho de ir à Europa, é contada de uma forma que qualquer pessoa consegue se conectar.
Este é um daqueles que você consegue enxergar sendo "redescobertos" no futuro em uma edição Criterion.
Há muito tempo eu não tinha aquela sensação terrível de "Eu não acredito que esse filme vai terminar assim!", e sim, ele termina. É por obras assim que mesmo com o A24 sendo o único estúdio do cinema atual que investe em histórias fora do comum eu não consigo gostar das obras porque para cada obra prima existem outros dez filmes extremamente vazios lançados. E é bem isso o que acontece aqui: é um filme vazio, sem propósito. Mesmo sendo boa a ideia de mostrar o dia a dia de uma família que mora ao lado do campo de concentração, com o uso do som sendo muito interessante para mostrar como as pessoas se acostumam às maiores atrocidades se elas ficam contínuas, bem como o apego aos detalhes como por exemplo o irmão que tranca o outro em uma estufa e começa a fazer o barulho de gás, ainda assim é um filme que diz muito pouco para a suas quase duas horas.
Poderia ter utilizado desses detalhes em um filme mais profundo ou, se não tinha isso, que se transformasse em um curta experimental, mas é triste ver um filme sobre a Segunda Guerra e Campos de Concentração que não te faça sentir nada.
A Espada Era a Lei
3.8 303 Assista AgoraEsse é um dos mais fracos da Disney, talvez o mais fraco até os anos 60. Isso porque a história é genérica demais, não fazendo sentido buscarem inserir as lendas do Rei Arthur nesse meio. Acaba sendo em sua metade inicial quase como um Cinderela com personagens masculinos, para logo em seguida se aventurar em uma trama pedagógica, com ensinamentos sobre os animais, o amor e afins, até retornar de maneira repentina para resolver a trama inicial (e termina de forma igualmente repentina, durando menos de 10 minutos o segmento final). Ele não te comove e talvez o melhor momento seja a participação de Madame Mim (que, confesso, não sabia que tinha surgido com este filme. Sempre achei que era uma personagem dos quadrinhos). Vale somente pela técnica de animação, principalmente das florestas.
101 Dálmatas: A Guerra dos Dálmatas
3.6 394 Assista AgoraApesar de tê-lo marcado como visto, não me recordava muito do filme em si. Lembro que de memória somente achava o estilo de animação de 101 Dálmatas estranho, opinião esta que mudei agora. Isso porque, se reparar bem, este é a primeira animação contemporânea do estúdio, com o mais próximo até então sendo A Dama e o Vagabundo e Peter Pan, que se passam nos anos 20/30. Aqui, ao contrário, a história se passa em sua época de lançamento, então por isso os cenários não são carregados com figuras de época, como normalmente se fazia, tendo traços propositalmente diferentes e inserindo diversos detalhes em objetos para criar um aspecto de contos de fadas em uma história atual.
Traz de novo a paixão de Walt Disney por cachorros, considerando que ele dizia que A Dama e o Vagabundo era seu filme mais pessoal justamente por isso, e é lindo ver como desenham esses personagens com realismo, seja pela forma como as orelhas balançam ao vento ou como suas bochechas se esparramam quando deitam na janela.
Quem ama animais vai se divertir do início ao fim.
A Bela Adormecida
3.6 452 Assista AgoraQue filme maravilhoso. Walt Disney busca reconstruir o sucesso de Branca de Neve e aqui se utiliza da mesma estrutura para contar essa história, desde a lenda, a maldição, a floresta e até mesmo com uma cena de limpeza da cabana que remete à de Branca de Neve (e com vassouras e esfregões que se comportam como as de O Aprendiz de Feiticeiro de Fantasia). No entanto, ele vai ainda além, solucionando aqueles pequenos equívocos. Se em Branca de Neve já nos parece bizarro um príncipe aparecendo do nada e beijando alguém que nunca viu, aqui eles criam uma trama prévia, com os personagens se conhecendo a fim de não parecer tão estranho o romance final.
Tem muito do estilo de Walt Disney em buscar naturalidade nos movimentos, sendo visível a sua técnica típica de fazer com que os animadores encenassem a história e os movimentos para que fosse repetido nas telas. Então é lindo ver o movimento do príncipe sendo acorrentado e tentando fugir, ou da luta utilizando um peixe e uma bandeja pelos dois reis.
Um dos filmes mais bem construídos do estúdio.
Meu Amigo Totoro
4.3 1,3K Assista AgoraÉ uma delícia de assistir, sendo mais um filme do estúdio com referências à Alice, desde o buraco na árvore até o Gato de Chesire. Talvez seu único problema seja o aspecto amplo que querem conceder à figura de Totoro: você não sabe ao certo quem ele é, o que simboliza e qual a sua função. Ele simplesmente existe e qualquer interpretação que queira utilizar para esse simbolismo vai acabar sendo correta, o que no final deixa o roteiro um pouco frágil. A sorte é que os personagens são tão cativantes e a história é tão bem feita que tal aspecto pouco importa no resultado final. Você aprecia a história por si só.
O Serviço de Entregas da Kiki
4.3 773 Assista AgoraEste me surpreendeu. Mesmo com um início apelando muito para o aspecto infantil (o que faz completo sentido considerando que é uma adaptação de um livro infantil), aos poucos o filme vai se alterando para tornar sua abordagem mais séria, o que é compatível com o próprio crescimento da personagem. Então o filme começa a crescer muito a partir do momento em que ela começa a fazer as entregas (a cena do cachorro é aquela que nos amarra de imediato à história) e vai percebendo aquilo que nós, que já passamos por isso, já sabemos há tempos: há pessoas boas e ruins no mundo, com algumas delas acabando com o nosso dia.
O Castelo no Céu
4.2 326 Assista AgoraEu tenho uma relação de amor e ódio com o Estúdio Ghibli porque normalmente, e O Castelo no Céu se inclui nisso, eu amo o traço, adoro os roteiros e tenho vontade de morar naquele universo, mas sempre chega um momento em que a trama está se estendendo além do devido e tudo começa a ficar cansativo. Se na primeira hora de duração O Castelo no Céu nos instiga em querer saber quem são aqueles personagens, qual o poder daquela pedra e como irão resolver o conflito, em sua segunda hora ele acaba demorando demais em explicar coisas que nós já compreendemos perfeitamente, como se quisesse nos mostrar quão vilão é o vilão ou o porquê devemos fazer o certo, mesmo que com sacrifícios. Te dá vontade de gritar para a tela "Já entendi! Agora resolve o problema!".
O Hobbit: A Desolação de Smaug
4.0 2,5K Assista AgoraEu odiei este filme da primeira vez que vi, tanto que me assustei ao olhar a página e ver que havia dado apenas meia estrela para ele. No entanto, depois dos anos fui compreendendo melhor e percebi que sua falha veio somente em razão de uma coisa: ganância. O Hobbit inicialmente foi idealizado para ser dois filmes, tanto que me recordo claramente de sair da sala de cinema do primeiro filme sabendo que no ano seguinte haveria o final, e durante a semana, ante a repercussão positiva, decidiram ampliar para três filmes. E esse é o erro: você consegue perceber os diversos elementos que foram inseridos unicamente para aumentar a duração da história e justificar três filmes. Se antes a pesquisa para o roteiro estava tão profunda que incluía até mesmo os apêndices não publicados de Tolkien, com a narrativa do que Gandalf faz quando abandona os anões na entrada da floresta, aqui decidem inserir uma trama romântica que fica completamente avulsa no contexto geral e ainda estraga o ritmo. Por sorte, na versão estendida esse elemento é melhor trabalhado e não incomoda tanto.
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista AgoraRevendo a saga do Hobbit é estranho ver como um dos elementos que mais me agradou quando foi lançado desaparece: a nostalgia. Eu lembro de ir à sessão completamente empolgado e surtar vendo novamente todos aqueles personagens da Terra Média novamente em tela e, hoje, essa sensação vai embora.
Por sorte O Hobbit não se segura somente no fator nostalgia. Ele ainda assim é um bom filme e mesmo com algumas técnicas não funcionando na televisão (o filme fora feito à época para ser visto em 3D e com a tecnologia HDR, a ponto de várias salas terem que ser equipadas para exibi-lo), você se diverte.
Seu ponto negativo é o mesmo dos livros: o fato de os personagens saírem de uma situação, resolver o conflito, entrar em outra e assim sucessivamente, o que deixa a história cansativa. Mas Martin Freeman é um Hobbit tão bom (e, para mim, o melhor Hobbit), que acaba sendo cativante vê-lo pulando pelo Condado gritando "I'm going on a adventure!".
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista AgoraMesmo reconhecendo as diversas falhas ainda acabou sendo agradável de assistir. Talvez a melhor parte seja a forma como soube abordar toda a fase de reclusão do Batman. Aqui ficamos muito mais interessados em saber da vida de Bruce Wayne e da destruição do seu psicológico do que querer ver várias cenas de luta e conflito e não a toa o Batman acaba demorando para aparecer. O problema é que, com o fechamento de ciclo, o filme acaba ficando cansativo ao final quando deveria ser catártico, retirando o valor do próprio vilão, que se torna somente mais um no conflito.
Batman: O Cavaleiro das Trevas
4.5 3,8K Assista AgoraEu não me recordava que o filme fosse tão frenético. Enquanto nos costumeiros filmes do Batman sempre existe um momento de descanso, normalmente para apresentar a investigação ou uma cena romântica, estes mesmos momentos ocorrem aqui vinculados diretamente à ação ou à uma consequência drástica. Assim, todo o conflito com Rachel ainda é tenso, ou os momentos em Hong Kong. E, óbvio, o Coringa de Heath Ledger faz aumentar ainda mais essa tensão quando todas as suas inserções são tão boas e anárquicas que continuamos tenso na cadeira esperando quando ele irá aparecer de novo. Um dos grandes arrependimentos que tenho na minha vida cinéfila foi não ter visto este no cinema.
Batman e o Longo Dia das Bruxas - Parte 1
3.7 86 Assista AgoraAcaba sendo bem cansativo por buscar ser fiel demais aos quadrinhos. Se lá a quantidade de diálogos e a tentativa de descobrir quem é o Feriado nos deixa apreensivos, aqui os mesmos elementos acabam ficando cansativos, principalmente pelo excesso de personagens. Se você reparar, O Longo Dia das Bruxas leva 12 edições para se desenrolar enquanto aqui os mesmos elementos acabam sendo condensados, em sua primeira parte, em menos de uma hora e meia, o que explica esse incômodo no excesso. Vale pela técnica de animação muito boa.
Malcolm X
4.1 267 Assista AgoraTalvez o maior problema aqui seja sua primeira hora inicial em que é tomado todo o cuidado para amenizar a parte criminosa da vida de Malcolm X. Como, em uma narrativa, os primeiros 30 minutos iniciais são fundamentais para nos apegarmos aos personagens, colocar Malcolm como ladrão, vigarista ou traficante automaticamente afastaria o público de sua fase engajada e religiosa. Consideraríamos um hipócrita, o que não era de forma alguma, e é por isso que esse hora inicial acaba sendo cansativa ao buscar contar a história sem se comprometer o suficiente, evitando assuntos e por vezes até mesmo usando expressões veladas para o que acontecia.
Somente após Malcolm ir para a prisão que a história passa a funcionar e você fica tenso na cadeira. De forma inteligente, Spike Lee traz muito do pensamento de Alex Haley, responsável por organizar e transcrever o livro, explicando quase de forma didática como surge o pensamento da injustiça contra os negros na história americana e como, em determinado momento, era natural imaginar todos como inimigos (algo que Haley aborda também em Raízes).
Mesmo tendo alguns momentos em que a concepção do filme aparente uma obra feita para a televisão, com cenários e fotografia fracas, a história e as atuações são tão boas que tudo se torna irrelevante. Basicamente, Spike Lee apresenta a mesma mensagem anos depois em Infiltrado na Klan, para mostrar como a injustiça continua.
Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 2
4.3 370 Assista AgoraRealmente a DC acertou nas adaptações de O Cavaleiro das Trevas. Tem um bom ritmo, foca no aspecto distorcido que aquele mundo ficou, mostrando como a ausência de um Batman foi prejudicial à Gotham City e mesmo sendo violento, não é uma violência gratuita, fazendo o completo sentido na forma física dos personagens e na raiva acumulada ao longo dos anos.
Batman: O Cavaleiro das Trevas - Parte 1
4.2 356 Assista AgoraApesar de eu não ser muito fã dessa ideia da gangue dos mutantes, algo que até mesmo na HQ considerava muito genérica, o filme acerta ao colocar esse aspecto mais como um plano de fundo, dando mais destaque a um Batman retornando à ativa e a própria discussão social sobre a violência crescente. Com isso, o mote dos vilões acaba sendo somente um meio para que essas discussões surjam, com todos o aspecto psicológico do Batman, o sujeito que nunca superou seus traumas, e como a sociedade encara a criminalidade. Tem uma sequência final bem cansativa, mas vale muito por toda a apresentação que faz desse "futuro" distópico.
Batman: A Piada Mortal
3.3 495 Assista AgoraMe surpreendi como acabei gostando. Acaba sendo diferente da HQ em dois pontos principais: a ausência de um final dúbio, já que para Grant Morrison em A Piada Mortal vemos finalmente o Batman matando o Coringa (E por isso o título A Piada Mortal), teoria que eu acho muito provável; e a também ausência de dúvida sobre se o Coringa estuprou ou não Bárbara, um dos fatores que aumentavam ainda mais o transtorno da situação para Gordon.
Ainda assim ele é bem interessante pois, para aumentar o impacto das cenas, cria toda uma sequência inicial focando na atuação de Barbara como Batgirl, um Batman que já não tem o menor resquício de Bruce Wayne, vivendo completamente imerso no papel de vigilante, e um Coringa que, talvez pela primeira vez, está atuando com um propósito bem definido ao invés de ser meramente anárquico.
Claro, considerando que a ideia é encontrar o ponto de ruptura dos personagens, poderia ter um Coringa ainda mais insano, sendo uma completa quebra de expectativa a cena musical.
O Menino e a Garça
4.0 215Não sou fã do Studio Ghibli ou de Miyazaki; Vi apenas alguns filmes (Mononoke, Nausicaa, Kaguya e Cagliostro), nunca os grandes clássicos como O Castelo no Céu ou Chihiro, e sempre achei filmes apenas ok, muito cansativos e com pouca emoção.
O Menino e A Garça acabou sendo o filme que mais gostei e muito provavelmente pelo fato de ter visto no cinema já que, do mesmo modo que os anteriores, ele é também cansativo e lento, mas o poder dessas imagens em tela grande e o som dos pássaros nas caixas de som é algo incrível, querendo que aquela experiência dure por horas.
É basicamente a história de Alice, com o Coelho Branco sendo substituído pela Garça, o Exército de Copas pelos periquitos e a Rainha pelo Duque, e este sendo uma óbvia referência à Alemanha (e, de modo muito inteligente, não faz o duque semelhante à Hitler, mas sim a Otto Von Bismark), então vai sim ser non sense, psicodélico e por vezes muito viajado. Do mesmo modo que Alice substituía as pessoas de sua realidade por metáforas, faz o mesmo aqui.
Mas, como dito, mesmo com estes aspectos fascinantes você ainda termina o filme com uma sensação estranha, como se tivesse feito muito para transmitir pouco.
Duna: Parte 2
4.4 613Eu gosto muito da forma como o Villeneuve não quis se prender às convenções ao fazer Duna. Se no primeiro filme ele cria uma introdução de duas horas e meia a esse universo, aqui ele pouco se importa com o excesso e vai apresentando novos personagens mesmo quando o filme já tem mais de 1 hora de duração. E mesmo sendo algo fora do comum, acaba funcionando. É claro que, por fugir das convenções, é normal que em alguns momentos pensemos “Acho que essa história ficaria melhor em uma série”, mas o filme consegue suprir as expectativas.
E talvez este seja o ponto que mais prejudique o filme: as expectativas. Queremos que seja algo catártico a ponto de gritarmos no cinema, e na realidade ele é bem comedido em sua condução.
Mesmo sendo muito bom é visível como Villeneuve faz cada cena com cuidado para não errar, e por isso alguns momentos que deveriam nos comover ou irritar acabam sendo diminuídos pelo medo de ser pedante ou clichê. Assim, por boa parte do filme parece que ele está se segurando para não ser violento demais, político demais, romântico demais, dramático demais.
É somente quando Paul assume sua figura que de fato o filme se liberta de todo esse autocontrole e a história te recompensa. Mesmo com o filme tendo um ótimo ritmo, pelo excesso acaba te sobrecarregando, não sendo difícil você sair da sessão percebendo que está com os ombros doloridos de tanta tensão.
Confesso que gostei muito do novo estilo dado ao personagem do Javier Bardem. Mesmo transformando-o em uma espécie de alívio cômico, o cara é tão bom ator e cativante que te convence e rouba a cena sempre que aparece.
Nimona
4.1 233 Assista AgoraInfelizmente ele é clichêzão em uma parte fundamental do filme: o início, com a criança hiperativa que gruda na vida do heroi, brigam em um determinado momento, ele se arrepende e tenta remediar o erro. Apesar de, na metade final, ele buscar desconstruir essa imagem, esse problema inicial faz com que não nos apeguemos à personagem por ser algo que já foi visto em dezenas de outros filmes. A ideia, de igual modo, também não é muito original, sendo inevitável não lembrar do Naruto com seu demônio interno. É assistível, com uma boa técnica de animação, mas mais do mesmo.
Meu Amigo Robô
4.0 84Esse filme foi uma ótima surpresa considerando que, em seus 20 minutos iniciais, ficava somente pensando "O filme vai ser só isso? Eles andando e conhecendo lugares? Como vão encher 90 minutos com isso?" sendo que, logo em seguida, você percebe como essa longa parte inicial é essencial para você compreender a relação dos dois e sentir o mesmo sentimento de desespero, tristeza e abandono durante toda a espera na praia. É justamente por causa desse início que todo o filme ganha um senso de urgência, que mesmo sem falas você consegue perceber cada um dos pensamentos dos personagens e te dá vontade de querer ajudar. É lindo ver todo o controle que a produção tem em contar essa história, inserindo nos momentos certos os alívios, os romances, o drama.
Não sei se "Meu amigo robô" seria uma tradução certa ao filme já que em alguns momentos fica meio suspeita a relação deles.
As 4 Filhas de Olfa
3.7 33 Assista AgoraApesar do desconforto que o filme causa em certos momentos ao reviver fatos cruéis da vida das vítimas diante das próprias, mesmo desconforto expressado pelo ator em certo momento que chega a abandonar a cena, ainda assim o filme mostra a necessidade de tais momentos ao final. Se de início considerei que toda a questão beirava a tortura psicológica, à medida que as irmãs vão contando sua história você percebe que de fato elas superaram os traumas mas eles ainda doem, e por isso que ele parece crueldade porque, se fôssemos nós, jamais iríamos querer reviver uma dor tão forte.
E é com uma sucessão de plot twists, todos muito bem utilizados, que percebemos que tal dor não é nada perto dos últimos acontecimentos de suas vidas.
Confesso que jamais imaginei que as irmãs mais velhas tinham ingressado no ISIS e, em reviravoltas contínuas, ainda mostra que houve o casamento com um líder terrorista, que sua base foi bombardeada, que elas sobreviveram, foram presas, uma teve uma filha, as irmãs mais novas também estavam num fanatismo religioso que se encerrou com o tratamento psicológico em abrigo enquanto as mais velhas foram condenadas.
Não tem como acompanhar toda essa sucessão final sem ficar de boca aberta. Se fosse um filme de ficção ninguém acreditaria.
Matar um Tigre
3.8 27 Assista AgoraHistória cruel em um documentário que, de forma muito inteligente, retira do espectador qualquer ideia de que o pai "não fez mais do que sua obrigação" em lutar judicialmente pela punição aos estupradores da filha, mostrando o retrógrado pensamento do vilarejo, as ameaças, o sistema judicial indiano e as consequências que isso acarretaria para o seu próprio dia a dia. Ele deixa muito claro que a opção mais fácil e que costumeiramente era usada seria seguir a opinião do chefe da vila e, por isso, todo o esforço dispendido não pode ser encarado como "apenas sua obrigação", mas sim um ato de heroismo que tem que ser incentivado.
Tem um dos momentos mais lindos que já vi, ao mostrar a filha, após seu depoimento, sorrindo e com os olhos cheios de lágrimas, sendo visível como aquele momento lhe retirou um grande peso das costas.
Bobi Wine: O Presidente Do Povo
3.6 26Que figura fascinante que é Bobi Wine, tanto que mesmo com o documentário sendo bem lento pelo excesso de acontecimentos em sua primeira uma hora de duração, em que precisa explicar quem ele é, de onde veio, sua chegada na política e o contexto político de Uganda, ainda assim te prende na tela por querermos vê-lo andando por seu país e cantando suas músicas (que são muito boas).
Ainda, esse momento inicial lento sequer é dispensável já que é uma preparação necessária para as consequências da segunda hora, quando o filme toma uma agilidade maior.
Senti falta somente da demonstração de um pensamento mais profundo de Bobi Wine, a provocação para que ele ingressasse em uma discussão política, já que nas poucas vezes em que ele se manifesta tem um discurso bem interessante dos problemas sociais, idealista, mas sem abordar soluções.
Eu, Capitão
4.0 70 Assista AgoraTaí um filme que merece mais propaganda porque é um dos mais prazerosos de se acompanhar no Oscar. Tudo nele funciona: a trama que acompanha a mudança de menino a homem; os efeitos especiais; as cenas que, mesmo quando líricas, não são de difícil compreensão; o ritmo excelente; trilha sonora que casa com as cenas e a fotografia magnífica (principalmente na sequência do Sahara). É emocionante e, mesmo falando de da população Senegalesa e seu sonho de ir à Europa, é contada de uma forma que qualquer pessoa consegue se conectar.
Este é um daqueles que você consegue enxergar sendo "redescobertos" no futuro em uma edição Criterion.
Zona de Interesse
3.6 587 Assista AgoraHá muito tempo eu não tinha aquela sensação terrível de "Eu não acredito que esse filme vai terminar assim!", e sim, ele termina. É por obras assim que mesmo com o A24 sendo o único estúdio do cinema atual que investe em histórias fora do comum eu não consigo gostar das obras porque para cada obra prima existem outros dez filmes extremamente vazios lançados. E é bem isso o que acontece aqui: é um filme vazio, sem propósito. Mesmo sendo boa a ideia de mostrar o dia a dia de uma família que mora ao lado do campo de concentração, com o uso do som sendo muito interessante para mostrar como as pessoas se acostumam às maiores atrocidades se elas ficam contínuas, bem como o apego aos detalhes como por exemplo o irmão que tranca o outro em uma estufa e começa a fazer o barulho de gás, ainda assim é um filme que diz muito pouco para a suas quase duas horas.
Poderia ter utilizado desses detalhes em um filme mais profundo ou, se não tinha isso, que se transformasse em um curta experimental, mas é triste ver um filme sobre a Segunda Guerra e Campos de Concentração que não te faça sentir nada.