Faz uma crítica interessante ao cinema contemporâneo... aliás, acredito que este seja o motivo principal do filme. Isso fica bem claro em vários momentos da projeção e, até se for analisar como um todo. Diversas cenas são praticamente indecifráveis, símbolos difíceis... são situações realmente surreais, mas apesar de não se obter uma 'clareza' para que nos sintamos motivados a acompanhar o longa, ironicamente as cenas absurdas são interessantes o suficiente para nos manter estimulados em ver até o final. No mais, é um filme original, que conta com uma excelente atuação de Denis Lavant. E que deve gerar as mais diferentes interpretações, o que já o torna um filme divertido de se discutir.
O menos interessante- para mim- da trilogia do silêncio. O que não quer dizer que seja ruim, muito pelo contrário. A relação das duas irmãs, aquele clima hostil que existe entre ambas, uma delas com problemas respiratórios- ironicamente, as vias da fala-, uma em busca de aventuras sexuais enquanto seu filho fica a mercê e muita coisa sendo dita de forma silenciosa. Este "O Silêncio" de Bergman segue com os temas dos 2 últimos filmes abordados, só que aqui a questão da relação como forma de preenchimento do vazio não tem um final que sugira isso como 'salvação' da solidão. O mundo 'sem Deus' aqui está mais que claro, e a falta de comunicação entre as pessoas se mostra como, exatamente, o elemento crítico para que o amor nunca possa se aflorar e para que o ódio nunca cesse de expandir.
Grotesco filme de Jackson, da época que dirigia filmes de teor "trash" com orçamento mais do que modestos; "Meet the Feebles" é uma sátira doentiamente divertida dos Muppets de Jim Henson. Produzido seguidamente de seu clássico trash "Bad Taste", Jackson continuava a mostrar por que era um grande nome no gênero- embora, para mim, nem "Feebles" e nem "Bad Taste" possam ser considerados os melhores do diretor nesse estilo, ainda considero "Braindead" o melhor, e o melhor filme denominado "trash" que já vi. No meu caso, eu conheci a filmografia de Jackson de forma invertida, assistindo seus filmes sérios primeiro. Observar esses primeiros de sua filmografia geram uma estranheza por causa da completa dissonância entre abordagem e tema entre a primeira fase de sua carreira e a sua atual, fazendo com que fique mais que claro o virtuosismo do diretor ao longo de sua carreira. E embora eu considere este uma pequena- mas divertida- bobagem, é um filme que diverte pelo descompromisso.
Consegue-se perceber a construção temática nessa 2° parte da trilogia, a questão da incomunicabilidade e questionamentos a respeito da existência de Deus- temas muito recorrentes em Bergman-, neste filme isso fica muito mais direto. E, enquanto em "Através de um espelho" temos um final a qual o êxito é o contato do filho com o pai, neste temos o pastor Tomas fazendo uma missa na presença da mulher que tão há pouco desprezara com palavras pouco afetuosas. O que achei interessante foi de o protagonista ser justamente um pastor em crise com sua própria fé, pois em meio a uma situação caótica com um perigo nuclear aparentemente iminente, faz com que se questione coisas como : "Deus, vc nos esqueceu?"; comentários muito contundentes são feitos pela figura do sacristão, como se fizesse uma comparação entre as sensações do Pastor Tomas com o próprio Jesus Cristo, o personagem afirma que até mesmo Jesus teve dúvidas de seu Deus antes de morrer. Afinal, são dele as palavras "Pai, por que me abandonastes.." proferidas pouco antes de sua morte, no fim da crucificação. Talvez Bergman queira refletir que essa falta de comunicação seja o problema que nos impedem de atingir a felicidade, o amor. Em um belo momento de "Através de um espelho", o personagem de Gunnar Björnstrand diz acreditar que Deus é amor, logo, se evitarmos a tal incomunicabilidade e tentarmos dar chance às relações humanas, poderemos encontrar o afeto e atingir a felicidade/amor/Deus. Apesar de podermos atingir tais ápices, creio que serviria mais para curar a solidão, curar a solidão através do amor. Pelo menos, com poucos momentos de iluminação, poderia-se tentar atingir um pouco de constância em nossa felicidade.
Estou tendo mais uma época frutífera com filmes, pois dentre os últimos vistos não cheguei a ver um que colocasse no hall dos desprivilegiados, tendo muitos entrado na lista de favoritados, e este aqui, como muitos outros recentes, se une à lista, sendo mais uma obra- prima por mim reconhecida. Tentarei ver o quanto antes os filmes seguintes que compõe essa trilogia de Bergman. Pois o pontapé inicial já foi sensacional.
Um maduro drama sobre um período de incertezas. Stephen Chbosky se mostra hábil a lidar com diversos conflitos da adolescência de forma sutil e não clichê. Não cheguei a ler o livro que ele mesmo escreveu, mas posso dizer que o resultado é bastante positivo.
Menção honrosa para o elenco que se mostrou bastante eficaz também, em particular Emma Watson e Logan Lerman, que tiveram um bom desempenho
Receio é uma sensação que muitos, após o termino de "O Hobbit", devem sentir. Aliás, antes mesmo de assistir o filme de fato. Pelas imagens e trailers que nos eram mostrados, não podíamos duvidar que a "aura" da trilogia clássica fosse mantida, mas imagens soltas ainda não são suficientes se não estiverem montadas com as 'complementares'.
Dito isso, fica minha indagação sobre o ritmo e narrativa conferido a esse primeiro episódio de uma nova trilogia baseada numa obra concebida por Tolkien e realizada por Peter Jackson: E então? Poderia eu dizer que manteve a qualidade? Certamente que sim, porém fico entregue a uma contradição que só poderá ser respondida após o lançamento dos episódios seguintes... O que quero dizer é que, enquanto na trilogia anterior o roteiro possuía como meta a condensação de fatos em prol de um ritmo mais ágil, esta nova empreitada de Jackson visa sua expansão. Eu poderia, muito simplesmente concordar sobre a "enrolação" de certos momentos, pelo simples fato de não necessariamente estarem ligadas ao objetivo principal. Mas, confesso que me agrada essa contextualização do universo de Tolkien. Sei que soa 'insano' querer extender em três filmes uma história que seria facilmente contada em 2, mas vendo de fato o filme, pode-se perceber uma ambição e grandiloquência- típica de Jackson, diga-se de passagem- Demonstrando querer fazer uma ligação com a trilogia original, conferindo-lhe uma seriedade maior do que se esperaria de uma história como a de " O Hobbit", que foi concebida de forma mais amena, dedicada mais às crianças. Mas, convenhamos, seria dificil fazer ligação entre ambas se não fosse conferido a este um tom um pouco mais sombrio e sério. Isso não quer dizer, claro, que o filme não possua momentos cômicos e mais suaves, concentrados em sua maior parte na interessante figura de Radagast, que em sua primeira aparição me gerou uma estranheza no tom, me parecendo muito 'caricatural' perto do realismo fantástico que o diretor tão bem tinha conferido na trilogia supracitada. Apesar de um 'pastelão' aqui e ali, não prejudica, sendo uma excentricidade- e pequena ousadia- divertida de ter sido inserida, no final. Enfim, achei um bom filme, embora eu ainda julgue que não se aproxime em qualidade de nenhum episódio de " O Senhor dos Anéis". Jackson continua com a 'mão pesada' que parece constante desde " O Retorno do Rei", conferindo grandiosidade em vários momentos- sendo assim, é realmente gratificante o surgimento dos poucos e bons momentos intimistas na trama. Quanto ao elenco, Martin Freeman foi uma escolha mais que certa e é excelente poder ver Mckellen reprisando o papel do mago Gandalf, conseguindo conferir nobreza e importância até se viesse a algum dia 'recitar' uma letra de Michel Teló; Blanchett continua hipnótica, assim como o brilhante Andy Serkis, em sua antológica perfomance de Gollum- aliás, as "charadas no escuro" é realmente uma das melhores cenas de " Uma Jornada inesperada". Espero que as partes que julgo frágeis no filme sejam contornadas nos episódios seguintes, como, por exemplo, o desenvolvimento dos outros anões. Já que os únicos personagens que recebem uma densidade dramática é Bilbo, Gandalf e Thorin. Após " Um Olhar do Paraíso" muitos reclamaram da auto- indulgência de Jackson e a suposta megalomania/grandiloquência ultimamente tão recorrente. Pode-se enxergar essas tendências em alguns momentos de " O Hobbit" - lembre dos gigantes de pedra- mas também pode-se enxergar alguns 'flashes' do equilíbrio que tão bem encontrara em períodos anteriores. O fato é que por mais que a idéia de 3 filmes soe como um rendimento à propósitos comerciais, ainda acredito que imperativos artísticos ambiciosos lhe possuem em maior grau. E essa ambição parece permear todo esse primeiro fragmento que é " Jornada Inesperada" É esperar para ver.
Dá para se fazer realmente boas análises sobre o tema, simplesmente comparando os efeitos que um trauma desse tipo pode causar: enquanto um dos personagens aflorou a sexualidade o outro reprimiu, ou seja, um ato horrendo que causou efeitos distoantes, basta reparar no filme.
Vale a pena assistir por esses quesitos, mas já vou-lhes avisar que o filme possui várias cenas, digamos, desconfortáveis- ao menos para mim- mas não soam gratuitas.
Temática ambiciosa. Creio que tem potencial para ser um marco no gênero, de fato, me gerou expectativas. Resta saber se os Wachowsky brothers e o diretor Tom tykwer vão conseguir correspondê-las. A julgar pelo talento de ambos, creio que sim! :)
Filme divertido de macFarlane, apesar de não ser nada muito inovador, rende boas risadas, a interação entre Wahberg e o personagem título- com voz do próprio MacFarlane- funciona e a história, apesar de seguir alguns clichês das comédias românticas, possui bons esquetes no caminho, garantindo um bom entretenimento (talvez a montagem seja um pouco grande, acho que funcionaria melhor se fosse menor) Dentre os interessados pelo filme ( em ver no cinema), sugiro para que os mesmos assistam logo -antes que o super democrata Protógenes retire-o do cinema. PS:Ah, e não se esqueçam de olhar a classificação indicativa antes! hehe
Um ótimo filme de Allen, uma espécie de ensaio para a estrutura de seu " Melinda e Melinda", pelo fato de inserir tramas paralelas com enfoques diferentes, um trágico e outro meio que cômico. Interessante abordagem do tema, seguindo aquele estilo simples de narrativa, mas mesclado à idéias interessantes e algumas boas sacadas, como o encerramento. Não está entre seus melhores filmes, mas ainda assim vale a pena conferir.
PS:Também concordo com as opiniões anteriores de que esse filme tem um pouco da "aura" do seu também bacana "Match point".
O problema maior aqui é o resumo do concerto, poderia ser mostrado de forma integral, embora as principais e antológicas composições sejam mostradas em todas a sua diversidade, comprovando a complexidade da engenharia musical que Shore elaborou para esses filmes. Uma pena sua entrevista ser também breve, poderia se estender mais. Apesar de toda a sintetização, realmente apreciei o registro, além das intercalações com os desenhos de Alan Lee e John Howe. Um espetáculo musical que me faz invejar quem estava lá, contemplando ao vivo. Nota máxima, apesar da edição curta.
Tadzio não é mostrado como uma simples atração carnal por parte do protagonista, acredito que tenha em si um símbolo de pureza que inspira a arte e a transgressão do até então 'quadrado' Gustav. O filme é excelente, de muita sofisticação. Me lembrou bastante "Barry Lyndon", tanto pela fineza quanto pelos zooms de câmera
[spoiler][/spoiler] Confesso que não foi tudo que eu esperava, apesar de ter qualidade, claro. Acho que excesso de personagens em fins de trilogia não é uma boa idéia, , a exemplo de " Homem- Aranha 3" de Raimi. Mas ao contrário de Sam, Nolan consegue criar tensão entre os eventos paralelos, algo que ele já mostrou ser capaz no filme " A origem" que também tem cenas de ação bem ritmadas. O filme, para mim, estava caminhando bem, chegando ao seu ápice na cena que Batman confronta Bane pela primeira vez, é uma cena dramática e tensa, que com certeza é a melhor cena do filme- pena que as outras não atinja o mesmo nível de intensidade dramática e que sua resolução final nunca se compare a esta em termos de "impacto"; acho também que Nolan desmereceu o personagem de Hardy- que está excelente- na reviravolta final do roteiro e, embora ele seja inteligente ao rimar visualmente o destino da personagem de Marion com a do seu pai do primeiro filme- vivido por Liam Neeson- não me senti satisfeito com aquele ponto de virada repentino, sem um melhor desenvolvimento da personagem de Marion... Talvez com mais tempo de metragem ele poderia deixar esse evento mais coerente. Mas, então, de repente senti que Bane passou de vilão visionário e intelectualizado para um simples brutamontes apaixonado, talvez seja um fato já consolidado da Hq, mas isso eu já não posso confirmar. Esse filme é mais fantasioso que seu antecessor e me incomoda alguns diálogos assim como alguns "furos" que reparei... Mas, enfim, acho que Nolan fez um bom desfecho, não chegou a ser brilhante como o aclamado segundo, mas ainda sim é um bom filme.
De Palma faz homenagens com sofisticação, há inúmeras referências a Hitchcock: e ele não se restringe à estrutura de " Janela indiscreta", pode-se reparar nesse filme flashes de " Disque M para matar" e até mesmo " Um corpo que cai". No geral, um bom suspense.
Interessante conto do foclore africano: Kirikou funciona e tem bons momentos, seus supostos 'problemas' acabam por ajudar a dar ao filme um tom próprio. Como as linguagens diferentes adotadas a determinados personagens- como esquilos e robos inimigos- dão uma falta de congruência, e até a animação que não está na excelência técnica na maioria das vezes vistas nos filmes da Disney. Mas, enfim, essa inconsistência acaba por funcionar em Kirikou, que acaba por se destacar em meio a tantas coisas convencionais, afinal. Filme divertido, vale ver.
A começo de conversa, não li o livro de Kerouac, mas entendo o que representa e, conhecendo sobre a estrutura, a partir de comentários da experiência de lê-lo de certos amigos, pude ter noção que grande desafio representava. Mas, como espectador que não leu o livro, posso afirmar que esse filme de Salles tem muita qualidade. Sendo uma delas, a captação da aura do momento sem ser muito didático, ou seja, Salles não se preocupa em querer fazer uma introdução sobre o que foi a geração beat em si, ele simplesmente nos joga na trama, sabendo que a identificação direta que os espectadores teriam sobre essa obra já antiga- e que ainda ressoa até hoje- é o simples fato de representar essa inconsequência juvenil, essa ânsia universal naturalmente frequente em várias gerações em busca de algo que o faça se sentir realmente vivo. A importância da obra de Kerouac- a meu ver- é justamente a de representante de toda uma geração de jovens transtornados no pós- guerra, era uma época de incerteza, no geral, então, nada como viver um dia como se fosse seu último. Aproveito para elogiar o elenco, em sua maioria desconhecido, além das ótimas participações de Viggo Mortensen e- quem diria!- Kristen Stewart. xD Elogiar a fotografia é redundante. Adorei a forma que Salles utiliza-se de símbolos no filme, como no momento em que Salles intercala a imagem de uma estrada em um plano frontal bem equilibrado com a máquina de escrever de San Paradise. Mostrando aqui, que entendeu a metáfora da estrada na obra de Kerouac e como isso é representativo para todos nós andarilhos. Bom, para finalizar e, parafraseando uma frase de Wim Wenders sobre "road movies" : " O importante no 'road movie' não é o destino e sim a viagem" E é bem isso que é o filme, você não sabe quando vai acabar e é até extenso, o legal mesmo foi a experiência de conhecer personagens diversos durante a projeção/viagem.
O personagem de Klaus Kinski poderia muito bem ser uma espécie de representação do próprio Herzog nesse filme: o visionário insano que tenta, a todo modo, realizar um desejo deveras dificil. Um ótimo filme, embora o seu registro de produção- cujo nome esqueci- seja melhor do que o próprio filme. A partir deste longa que, creio eu, Herzog criou a má reputação de explorar sua equipe de produção- aliás, ponto para os esforçados produtores do longa, vi que foi realmente exaustivo viabilizar esse filme, uma verdadeira epopéia.
Ótimo filme de Allen, com bastante influência de Fellini no filme. Muito legal como ele conseguiu fundir essa sua crise de vocação artística- no seu caso, a comédia- com a estética de "8 1/2" de forma tão coerente. Sua crise se assemelha demais com os problemas do personagem do filme citado. Tudo resulta em uma bela história tragicômica. Enfim," Memórias" merece ficar no top dos melhores de Allen, chegando próximo de pérolas como " Zelig". Recomendado.
Provavelmente esse filme tenha vindo, em seguida, a influenciar diversos outros do gênero, não creio que devia existir grandes suspenses naquela época- tinha o Hitchcock, acredito- tais como esse. Claro que é só suposição, assim como a sugestão de que ótimos filmes como " Louca Obsessão" tenham tirado um pouco de inspiração nesse longa aqui. Que, aliás, é muito interessante: o filme possui uma Bette Davis inspirada, numa atuação que beira à caricatura, mas se encaixou bem com o estilo do filme; Joan Crawford também se sai bem,com uma personagem mais comedida, alvo dos atos terríveis da personagem de Davis; a atmosfera de suspense, a lei de Murphy nos personagens inocentes... tá tudo lá, todos os clichês do gênero de suspense estão bem equilibrados, sendo bastante difícil decepcionar os adeptos do gênero.
O interessante desse filme é a não intenção de buscar autenticidade histórica/biográfica do personagem retratado, ao contrário, Tarkovsky aqui, tenta refletir sobre a natureza da criação artística, o que, de fato, impõe essa ânsia de criação ao artista, que "força-o" a produzir? Ele então, usa da figura do pintor de ícones russo, Andrei Rublev, como ponto inicial nessa busca. A maioria das pessoas- assim como eu, no início- devem se sentir meio acoadas de se adentrar nesse longa- a grande duração, as tomadas contemplativas do diretor, a complexidade do conceito- essas coisas acabam por afastar um espectador mais casual, daquele tipo que não gostam de enxergar cinema como uma forma artística que possa-o fazer pensar. Mas a questão aqui é muito abrangente para um espectador com pouca noção de linguagem- ou que nem possuem vontade de adentrar e destrinchar a proposta através da forma que se encontra, que é em filme. Andrei Rublev, portanto, é a personificação do próprio Tarkovsky e seus impulsos e crises criativas. Acho realmente fascinante o fato do personagem primeiramente utilizar-se de sua técnica artística para se legitimar como um artista respeitado, para quando finalmente recebe alguma grande proposta de prestígio, ir acabar por refletir sobre o sentido de sua produção, afinal, o que o movia era a fé, e a partir do momento em que a perde, presenciando coisas que iam contra a sua moral, o sentido de sua arte se esvai. Só posteriormente a necessidade de produção artística voltaria, por causa de algo (não considero um grande spoiler) que vocês presenciarão no último capítulo. Então, ao narrar a história de maneira mais subjetiva, no sentido de que possui pouca linearidade em termos cronológicos, há capítulos em que o personagem- título sequer aparece; o autor cria aqui um filme instigante que nos faz refletir sobre a beleza da criação artística, a fé por algo que acaba por nos impulsionar a produzir. No começo, interessante reparar, tudo tem uma fotografia PB, talvez por causa dessa futura degeneração da ansiedade artística do protagonista, porém, ao final, o diretor escolhe por preencher de cores sua famosa criação "Trindade", mostrando produções de Rublev. Mas interessante mesmo, é ele incluir uma passagem em que mostra um belo lugar, com cavalos- que dramatizam diversas cenas- também de forma colorida. Talvez seja o exato momento em que o artista e sua obra se fundem com a natureza que os inspiram. Bom, apesar de ser um filme "difícil", eu recomendo. Tem um ritmo arrastado que pode- e acredite, irá- afastar diversos cinéfilos, mas sugiro que tentem embarcar no filme e na força de sua proposta. É realmente algo denso e que merece ser visto. Uma obra- prima, apesar de todos os pesares.
Filme que cumpre perfeitamente a intenção de entreter: grandes cenas de ação, bom humor, bom elenco e boa direção. Eu que não sou muito conhecedor- nem fã- do universo de heróis da Marvel, saí satisfeito. Tenho certeza que os verdadeiros fãs dos quadrinhos irão se entusiasmar e se empolgar com o filme.
Ps: Gostei da participação de Stan Lee, sempre marcando presença. xD
Holy Motors
3.9 652Faz uma crítica interessante ao cinema contemporâneo... aliás, acredito que este seja o motivo principal do filme. Isso fica bem claro em vários momentos da projeção e, até se for analisar como um todo. Diversas cenas são praticamente indecifráveis, símbolos difíceis... são situações realmente surreais, mas apesar de não se obter uma 'clareza' para que nos sintamos motivados a acompanhar o longa, ironicamente as cenas absurdas são interessantes o suficiente para nos manter estimulados em ver até o final. No mais, é um filme original, que conta com uma excelente atuação de Denis Lavant. E que deve gerar as mais diferentes interpretações, o que já o torna um filme divertido de se discutir.
O Silêncio
4.1 110O menos interessante- para mim- da trilogia do silêncio. O que não quer dizer que seja ruim, muito pelo contrário.
A relação das duas irmãs, aquele clima hostil que existe entre ambas, uma delas com problemas respiratórios- ironicamente, as vias da fala-, uma em busca de aventuras sexuais enquanto seu filho fica a mercê e muita coisa sendo dita de forma silenciosa.
Este "O Silêncio" de Bergman segue com os temas dos 2 últimos filmes abordados, só que aqui a questão da relação como forma de preenchimento do vazio não tem um final que sugira isso como 'salvação' da solidão. O mundo 'sem Deus' aqui está mais que claro, e a falta de comunicação entre as pessoas se mostra como, exatamente, o elemento crítico para que o amor nunca possa se aflorar e para que o ódio nunca cesse de expandir.
Meet the Feebles
3.9 62Grotesco filme de Jackson, da época que dirigia filmes de teor "trash" com orçamento mais do que modestos; "Meet the Feebles" é uma sátira doentiamente divertida dos Muppets de Jim Henson. Produzido seguidamente de seu clássico trash "Bad Taste", Jackson continuava a mostrar por que era um grande nome no gênero- embora, para mim, nem "Feebles" e nem "Bad Taste" possam ser considerados os melhores do diretor nesse estilo, ainda considero "Braindead" o melhor, e o melhor filme denominado "trash" que já vi.
No meu caso, eu conheci a filmografia de Jackson de forma invertida, assistindo seus filmes sérios primeiro. Observar esses primeiros de sua filmografia geram uma estranheza por causa da completa dissonância entre abordagem e tema entre a primeira fase de sua carreira e a sua atual, fazendo com que fique mais que claro o virtuosismo do diretor ao longo de sua carreira.
E embora eu considere este uma pequena- mas divertida- bobagem, é um filme que diverte pelo descompromisso.
Luz de Inverno
4.3 173Consegue-se perceber a construção temática nessa 2° parte da trilogia, a questão da incomunicabilidade e questionamentos a respeito da existência de Deus- temas muito recorrentes em Bergman-, neste filme isso fica muito mais direto. E, enquanto em "Através de um espelho" temos um final a qual o êxito é o contato do filho com o pai, neste temos o pastor Tomas fazendo uma missa na presença da mulher que tão há pouco desprezara com palavras pouco afetuosas. O que achei interessante foi de o protagonista ser justamente um pastor em crise com sua própria fé, pois em meio a uma situação caótica com um perigo nuclear aparentemente iminente, faz com que se questione coisas como : "Deus, vc nos esqueceu?"; comentários muito contundentes são feitos pela figura do sacristão, como se fizesse uma comparação entre as sensações do Pastor Tomas com o próprio Jesus Cristo, o personagem afirma que até mesmo Jesus teve dúvidas de seu Deus antes de morrer. Afinal, são dele as palavras "Pai, por que me abandonastes.." proferidas pouco antes de sua morte, no fim da crucificação.
Talvez Bergman queira refletir que essa falta de comunicação seja o problema que nos impedem de atingir a felicidade, o amor. Em um belo momento de "Através de um espelho", o personagem de Gunnar Björnstrand diz acreditar que Deus é amor, logo, se evitarmos a tal incomunicabilidade e tentarmos dar chance às relações humanas, poderemos encontrar o afeto e atingir a felicidade/amor/Deus. Apesar de podermos atingir tais ápices, creio que serviria mais para curar a solidão, curar a solidão através do amor. Pelo menos, com poucos momentos de iluminação, poderia-se tentar atingir um pouco de constância em nossa felicidade.
Através de um Espelho
4.3 249Estou tendo mais uma época frutífera com filmes, pois dentre os últimos vistos não cheguei a ver um que colocasse no hall dos desprivilegiados, tendo muitos entrado na lista de favoritados, e este aqui, como muitos outros recentes, se une à lista, sendo mais uma obra- prima por mim reconhecida.
Tentarei ver o quanto antes os filmes seguintes que compõe essa trilogia de Bergman. Pois o pontapé inicial já foi sensacional.
As Aventuras de Pi
3.9 4,4KBelo filme de Ang Lee.
As Vantagens de Ser Invisível
4.2 6,9K Assista AgoraUm maduro drama sobre um período de incertezas. Stephen Chbosky se mostra hábil a lidar com diversos conflitos da adolescência de forma sutil e não clichê. Não cheguei a ler o livro que ele mesmo escreveu, mas posso dizer que o resultado é bastante positivo.
Menção honrosa para o elenco que se mostrou bastante eficaz também, em particular Emma Watson e Logan Lerman, que tiveram um bom desempenho
O Hobbit: Uma Jornada Inesperada
4.1 4,7K Assista AgoraReceio é uma sensação que muitos, após o termino de "O Hobbit", devem sentir. Aliás, antes mesmo de assistir o filme de fato. Pelas imagens e trailers que nos eram mostrados, não podíamos duvidar que a "aura" da trilogia clássica fosse mantida, mas imagens soltas ainda não são suficientes se não estiverem montadas com as 'complementares'.
Dito isso, fica minha indagação sobre o ritmo e narrativa conferido a esse primeiro episódio de uma nova trilogia baseada numa obra concebida por Tolkien e realizada por Peter Jackson: E então? Poderia eu dizer que manteve a qualidade?
Certamente que sim, porém fico entregue a uma contradição que só poderá ser respondida após o lançamento dos episódios seguintes... O que quero dizer é que, enquanto na trilogia anterior o roteiro possuía como meta a condensação de fatos em prol de um ritmo mais ágil, esta nova empreitada de Jackson visa sua expansão. Eu poderia, muito simplesmente concordar sobre a "enrolação" de certos momentos, pelo simples fato de não necessariamente estarem ligadas ao objetivo principal. Mas, confesso que me agrada essa contextualização do universo de Tolkien. Sei que soa 'insano' querer extender em três filmes uma história que seria facilmente contada em 2, mas vendo de fato o filme, pode-se perceber uma ambição e grandiloquência- típica de Jackson, diga-se de passagem- Demonstrando querer fazer uma ligação com a trilogia original, conferindo-lhe uma seriedade maior do que se esperaria de uma história como a de " O Hobbit", que foi concebida de forma mais amena, dedicada mais às crianças. Mas, convenhamos, seria dificil fazer ligação entre ambas se não fosse conferido a este um tom um pouco mais sombrio e sério.
Isso não quer dizer, claro, que o filme não possua momentos cômicos e mais suaves, concentrados em sua maior parte na interessante figura de Radagast, que em sua primeira aparição me gerou uma estranheza no tom, me parecendo muito 'caricatural' perto do realismo fantástico que o diretor tão bem tinha conferido na trilogia supracitada. Apesar de um 'pastelão' aqui e ali, não prejudica, sendo uma excentricidade- e pequena ousadia- divertida de ter sido inserida, no final.
Enfim, achei um bom filme, embora eu ainda julgue que não se aproxime em qualidade de nenhum episódio de " O Senhor dos Anéis". Jackson continua com a 'mão pesada' que parece constante desde " O Retorno do Rei", conferindo grandiosidade em vários momentos- sendo assim, é realmente gratificante o surgimento dos poucos e bons momentos intimistas na trama.
Quanto ao elenco, Martin Freeman foi uma escolha mais que certa e é excelente poder ver Mckellen reprisando o papel do mago Gandalf, conseguindo conferir nobreza e importância até se viesse a algum dia 'recitar' uma letra de Michel Teló; Blanchett continua hipnótica, assim como o brilhante Andy Serkis, em sua antológica perfomance de Gollum- aliás, as "charadas no escuro" é realmente uma das melhores cenas de " Uma Jornada inesperada".
Espero que as partes que julgo frágeis no filme sejam contornadas nos episódios seguintes, como, por exemplo, o desenvolvimento dos outros anões. Já que os únicos personagens que recebem uma densidade dramática é Bilbo, Gandalf e Thorin.
Após " Um Olhar do Paraíso" muitos reclamaram da auto- indulgência de Jackson e a suposta megalomania/grandiloquência ultimamente tão recorrente. Pode-se enxergar essas tendências em alguns momentos de " O Hobbit" - lembre dos gigantes de pedra- mas também pode-se enxergar alguns 'flashes' do equilíbrio que tão bem encontrara em períodos anteriores. O fato é que por mais que a idéia de 3 filmes soe como um rendimento à propósitos comerciais, ainda acredito que imperativos artísticos ambiciosos lhe possuem em maior grau.
E essa ambição parece permear todo esse primeiro fragmento que é " Jornada Inesperada"
É esperar para ver.
Mistérios da Carne
4.1 975Drama intenso e pertubador, que trata de forma eficiente o tema da pedofilia.
Dá para se fazer realmente boas análises sobre o tema, simplesmente comparando os efeitos que um trauma desse tipo pode causar: enquanto um dos personagens aflorou a sexualidade o outro reprimiu, ou seja, um ato horrendo que causou efeitos distoantes, basta reparar no filme.
A Viagem
3.7 2,5K Assista AgoraTemática ambiciosa. Creio que tem potencial para ser um marco no gênero, de fato, me gerou expectativas. Resta saber se os Wachowsky brothers e o diretor Tom tykwer vão conseguir correspondê-las. A julgar pelo talento de ambos, creio que sim!
:)
Ted
3.1 3,4K Assista AgoraFilme divertido de macFarlane, apesar de não ser nada muito inovador, rende boas risadas, a interação entre Wahberg e o personagem título- com voz do próprio MacFarlane- funciona e a história, apesar de seguir alguns clichês das comédias românticas, possui bons esquetes no caminho, garantindo um bom entretenimento (talvez a montagem seja um pouco grande, acho que funcionaria melhor se fosse menor)
Dentre os interessados pelo filme ( em ver no cinema), sugiro para que os mesmos assistam logo -antes que o super democrata Protógenes retire-o do cinema.
PS:Ah, e não se esqueçam de olhar a classificação indicativa antes! hehe
Crimes e Pecados
4.0 184Um ótimo filme de Allen, uma espécie de ensaio para a estrutura de seu " Melinda e Melinda", pelo fato de inserir tramas paralelas com enfoques diferentes, um trágico e outro meio que cômico. Interessante abordagem do tema, seguindo aquele estilo simples de narrativa, mas mesclado à idéias interessantes e algumas boas sacadas, como o encerramento.
Não está entre seus melhores filmes, mas ainda assim vale a pena conferir.
PS:Também concordo com as opiniões anteriores de que esse filme tem um pouco da "aura" do seu também bacana "Match point".
Howard Shore: Creating the Lord of the Rings Symphony
4.6 7O problema maior aqui é o resumo do concerto, poderia ser mostrado de forma integral, embora as principais e antológicas composições sejam mostradas em todas a sua diversidade, comprovando a complexidade da engenharia musical que Shore elaborou para esses filmes. Uma pena sua entrevista ser também breve, poderia se estender mais.
Apesar de toda a sintetização, realmente apreciei o registro, além das intercalações com os desenhos de Alan Lee e John Howe. Um espetáculo musical que me faz invejar quem estava lá, contemplando ao vivo.
Nota máxima, apesar da edição curta.
A Turma da Mônica em A Princesa e o Robô
3.7 80De imenso valor nostálgico. :)
Morte em Veneza
4.0 210 Assista AgoraTadzio não é mostrado como uma simples atração carnal por parte do protagonista, acredito que tenha em si um símbolo de pureza que inspira a arte e a transgressão do até então 'quadrado' Gustav. O filme é excelente, de muita sofisticação. Me lembrou bastante "Barry Lyndon", tanto pela fineza quanto pelos zooms de câmera
Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
4.2 6,4K Assista Agora[spoiler][/spoiler]
Confesso que não foi tudo que eu esperava, apesar de ter qualidade, claro. Acho que excesso de personagens em fins de trilogia não é uma boa idéia, , a exemplo de " Homem- Aranha 3" de Raimi. Mas ao contrário de Sam, Nolan consegue criar tensão entre os eventos paralelos, algo que ele já mostrou ser capaz no filme " A origem" que também tem cenas de ação bem ritmadas. O filme, para mim, estava caminhando bem, chegando ao seu ápice na cena que Batman confronta Bane pela primeira vez, é uma cena dramática e tensa, que com certeza é a melhor cena do filme- pena que as outras não atinja o mesmo nível de intensidade dramática e que sua resolução final nunca se compare a esta em termos de "impacto"; acho também que Nolan desmereceu o personagem de Hardy- que está excelente- na reviravolta final do roteiro e, embora ele seja inteligente ao rimar visualmente o destino da personagem de Marion com a do seu pai do primeiro filme- vivido por Liam Neeson- não me senti satisfeito com aquele ponto de virada repentino, sem um melhor desenvolvimento da personagem de Marion... Talvez com mais tempo de metragem ele poderia deixar esse evento mais coerente. Mas, então, de repente senti que Bane passou de vilão visionário e intelectualizado para um simples brutamontes apaixonado, talvez seja um fato já consolidado da Hq, mas isso eu já não posso confirmar.
Esse filme é mais fantasioso que seu antecessor e me incomoda alguns diálogos assim como alguns "furos" que reparei... Mas, enfim, acho que Nolan fez um bom desfecho, não chegou a ser brilhante como o aclamado segundo, mas ainda sim é um bom filme.
Dublê de Corpo
3.7 243 Assista AgoraDe Palma faz homenagens com sofisticação, há inúmeras referências a Hitchcock: e ele não se restringe à estrutura de " Janela indiscreta", pode-se reparar nesse filme flashes de " Disque M para matar" e até mesmo " Um corpo que cai".
No geral, um bom suspense.
Kiriku e a Feiticeira
3.9 187Interessante conto do foclore africano: Kirikou funciona e tem bons momentos, seus supostos 'problemas' acabam por ajudar a dar ao filme um tom próprio. Como as linguagens diferentes adotadas a determinados personagens- como esquilos e robos inimigos- dão uma falta de congruência, e até a animação que não está na excelência técnica na maioria das vezes vistas nos filmes da Disney. Mas, enfim, essa inconsistência acaba por funcionar em Kirikou, que acaba por se destacar em meio a tantas coisas convencionais, afinal.
Filme divertido, vale ver.
Na Estrada
3.3 1,9KA começo de conversa, não li o livro de Kerouac, mas entendo o que representa e, conhecendo sobre a estrutura, a partir de comentários da experiência de lê-lo de certos amigos, pude ter noção que grande desafio representava. Mas, como espectador que não leu o livro, posso afirmar que esse filme de Salles tem muita qualidade. Sendo uma delas, a captação da aura do momento sem ser muito didático, ou seja, Salles não se preocupa em querer fazer uma introdução sobre o que foi a geração beat em si, ele simplesmente nos joga na trama, sabendo que a identificação direta que os espectadores teriam sobre essa obra já antiga- e que ainda ressoa até hoje- é o simples fato de representar essa inconsequência juvenil, essa ânsia universal naturalmente frequente em várias gerações em busca de algo que o faça se sentir realmente vivo. A importância da obra de Kerouac- a meu ver- é justamente a de representante de toda uma geração de jovens transtornados no pós- guerra, era uma época de incerteza, no geral, então, nada como viver um dia como se fosse seu último.
Aproveito para elogiar o elenco, em sua maioria desconhecido, além das ótimas participações de Viggo Mortensen e- quem diria!- Kristen Stewart. xD
Elogiar a fotografia é redundante. Adorei a forma que Salles utiliza-se de símbolos no filme, como no momento em que Salles intercala a imagem de uma estrada em um plano frontal bem equilibrado com a máquina de escrever de San Paradise. Mostrando aqui, que entendeu a metáfora da estrada na obra de Kerouac e como isso é representativo para todos nós andarilhos.
Bom, para finalizar e, parafraseando uma frase de Wim Wenders sobre "road movies" :
" O importante no 'road movie' não é o destino e sim a viagem"
E é bem isso que é o filme, você não sabe quando vai acabar e é até extenso, o legal mesmo foi a experiência de conhecer personagens diversos durante a projeção/viagem.
Fitzcarraldo
4.2 148 Assista AgoraO personagem de Klaus Kinski poderia muito bem ser uma espécie de representação do próprio Herzog nesse filme: o visionário insano que tenta, a todo modo, realizar um desejo deveras dificil. Um ótimo filme, embora o seu registro de produção- cujo nome esqueci- seja melhor do que o próprio filme.
A partir deste longa que, creio eu, Herzog criou a má reputação de explorar sua equipe de produção- aliás, ponto para os esforçados produtores do longa, vi que foi realmente exaustivo viabilizar esse filme, uma verdadeira epopéia.
Memórias
4.0 168 Assista AgoraÓtimo filme de Allen, com bastante influência de Fellini no filme. Muito legal como ele conseguiu fundir essa sua crise de vocação artística- no seu caso, a comédia- com a estética de "8 1/2" de forma tão coerente. Sua crise se assemelha demais com os problemas do personagem do filme citado. Tudo resulta em uma bela história tragicômica.
Enfim," Memórias" merece ficar no top dos melhores de Allen, chegando próximo de pérolas como " Zelig".
Recomendado.
O Que Terá Acontecido a Baby Jane?
4.4 830 Assista AgoraProvavelmente esse filme tenha vindo, em seguida, a influenciar diversos outros do gênero, não creio que devia existir grandes suspenses naquela época- tinha o Hitchcock, acredito- tais como esse. Claro que é só suposição, assim como a sugestão de que ótimos filmes como " Louca Obsessão" tenham tirado um pouco de inspiração nesse longa aqui. Que, aliás, é muito interessante: o filme possui uma Bette Davis inspirada, numa atuação que beira à caricatura, mas se encaixou bem com o estilo do filme; Joan Crawford também se sai bem,com uma personagem mais comedida, alvo dos atos terríveis da personagem de Davis; a atmosfera de suspense, a lei de Murphy nos personagens inocentes... tá tudo lá, todos os clichês do gênero de suspense estão bem equilibrados, sendo bastante difícil decepcionar os adeptos do gênero.
Andrei Rublev
4.3 131O interessante desse filme é a não intenção de buscar autenticidade histórica/biográfica do personagem retratado, ao contrário, Tarkovsky aqui, tenta refletir sobre a natureza da criação artística, o que, de fato, impõe essa ânsia de criação ao artista, que "força-o" a produzir? Ele então, usa da figura do pintor de ícones russo, Andrei Rublev, como ponto inicial nessa busca.
A maioria das pessoas- assim como eu, no início- devem se sentir meio acoadas de se adentrar nesse longa- a grande duração, as tomadas contemplativas do diretor, a complexidade do conceito- essas coisas acabam por afastar um espectador mais casual, daquele tipo que não gostam de enxergar cinema como uma forma artística que possa-o fazer pensar. Mas a questão aqui é muito abrangente para um espectador com pouca noção de linguagem- ou que nem possuem vontade de adentrar e destrinchar a proposta através da forma que se encontra, que é em filme. Andrei Rublev, portanto, é a personificação do próprio Tarkovsky e seus impulsos e crises criativas. Acho realmente fascinante o fato do personagem primeiramente utilizar-se de sua técnica artística para se legitimar como um artista respeitado, para quando finalmente recebe alguma grande proposta de prestígio, ir acabar por refletir sobre o sentido de sua produção, afinal, o que o movia era a fé, e a partir do momento em que a perde, presenciando coisas que iam contra a sua moral, o sentido de sua arte se esvai. Só posteriormente a necessidade de produção artística voltaria, por causa de algo (não considero um grande spoiler) que vocês presenciarão no último capítulo.
Então, ao narrar a história de maneira mais subjetiva, no sentido de que possui pouca linearidade em termos cronológicos, há capítulos em que o personagem- título sequer aparece; o autor cria aqui um filme instigante que nos faz refletir sobre a beleza da criação artística, a fé por algo que acaba por nos impulsionar a produzir.
No começo, interessante reparar, tudo tem uma fotografia PB, talvez por causa dessa futura degeneração da ansiedade artística do protagonista, porém, ao final, o diretor escolhe por preencher de cores sua famosa criação "Trindade", mostrando produções de Rublev.
Mas interessante mesmo, é ele incluir uma passagem em que mostra um belo lugar, com cavalos- que dramatizam diversas cenas- também de forma colorida. Talvez seja o exato momento em que o artista e sua obra se fundem com a natureza que os inspiram.
Bom, apesar de ser um filme "difícil", eu recomendo. Tem um ritmo arrastado que pode- e acredite, irá- afastar diversos cinéfilos, mas sugiro que tentem embarcar no filme e na força de sua proposta. É realmente algo denso e que merece ser visto. Uma obra- prima, apesar de todos os pesares.
Os Vingadores
4.0 6,9K Assista AgoraFilme que cumpre perfeitamente a intenção de entreter: grandes cenas de ação, bom humor, bom elenco e boa direção. Eu que não sou muito conhecedor- nem fã- do universo de heróis da Marvel, saí satisfeito. Tenho certeza que os verdadeiros fãs dos quadrinhos irão se entusiasmar e se empolgar com o filme.
Ps: Gostei da participação de Stan Lee, sempre marcando presença. xD