Um thriller político elegante e carnudo sobre o carrossel sombrio do universo dos lobistas. Felizmente foi lançado em um momento relevante com crimes de armas de fogo aumentando a cada ano nos E.U.A. A paisagem política atual confere a trama um importante sentimento de urgência - As questões como Lobby Político e a reforma da 2ª Emenda da Constituição Americana são mais oportunas do que nunca. Contudo, à medida que a história avança, o enredo perde a credibilidade para o bem de sua trama.
Examina questões sociais importantes e sua mensagem possui algum poder, mas, no final do dia, esse projeto está mais apaixonado por si mesmo em ser um Thriller - do que ser um filme provocador. Jessica Chastain dá uma performance surpreendente digna de prêmios. Ela é o comandante e chefe deste navio - sem Chastain a credibilidade do filme teria afundado. A trama depende 100% do comprometimento dela. Um filme que merece ser conhecido.
Há uma longa história de diagnosticar as mulheres como doentes, cujos desejos e comportamentos não correspondem às normas impostas pela sociedade. O filme a todo instante instiga o público a participar deste debate. A trama aborda a sexualidade e emancipação feminina de sua protagonista, mas nunca escava abaixo da superfície para desafiar essas idéias.
O filme é uma reminiscência desses melodramas que Hollywood e a Europa costumavam produzir décadas atrás. A diretora Nicole Garcia tem uma abordagem clássica para o material, contando com paisagens deslumbrantes - campos de lavanda, saturado pelo calor do verão do sul da França e o mar Mediterrâneo preenchendo a tela. É de tirar o fôlego...
Marion Cotillard estrela e é absolutamente confiável, magnética, e confere a trama um pulso muito necessário. Sua personagem Gabrielle chora e se rebela com requinte, mas o público pode ter dificuldade em simpatizar com seu envolvimento pessoal e histrionismo em contrapartida com seu esposo que é incrivelmente paciente e indulgente.
Os românticos incuráveis devem se render a este belo filme.
É um melodrama sumptuoso e rústico. Retrata dois personagens com problemas que encontram em sua dor mútua, uma ressonância que lhes permitem estabelecer uma cumplicidade única.
Essa cumplicidade não é tão bonita de se ver em tela como o Cinema costumeiramente insiste em retratar em romances. O roteiro opta por um realismo de seus relacionamentos marcados pela guerra. É um melodrama histórico sensível que nunca cede para as instalações narrativas óbvias.
Omar Sy é excepcional em comédias. No entanto, vem mostrando seu potencial para ator dramático como nos sucessos Intocáveis (2011), Samba (2014) e Chocolate (2016), e aqui ele confirma que pode unir drama e comédia em um mesmo filme mais uma vez.
O seu personagem é gentil, divertido e é impossível não gostar dele imediatamente, ele vai de Playboy boa vida para um palhaço triste em um instante, e maquiagem não é necessário, pois a emoção que cria é palpável. Mas, é impossível negar o quanto a trama é convencional, o toque emocional inesperado no final se sente desconexo com sua construção inicial. Mesmo com falhas é um filme inspirador sobre as relações pais e filhos.
É um filme para apaziguar a sede de nostalgia e escapismo de contos de fadas, no entanto a transição da animação tradicional para uma combinação de live-action e uma enxurrada de efeitos especiais perde parte da magia. A fidelidade deste musical em comparação com a animação clássica da Disney é o seu maior acerto e defeito ao mesmo tempo.
O documentário demonstra a habilidade única de James Baldwin de expor as maneiras como o sentimento anti-negro constituía não só a vida social e política americana na década de 60, mas também sua imaginação cultural. Também se alimenta das idéias de Baldwin para iluminar nossa própria realidade contemporânea.
Usa cenas de vários filmes antológicos para mostrar como Hollywood ao longo dos anos trafica estereótipos de uma possível "Ameaça Negra", e subserviência da inocência e pureza branca. Em um movimento reflexivo, então, o filme de Raoul Peck também se torna um comentário sobre uma indústria cinematográfica norte-americana que estava empenhada em reificar estereótipos raciais e em perpetuar uma ficção da América como o maior fornecedor de liberdade, democracia e felicidade.
É um retrato notável da vida de Baldwin e mais amplamente do dilema racial dos Estados Unidos. É um efeito adequado para um filme sobre um escritor que exibiu uma rara vulnerabilidade em seu trabalho, revelando sua própria experiência pessoal como texto para auto-reflexão nacional.
Quando Ridley Scott fez Alien em 79, reinventou o gênero de horror criando uma das criaturas mais icônicas em celuloide. Os tenebrosos corredores escuros do Nostromo e a lenta construção de um destino iminente para todos os que estavam a bordo causaram medo no público e provaram que a ficção científica poderia ser aterrorizante.
Esse prequel tenta explicar parte da mitologia da série, mas é uma trama que se afoga em sua própria ambição. Tenta a todo custo criar uma mitologia para série, mas falta a tensão e o horror que fizeram do primeiro filme um clássico absoluto.
Essa expansão do universo, responde perguntas deixadas no filme anterior Prometheus (2012), mas é desanimadora a construção dos personagens e a enxurrada de CGI que empobrecem toda a experiência. É agradável a um certo grau de fácil entretenimento. Infelizmente, apesar do título, Alien: Covenant é mais Prometheus do que Alien.
O filme brinca com o público o tempo inteiro. Ele é ou, não é? Mais detalhes são colocados em jogo; Ele fala com um sotaque catalão (apropriado para o lugar); Ele foi fisicamente, se não mentalmente, abusado; Ele é mentiroso?; Oportunista? - Suas ações são determinadas por uma memória ressurgente ou são apenas a estratégia de sobrevivência- São perguntas e respostas que são dadas de maneira cautelosamente implícita.
É um filme que nos deixa com pensamentos muito tempo depois que os créditos terminam de rolar. O público pode passar horas tentando digerir, absorver e quebrar os diferentes níveis e juntar o quebra-cabeça para dar significado às imagens, sons e comportamento dos personagens que assistiram de perto. É como ser um detetive tentando descobrir quem está mentindo e por quê.
É uma peça sublime de entretenimento POP sobre o que significa pertencer a uma família, e a bagunça que muitas vezes acompanha tais conexões. O equilíbrio atingido aqui entre comédia e drama é a maior façanha. Mesmo que algumas piadas não funcionem.
A abordagem do diretor James Gunn para esta seqüência é interessante; Em vez de seguir a abordagem expansiva, bombástica, ele vai na contramão para um estilo mais singular e idiossincrático. A trama é menos sobre explorar a galáxia, e mais sobre interagir uns com os outros.
É um filme de super-herói que se concentra mais em personagens e seus arcos, em vez do espetáculo e funciona incrivelmente. Mas, que não se esquece por um segundo que é uma eXtravagância espacial.
É um filme político, satírico, inteligente, mas ainda assim é assustador como o inferno. Realmente não posso acreditar que esta é a estréia do diretor Jordan Peele.
As percepções de Peele sobre as relações raciais contemporâneas são estranhamente realistas, perfeitamente apresentadas, mesmo quando os riscos inevitavelmente aumentam para o absurdo. Seus ajustes de estereótipos e percepções raciais são importantes. Provavelmente a melhor subversão reside na máxima dos filmes de terror: "cara negro morre primeiro".
A estréia de Peele cumpre o que é indiscutivelmente a função mais valiosa do horror; Que é a capacidade de abraçar as partes medonhas e desdenhosas da sociedade e ter uma espécie de riso perturbado por ela. É uma trama corajosa, presciente e desafiadora. Um dos melhores filmes de 2017!
Vivemos uma época de grandes Blockbuster's que dominam as bilheterias, raramente há algo original a ser visto. Infelizmente quando há algo original a ser visto, naufragam nas bilheterias. Este é um grande filme com uma premissa peculiar e algum subtexto profundo.
É um filme único em seus próprios termos. Tem a premissa de Godzilla, mas com estrutura própria para se definir em vez de manter a sua influência. Não é apenas um filme de monstros, mas uma trama de dobra de gêneros. O diretor Nacho Vigalondo cria este mundo, que por acaso tem kaiju's e robôs gigantes, mas no fundo retrata a eterna luta do bem versus mal. Esses kaijus são apenas um portal para a psique dos protagonistas.
O que é mais único é a maneira que desenvolve este universo particular e como os personagens estão conectados a essas criaturas. O roteiro esculpe personagens multidimensionais que vêem seus arcos e conclusões como seres humanos reais. Não importa quão fantástico o filme pode se tornar, o núcleo humano sempre brilha e é o que faz com que seja um sucesso. É ao mesmo tempo ambicioso e divertido.
Tratar estereótipos étnicos no Cinema não é uma tarefa fácil. Este é um exercício de corda bamba constante entre dois extremos constituídos tanto pela sátira irreverente por um lado, quanto pela responsabilidade social que retrata. O diretor Lucien Jean-Baptiste tem em seu currículo outro filme que dialoga bem com essa temática La Première Étoile (2009) sobre uma família negra francesa que decide passar as férias nos Alpes.
Nesta nova incursão, a trama basicamente quebra a temática racial no meio ao inverter sua problemática. Não é mais uma família branca que julga as escolhas de seus filhos que decidem se casar com pessoas de origem estrangeira, ou de um casal branco que decide adotar uma criança negra, mas de uma família negra que aceita adotar uma criança branca. Basicamente, a trama levanta o mesmo problema: a aceitação das diferenças, em que o peso da tradição ainda é fortemente presente. Ou, seja a comédia trabalha para mencionar os problemas fundamentais da nossa sociedade, ou seja, o racismo e a caracterização étnica (que é algo pernicioso e incutido em nossa sociedade).
Nós não rimos apenas da situação básica (uma criança branca adotada por um casal de negros), mas também por todo o contexto envolvendo essa inversão de papeis que estão em nosso imaginário. Um filme que carrega um olhar peculiar sobre a adoção, e a dificuldade de ser negro na sociedade francesa. É satírico, crítico e divertido ao mesmo tempo. Merece ser conhecido.
A peça de Shakespeare confina a maior parte da violência de Macbeth fora do palco, o diretor Roman Polanski a move, lâminas, sangue e tudo, para o centro de sua adaptação: os olhos são arrancados, as gargantas são fendidas e as cabeças cortadas.
Ao focalizar as violentas realidades da guerra e dos assassinatos, Polanski torna a peça mais fria que seu análogo textual. Desfazendo os aspectos simpáticos inerentes à maioria dos personagens de Shakespeare, o diretor reduz até mesmo o nobre Macduff a um mero instrumento de vingança, enquanto o próprio Macbeth, pela brutalidade total de suas ações mostradas, torna-se positivamente monstruoso. A tragédia neste Macbeth não é encontrada em seu protagonista, mas na situação dos mortos.
A linguagem evocativa de Shakespeare permanece intacta. E torna a tragédia de Macbeth de Polanski em uma obra profundamente sombria, contada, por um diretor no auge de seus poderes.
A abordagem naturalista do diretor Joachim Lafosse é perfeita para este tipo de olhar íntimo para a tristeza que envolve o término de um casamento.
A trama basicamente coloca o espectador na posição desajeitada dos filhos ou amigos que têm de assistir um casal sob o mesmo teto vivenciando o desmantelamento dos complicados laços físicos e emocionais formados durante um longo relacionamento.
Parece instigar uma interessante questão: Que quando o amor entre duas pessoas se dissipa, mas eles são mantidos dentro da órbita uns dos outros por filhos ou questões materiais, como eles colocam para descansar as memórias que são forçados a habitar?
A experiência pessoal pode muito bem ditar a empatia que podemos demonstrar tanto de um lado quanto para outro, embora a verdade inescapável permanece, que mesmo se você decidir se separar de alguém que uma vez significou tanto, sua conexão parental é algo que não pode ser deixado para trás. Um drama humano sem firulas que os europeus transpõem melhor para o Cinema.
É um suntuoso Western com uma perspectiva feminina em uma estrutura de 4 capítulos não-lineares. É certamente único em sua proposta.
Deixando de lado a possibilidade do aspecto espectral, os capítulos que exploram o passado da protagonista, em primeiro lugar, mostram a brutalidade de um velho Oeste muito conhecido - no qual os duelos entre pistoleiros e a atividade nos bordéis nunca param - para depois ir em profundidade para outros temas como: O lar de uma família de imigrantes europeus onde a religião reina e, ao mesmo tempo, justifica as ações mais cruéis.
Exibe, do ponto de vista feminino, o lado brutal do patriarcado no Oeste Selvagem Americano, aceito devido às regras impostas em um lugar específico em conveniência, obviamente, do patriarca. Assim, o filme expõe sem reservas a objetivação sexual das mulheres.
O diálogo (e, muitas vezes, a falta dele) é executado com precisão. A trama apresenta temas espinhosos como abuso sexual, incesto, pedofilia, estupro, prostituição infantil e fanatismo religioso. No entanto, toca em todos estes temas de modo áspero. É filmado com uma beleza ímpar, o que é uma justaposição ao forte conteúdo gráfico que apresenta.
É um filme violento e intransigente. Para aqueles que podem lidar com a desolação e brutalidade do conteúdo será recompensado com uma história incrível. É sem dúvidas, um dos Western híbridos mais poderosos da memória recente.
Um filme que confronta os espectadores com a beleza da imperfeição, o estigma da deformidade e a doença da mente humana.
Segue algumas pessoas fisicamente deformadas e como eles tentam encontrar seu lugar em um mundo "normal". Para alguns, suas deformidades significam que o mundo normal os assaltará sexualmente, tentando mantê-los escondidos, perversamente cobiçá-los, rir de suas faces, explorá-los, adorá-los e para a maioria deles uma combinação de tudo isso.
Esses Outsiders vivem vidas herméticas, criam seu próprio mundo dentro de seus interiores impecáveis e elegantes. Seu contato com o mundo exterior geralmente termina em desgosto ou fetichização; De qualquer forma eles nunca podem esquecer sua aparência alternativa.
Combinado com uma estética radical de plástico cor-de-rosa com roxo e temas ousados, a estreia do diretor Eduardo Casanova é mais que promissora. Os personagens são adoráveis e os capítulos vão desde o comicamente absurdo ao moralmente confuso. Merece ser conhecido.
O poder do silêncio no Cinema. Às vezes, as imagens não precisam de palavras para acompanhá-las para obter o seu ponto de vista. Como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras.
É um conto atemporal de aceitação da própria circunstância de como o amor pode vir do mais improvável dos lugares. Nenhuma palavra é dita, mas tudo é sentido.
A vida é preciosa, terrível, mágica, humorística, triste e absolutamente bela, muito parecida com esta animação.
Este não é um filme "para" negros: é um filme "para" todos. Absolutamente todos. É um filme que consegue estabelecer uma empatia com um protagonista que, para a maioria das pessoas que leem sua sinopse, poderiam categoriza-lo como uma trama muito distante de suas próprias vidas e suas próprias experiências. Há um mistério e uma mágica em como o escritor e diretor Barry Jenkins conduz a trama.
Chiron é pobre, negro e gay (embora o último deles não seja algo que pareça confortável em voz alta), raramente o Cinema americano aborda esse tipo de personagem sem recorrer a estereótipos fáceis e caricatos, muito menos com tal graça e poesia. É um filme estruturado em três atos que deslizam uns sobre os outros com três atores e três instancias da vida (infância, adolescência e vida adulta). Há um pequeno número de pessoas que podem assistir, e dizer honestamente que o personagem principal: "...é como eu." O filme, no entanto, faz sua experiência se sentir Universal e inesquecível, como sua história é a sua história. Suponho que é capaz de fazer isso na maneira em que somos imersos em sua vida nas diferentes instâncias que são retratadas. É quase como uma realidade virtual emocional: enquanto você está sentado conferindo, você é ele.
A trama reconhece os ciclos destrutivos da pobreza, violências, do crime, da autoimagem. Ao mesmo tempo, evita todos os estereótipos sobre identidade, raça, cultura e sexualidade, e realiza essa proeza à custa do pequeno e desolador estudo de caráter que está em seu centro. A questão do que realmente significa ser um homem ganha uma nova ressignificação Filmes como este são tão escassos como a água no deserto. Não tenho dúvidas de se tratar do melhor filme de 2016.
É um drama poderoso. É acima de tudo um retrato de um homem muito complexo que luta para criar uma família, enquanto culpa o mundo ao seu redor e reflete sobre os eventos de sua vida. O roteiro de August Wilson é uma parábola sobre a condição humana, o poder de moldar a própria vida, e os fantasmas de sonhos fracassados em autoridade sobre os nossos descendentes. É robusto, espirituoso, emotivo e explícito em camadas de poesia. Denzel Washington dirige e estrela, claramente tem grande respeito e reverência pela peça de Wilson, o que parece limitá-lo em respirar demais na peça. Contudo, encontra a beleza na simplicidade.
É um filme sem uma pausa para respirar, e não há um momento em que queremos que eles parem. Washington habilmente deixa sua câmera sobre o elenco, movendo-se como parte dele, nunca intrusiva e sempre envolvente. Não é cinematográfico o suficiente para fazer você esquecer que está vendo uma peça filmada, mas é feliz em captar a intensidade, a emoção de um grande evento teatral.
Há uma cerca literal no centro da trama, talvez não ressoa na tela da maneira que faz no palco. Não é uma metáfora viva. As "cercas" que são construídas, ressaltam a barreira que o personagem de Denzel ergueu entre ele, sua esposa e seus filhos, reconhece a injustiça histórica contra o povo negro, mas nos lembra que todos nós somos humanos e cometermos erros que geralmente vêm à custa de nossas próprias falhas pessoais. O desempenho de Viola Davis é devastador, e às vezes insuportavelmente doloroso de assistir, como luta para manter o equilíbrio no caos. Quando ela muda a dor dos fracassos percebidos "dele" para "ele", é uma das cenas mais memoráveis, honestas e dolorosas do filme. A química que ela e Denzel Washington compartilham estão entre as melhores da década.
É um exame fascinante e preocupante sobre a família e expõe: Esperança, paixões e dor, aceitação e negação. Somos produtos de nossos tempos, as casas em que nascemos, e a linhagem do qual fazemos parte pode formar muito mais do que somos. Pode ser o que nós nos tornaremos. Essa é uma verdade que muitas vezes só os outros podem ver. É um filme de grande importância, e com uma mensagem atemporal.
É uma trama de sensação boa que incomoda, um filme baseado em eventos históricos que se sente tanto relevante como novo. A trama capta com habilidade a energia febril a corrida espacial durante a guerra fria entre Russos e Americanos, no entanto, muito do que mantém o filme de ponta a ponta vem de sua ressonância contemporânea sobre o racismo e sexismo vigente até hoje.
Não é um filme irritado, ou de julgamentos, mas de instrução. As mulheres desta trama usam suas mentes brilhantes, - enxergam números que outros não podem ver, realizam cálculos complexos para viagens espaciais - mas, são figuras desconhecidas, tanto por serem mulheres quanto por serem negras. A trama pode ser acusada de tratar o racismo com uma simplicidade simplista, mas o faz com excelência. Se assemelha mais a um conto de fadas do que um exame sério de seus problemas. Sua simplicidade consegue tornar palatável a um público maior, o que é sua proposta. No entanto, é completamente consciente, e ao mesmo tempo pessoal do assunto que trata. A ideia que o racismo existe e termina até tornar-se inconveniente para os interesses mútuos é... bem, mais próxima da verdade que inconvenientemente impera dos dias atuais.
É dominado por performances fantásticas, enérgicas e muitas vezes comoventes de suas três protagonistas, e reforçado pelo trabalho silencioso, mas ainda excelente do elenco de apóio. A revelação neste elenco, porém, é a cantora Janelle Monáe. Aqui, é o centro espiritual do filme, uma mulher de convicção notável que vê o mundo como ele é, mas se recusa a aceitá-lo. O escopo do filme em si é íntimo: trata-se de conquistar a custódia sobre o direito fundamental à dignidade, o direito de ir trabalhar e fazer o seu trabalho como todo mundo sem ser espreitado por conta de sua raça ou gênero. Estes são privilégios básicos, que talvez exija uma abordagem básica. Um trabalho que vai inspirar mulheres negras em todo o mundo. A opressão não pode prender alguém para baixo na busca de lutar por seus sonhos e ideais.
Parece irônico, Mel Gibson, um diretor que demonstra uma clara fascinação e habilidade com a violência na tela, assumir um filme como este, sobre a vida e o heroísmo de um soldado pacifista que se recusou a usar armas. No entanto, Gibson é um ajuste natural para a história, que, assim como seus outros filmes, gira em torno de um homem que tem uma relação íntima com a violência e cuja devoção à sua fé é inabalável.
O filme é efetivamente dividido em duas partes, a primeira é uma biografia padrão e sem floreios, enquanto a segunda parte é quando Gibson se solta e descreve a guerra da maneira mais violenta e crua possível. Para o homem que recriou a famosa crucificação de Jesus Cristo como um festival de tortura e horror, é evidente que o resultado final entrega algumas das imagens mais sangrentas que o gênero já viu.
O sucesso de qualquer filme biográfico baseia-se na habilidade do ator principal de humanizar quem quer que seja, e Andrew Garfield faz exatamente isso. Mas, é Mel Gibson que leva o filme a outro patamar. Ele é um artista febril, e não há um segundo em seu filme que não transpareça a sua intensidade peculiar. Este é um filme de guerra não sobre a glória da luta, não sobre a glória de morrer, mas sobre a glória do altruísmo.
A tese fundamental da trama é que o intelecto e compaixão serão a salvação da humanidade. O filme se preocupa com a forma como reagimos ao medo e a tragédia. A nossa interpretação é inteiramente única. Há evidências que afirmam que não sabemos como as percepções diferenciam até que tenhamos uma palavra anexada a ela, por exemplo, podemos ver o amarelo, mas até que conhecemos a palavra amarela, o amarelo é indistinguível. Em um plano semelhante, as emoções são tão inexploradas em termos de potencial linguístico. Nosso espectro emocional é vasto e indefinível, mas para articular como sentimos recorremos a um pequeno conjunto de palavras para descrevê-las.
Uma vez que surgem novas palavras e se integram em nosso vocabulário coletivo, somos capazes de descrever nossos sentimentos melhor e, subsequentemente, temos uma capacidade aumentada de empatia e razão uns com os outros. Essa capacidade linguística expandida, obviamente estendendo-se a falantes bilíngues, é dito para oferecer um outro meio de perceber o mundo. Esta é a visão básica de "A Chegada". Que se encontrarmos outra espécie tão radicalmente diferente da nossa, a única maneira realista de se conectar e se comunicar verdadeiramente com eles é mergulhar completamente no que eles estão vendo, pensando e sentindo. Para nos absorvermos em seu mundo. Encontrar uma maneira diferente e assustadoramente nova de ver - Um conceito que muitos veementemente se opõem ao fim da Terra.
A necessidade de decifrar uma linguagem extraterrestre não é diferente da nossa própria necessidade de simplesmente falar com aqueles que se opõem a nós, e se comunicar com aqueles que tememos. As palavras têm um significado tangível e importante. A trama é um lembrete que a comunicação oferece o melhor caminho para a humanidade. Uma luz brilhante em um mundo de incertezas preocupantes. Os desafios devem ser resolvidos com o cérebro, não com os músculos...Temos a capacidade de ser grandes, mas desperdiçamos com ignorância e preconceitos. O diretor Denis Villeneuve fornece o corpo essencial, complexo e reflexivo a este Sci-Fi, e Amy Adams fornece a humanidade que o transforma em algo verdadeiramente especial. Merece ser visto e revisto. Um dos Melhores filmes de 2016.
É uma trama que se disfarça como um drama suave e sofisticado no início, mas mostra que é corajoso e brutal quando a história avança. O diretor Tom Ford combina brilhantemente sua complexa abordagem da narrativa de "história dentro de uma história", fazendo com que o mundo ficcional espelhe, contraste ou exemplifique a realidade da relação entre os personagens. Falando dos personagens, todos os atores dão performances de alto nível, especialmente Jake Gyllenhaal e Michael Shannon.
É um elegante conto torcido de vingança que nunca deixa de atrair o público ainda mais para sua complicada conspiração final. É também um filme incitador, que irá claramente dividir sua audiência. É frio, amargo e muito cínico. Questiona a natureza e a fragilidade do julgamento humano e pergunta se podemos confiar em como vemos as coisas nós mesmos. É uma meta-narrativa sobre críticas ou arte em geral ou talvez isso é só eu projetando. É um filme de vingança que se manifesta através da sugestão e da violência psicológica, e não através da ação e da violência física. Obra-prima.
O enredo pode parecer familiar, e muitos podem se perguntar: Por que três horas se este cenário simples pode ser encurtado em um filme de 1 hora e meia? - Acontece que Toni Erdmann é mais complexo do que qualquer um poderia pensar. Confia na inteligência da audiência em acolher estes seres humanos adoráveis e defeituosos, enquanto suas vidas mundanas começam a evoluir para uma aprendizagem mútua envolvida em um humor absolutamente absurdo. E o público não sente que é tão longo devido ao enredo dinâmico e a excelente capacidade da diretora em contar histórias com atuações que vão simplesmente explodir sua mente.
É uma ambiciosa e profundamente perceptível comédia humanista que observa os laços familiares entre pai e filha, e apresenta um passo além da sua premissa simplista capturando a estranheza da monotonia diária, enquanto reconhece o valor dos relacionamentos.
Armas na Mesa
4.0 222 Assista AgoraUm thriller político elegante e carnudo sobre o carrossel sombrio do universo dos lobistas. Felizmente foi lançado em um momento relevante com crimes de armas de fogo aumentando a cada ano nos E.U.A. A paisagem política atual confere a trama um importante sentimento de urgência - As questões como Lobby Político e a reforma da 2ª Emenda da Constituição Americana são mais oportunas do que nunca. Contudo, à medida que a história avança, o enredo perde a credibilidade para o bem de sua trama.
Examina questões sociais importantes e sua mensagem possui algum poder, mas, no final do dia, esse projeto está mais apaixonado por si mesmo em ser um Thriller - do que ser um filme provocador. Jessica Chastain dá uma performance surpreendente digna de prêmios. Ela é o comandante e chefe deste navio - sem Chastain a credibilidade do filme teria afundado. A trama depende 100% do comprometimento dela. Um filme que merece ser conhecido.
Um Instante de Amor
3.6 93 Assista AgoraHá uma longa história de diagnosticar as mulheres como doentes, cujos desejos e comportamentos não correspondem às normas impostas pela sociedade. O filme a todo instante instiga o público a participar deste debate. A trama aborda a sexualidade e emancipação feminina de sua protagonista, mas nunca escava abaixo da superfície para desafiar essas idéias.
O filme é uma reminiscência desses melodramas que Hollywood e a Europa costumavam produzir décadas atrás. A diretora Nicole Garcia tem uma abordagem clássica para o material, contando com paisagens deslumbrantes - campos de lavanda, saturado pelo calor do verão do sul da França e o mar Mediterrâneo preenchendo a tela. É de tirar o fôlego...
Marion Cotillard estrela e é absolutamente confiável, magnética, e confere a trama um pulso muito necessário. Sua personagem Gabrielle chora e se rebela com requinte, mas o público pode ter dificuldade em simpatizar com seu envolvimento pessoal e histrionismo em contrapartida com seu esposo que é incrivelmente paciente e indulgente.
Os românticos incuráveis devem se render a este belo filme.
L'Odeur de la mandarine
3.1 2É um melodrama sumptuoso e rústico. Retrata dois personagens com problemas que encontram em sua dor mútua, uma ressonância que lhes permitem estabelecer uma cumplicidade única.
Essa cumplicidade não é tão bonita de se ver em tela como o Cinema costumeiramente insiste em retratar em romances. O roteiro opta por um realismo de seus relacionamentos marcados pela guerra. É um melodrama histórico sensível que nunca cede para as instalações narrativas óbvias.
Uma Família de Dois
4.0 268 Assista AgoraOmar Sy é excepcional em comédias. No entanto, vem mostrando seu potencial para ator dramático como nos sucessos Intocáveis (2011), Samba (2014) e Chocolate (2016), e aqui ele confirma que pode unir drama e comédia em um mesmo filme mais uma vez.
O seu personagem é gentil, divertido e é impossível não gostar dele imediatamente, ele vai de Playboy boa vida para um palhaço triste em um instante, e maquiagem não é necessário, pois a emoção que cria é palpável. Mas, é impossível negar o quanto a trama é convencional, o toque emocional inesperado no final se sente desconexo com sua construção inicial. Mesmo com falhas é um filme inspirador sobre as relações pais e filhos.
A Bela e a Fera
3.9 1,6K Assista AgoraÉ um filme para apaziguar a sede de nostalgia e escapismo de contos de fadas, no entanto a transição da animação tradicional para uma combinação de live-action e uma enxurrada de efeitos especiais perde parte da magia. A fidelidade deste musical em comparação com a animação clássica da Disney é o seu maior acerto e defeito ao mesmo tempo.
Eu Não Sou Seu Negro
4.5 136 Assista AgoraO documentário demonstra a habilidade única de James Baldwin de expor as maneiras como o sentimento anti-negro constituía não só a vida social e política americana na década de 60, mas também sua imaginação cultural. Também se alimenta das idéias de Baldwin para iluminar nossa própria realidade contemporânea.
Usa cenas de vários filmes antológicos para mostrar como Hollywood ao longo dos anos trafica estereótipos de uma possível "Ameaça Negra", e subserviência da inocência e pureza branca. Em um movimento reflexivo, então, o filme de Raoul Peck também se torna um comentário sobre uma indústria cinematográfica norte-americana que estava empenhada em reificar estereótipos raciais e em perpetuar uma ficção da América como o maior fornecedor de liberdade, democracia e felicidade.
É um retrato notável da vida de Baldwin e mais amplamente do dilema racial dos Estados Unidos. É um efeito adequado para um filme sobre um escritor que exibiu uma rara vulnerabilidade em seu trabalho, revelando sua própria experiência pessoal como texto para auto-reflexão nacional.
Alien: Covenant
3.0 1,2K Assista AgoraQuando Ridley Scott fez Alien em 79, reinventou o gênero de horror criando uma das criaturas mais icônicas em celuloide. Os tenebrosos corredores escuros do Nostromo e a lenta construção de um destino iminente para todos os que estavam a bordo causaram medo no público e provaram que a ficção científica poderia ser aterrorizante.
Esse prequel tenta explicar parte da mitologia da série, mas é uma trama que se afoga em sua própria ambição. Tenta a todo custo criar uma mitologia para série, mas falta a tensão e o horror que fizeram do primeiro filme um clássico absoluto.
Essa expansão do universo, responde perguntas deixadas no filme anterior Prometheus (2012), mas é desanimadora a construção dos personagens e a enxurrada de CGI que empobrecem toda a experiência. É agradável a um certo grau de fácil entretenimento. Infelizmente, apesar do título, Alien: Covenant é mais Prometheus do que Alien.
A Próxima Pele
2.8 80 Assista AgoraO filme brinca com o público o tempo inteiro. Ele é ou, não é? Mais detalhes são colocados em jogo; Ele fala com um sotaque catalão (apropriado para o lugar); Ele foi fisicamente, se não mentalmente, abusado; Ele é mentiroso?; Oportunista? - Suas ações são determinadas por uma memória ressurgente ou são apenas a estratégia de sobrevivência- São perguntas e respostas que são dadas de maneira cautelosamente implícita.
É um filme que nos deixa com pensamentos muito tempo depois que os créditos terminam de rolar. O público pode passar horas tentando digerir, absorver e quebrar os diferentes níveis e juntar o quebra-cabeça para dar significado às imagens, sons e comportamento dos personagens que assistiram de perto. É como ser um detetive tentando descobrir quem está mentindo e por quê.
Guardiões da Galáxia Vol. 2
4.0 1,7K Assista AgoraÉ uma peça sublime de entretenimento POP sobre o que significa pertencer a uma família, e a bagunça que muitas vezes acompanha tais conexões. O equilíbrio atingido aqui entre comédia e drama é a maior façanha. Mesmo que algumas piadas não funcionem.
A abordagem do diretor James Gunn para esta seqüência é interessante; Em vez de seguir a abordagem expansiva, bombástica, ele vai na contramão para um estilo mais singular e idiossincrático. A trama é menos sobre explorar a galáxia, e mais sobre interagir uns com os outros.
É um filme de super-herói que se concentra mais em personagens e seus arcos, em vez do espetáculo e funciona incrivelmente. Mas, que não se esquece por um segundo que é uma eXtravagância espacial.
Corra!
4.2 3,6K Assista AgoraÉ um filme político, satírico, inteligente, mas ainda assim é assustador como o inferno. Realmente não posso acreditar que esta é a estréia do diretor Jordan Peele.
As percepções de Peele sobre as relações raciais contemporâneas são estranhamente realistas, perfeitamente apresentadas, mesmo quando os riscos inevitavelmente aumentam para o absurdo. Seus ajustes de estereótipos e percepções raciais são importantes. Provavelmente a melhor subversão reside na máxima dos filmes de terror: "cara negro morre primeiro".
A estréia de Peele cumpre o que é indiscutivelmente a função mais valiosa do horror; Que é a capacidade de abraçar as partes medonhas e desdenhosas da sociedade e ter uma espécie de riso perturbado por ela. É uma trama corajosa, presciente e desafiadora. Um dos melhores filmes de 2017!
Colossal
3.1 340 Assista AgoraVivemos uma época de grandes Blockbuster's que dominam as bilheterias, raramente há algo original a ser visto. Infelizmente quando há algo original a ser visto, naufragam nas bilheterias. Este é um grande filme com uma premissa peculiar e algum subtexto profundo.
É um filme único em seus próprios termos. Tem a premissa de Godzilla, mas com estrutura própria para se definir em vez de manter a sua influência. Não é apenas um filme de monstros, mas uma trama de dobra de gêneros. O diretor Nacho Vigalondo cria este mundo, que por acaso tem kaiju's e robôs gigantes, mas no fundo retrata a eterna luta do bem versus mal. Esses kaijus são apenas um portal para a psique dos protagonistas.
O que é mais único é a maneira que desenvolve este universo particular e como os personagens estão conectados a essas criaturas. O roteiro esculpe personagens multidimensionais que vêem seus arcos e conclusões como seres humanos reais. Não importa quão fantástico o filme pode se tornar, o núcleo humano sempre brilha e é o que faz com que seja um sucesso. É ao mesmo tempo ambicioso e divertido.
Ele Tem Mesmo os Seus Olhos
3.6 53Tratar estereótipos étnicos no Cinema não é uma tarefa fácil. Este é um exercício de corda bamba constante entre dois extremos constituídos tanto pela sátira irreverente por um lado, quanto pela responsabilidade social que retrata. O diretor Lucien Jean-Baptiste tem em seu currículo outro filme que dialoga bem com essa temática La Première Étoile (2009) sobre uma família negra francesa que decide passar as férias nos Alpes.
Nesta nova incursão, a trama basicamente quebra a temática racial no meio ao inverter sua problemática. Não é mais uma família branca que julga as escolhas de seus filhos que decidem se casar com pessoas de origem estrangeira, ou de um casal branco que decide adotar uma criança negra, mas de uma família negra que aceita adotar uma criança branca. Basicamente, a trama levanta o mesmo problema: a aceitação das diferenças, em que o peso da tradição ainda é fortemente presente. Ou, seja a comédia trabalha para mencionar os problemas fundamentais da nossa sociedade, ou seja, o racismo e a caracterização étnica (que é algo pernicioso e incutido em nossa sociedade).
Nós não rimos apenas da situação básica (uma criança branca adotada por um casal de negros), mas também por todo o contexto envolvendo essa inversão de papeis que estão em nosso imaginário. Um filme que carrega um olhar peculiar sobre a adoção, e a dificuldade de ser negro na sociedade francesa. É satírico, crítico e divertido ao mesmo tempo. Merece ser conhecido.
Macbeth
3.9 51A peça de Shakespeare confina a maior parte da violência de Macbeth fora do palco, o diretor Roman Polanski a move, lâminas, sangue e tudo, para o centro de sua adaptação: os olhos são arrancados, as gargantas são fendidas e as cabeças cortadas.
Ao focalizar as violentas realidades da guerra e dos assassinatos, Polanski torna a peça mais fria que seu análogo textual. Desfazendo os aspectos simpáticos inerentes à maioria dos personagens de Shakespeare, o diretor reduz até mesmo o nobre Macduff a um mero instrumento de vingança, enquanto o próprio Macbeth, pela brutalidade total de suas ações mostradas, torna-se positivamente monstruoso. A tragédia neste Macbeth não é encontrada em seu protagonista, mas na situação dos mortos.
A linguagem evocativa de Shakespeare permanece intacta. E torna a tragédia de Macbeth de Polanski em uma obra profundamente sombria, contada, por um diretor no auge de seus poderes.
A Economia do Amor
3.3 9 Assista AgoraA abordagem naturalista do diretor Joachim Lafosse é perfeita para este tipo de olhar íntimo para a tristeza que envolve o término de um casamento.
A trama basicamente coloca o espectador na posição desajeitada dos filhos ou amigos que têm de assistir um casal sob o mesmo teto vivenciando o desmantelamento dos complicados laços físicos e emocionais formados durante um longo relacionamento.
Parece instigar uma interessante questão: Que quando o amor entre duas pessoas se dissipa, mas eles são mantidos dentro da órbita uns dos outros por filhos ou questões materiais, como eles colocam para descansar as memórias que são forçados a habitar?
A experiência pessoal pode muito bem ditar a empatia que podemos demonstrar tanto de um lado quanto para outro, embora a verdade inescapável permanece, que mesmo se você decidir se separar de alguém que uma vez significou tanto, sua conexão parental é algo que não pode ser deixado para trás. Um drama humano sem firulas que os europeus transpõem melhor para o Cinema.
Amaldiçoada
3.8 372 Assista AgoraÉ um suntuoso Western com uma perspectiva feminina em uma estrutura de 4 capítulos não-lineares. É certamente único em sua proposta.
Deixando de lado a possibilidade do aspecto espectral, os capítulos que exploram o passado da protagonista, em primeiro lugar, mostram a brutalidade de um velho Oeste muito conhecido - no qual os duelos entre pistoleiros e a atividade nos bordéis nunca param - para depois ir em profundidade para outros temas como: O lar de uma família de imigrantes europeus onde a religião reina e, ao mesmo tempo, justifica as ações mais cruéis.
Exibe, do ponto de vista feminino, o lado brutal do patriarcado no Oeste Selvagem Americano, aceito devido às regras impostas em um lugar específico em conveniência, obviamente, do patriarca. Assim, o filme expõe sem reservas a objetivação sexual das mulheres.
O diálogo (e, muitas vezes, a falta dele) é executado com precisão. A trama apresenta temas espinhosos como abuso sexual, incesto, pedofilia, estupro, prostituição infantil e fanatismo religioso. No entanto, toca em todos estes temas de modo áspero. É filmado com uma beleza ímpar, o que é uma justaposição ao forte conteúdo gráfico que apresenta.
É um filme violento e intransigente. Para aqueles que podem lidar com a desolação e brutalidade do conteúdo será recompensado com uma história incrível. É sem dúvidas, um dos Western híbridos mais poderosos da memória recente.
Peles
3.4 590 Assista AgoraUm filme que confronta os espectadores com a beleza da imperfeição, o estigma da deformidade e a doença da mente humana.
Segue algumas pessoas fisicamente deformadas e como eles tentam encontrar seu lugar em um mundo "normal". Para alguns, suas deformidades significam que o mundo normal os assaltará sexualmente, tentando mantê-los escondidos, perversamente cobiçá-los, rir de suas faces, explorá-los, adorá-los e para a maioria deles uma combinação de tudo isso.
Esses Outsiders vivem vidas herméticas, criam seu próprio mundo dentro de seus interiores impecáveis e elegantes. Seu contato com o mundo exterior geralmente termina em desgosto ou fetichização; De qualquer forma eles nunca podem esquecer sua aparência alternativa.
Combinado com uma estética radical de plástico cor-de-rosa com roxo e temas ousados, a estreia do diretor Eduardo Casanova é mais que promissora. Os personagens são adoráveis e os capítulos vão desde o comicamente absurdo ao moralmente confuso. Merece ser conhecido.
A Tartaruga Vermelha
4.1 392 Assista AgoraO poder do silêncio no Cinema. Às vezes, as imagens não precisam de palavras para acompanhá-las para obter o seu ponto de vista. Como diz o ditado, uma imagem vale mais que mil palavras.
É um conto atemporal de aceitação da própria circunstância de como o amor pode vir do mais improvável dos lugares. Nenhuma palavra é dita, mas tudo é sentido.
A vida é preciosa, terrível, mágica, humorística, triste e absolutamente bela, muito parecida com esta animação.
Moonlight: Sob a Luz do Luar
4.1 2,4K Assista AgoraEste não é um filme "para" negros: é um filme "para" todos. Absolutamente todos. É um filme que consegue estabelecer uma empatia com um protagonista que, para a maioria das pessoas que leem sua sinopse, poderiam categoriza-lo como uma trama muito distante de suas próprias vidas e suas próprias experiências. Há um mistério e uma mágica em como o escritor e diretor Barry Jenkins conduz a trama.
Chiron é pobre, negro e gay (embora o último deles não seja algo que pareça confortável em voz alta), raramente o Cinema americano aborda esse tipo de personagem sem recorrer a estereótipos fáceis e caricatos, muito menos com tal graça e poesia. É um filme estruturado em três atos que deslizam uns sobre os outros com três atores e três instancias da vida (infância, adolescência e vida adulta). Há um pequeno número de pessoas que podem assistir, e dizer honestamente que o personagem principal: "...é como eu." O filme, no entanto, faz sua experiência se sentir Universal e inesquecível, como sua história é a sua história. Suponho que é capaz de fazer isso na maneira em que somos imersos em sua vida nas diferentes instâncias que são retratadas. É quase como uma realidade virtual emocional: enquanto você está sentado conferindo, você é ele.
A trama reconhece os ciclos destrutivos da pobreza, violências, do crime, da autoimagem. Ao mesmo tempo, evita todos os estereótipos sobre identidade, raça, cultura e sexualidade, e realiza essa proeza à custa do pequeno e desolador estudo de caráter que está em seu centro. A questão do que realmente significa ser um homem ganha uma nova ressignificação Filmes como este são tão escassos como a água no deserto. Não tenho dúvidas de se tratar do melhor filme de 2016.
Um Limite Entre Nós
3.8 1,1K Assista AgoraÉ um drama poderoso. É acima de tudo um retrato de um homem muito complexo que luta para criar uma família, enquanto culpa o mundo ao seu redor e reflete sobre os eventos de sua vida. O roteiro de August Wilson é uma parábola sobre a condição humana, o poder de moldar a própria vida, e os fantasmas de sonhos fracassados em autoridade sobre os nossos descendentes. É robusto, espirituoso, emotivo e explícito em camadas de poesia. Denzel Washington dirige e estrela, claramente tem grande respeito e reverência pela peça de Wilson, o que parece limitá-lo em respirar demais na peça. Contudo, encontra a beleza na simplicidade.
É um filme sem uma pausa para respirar, e não há um momento em que queremos que eles parem. Washington habilmente deixa sua câmera sobre o elenco, movendo-se como parte dele, nunca intrusiva e sempre envolvente. Não é cinematográfico o suficiente para fazer você esquecer que está vendo uma peça filmada, mas é feliz em captar a intensidade, a emoção de um grande evento teatral.
Há uma cerca literal no centro da trama, talvez não ressoa na tela da maneira que faz no palco. Não é uma metáfora viva. As "cercas" que são construídas, ressaltam a barreira que o personagem de Denzel ergueu entre ele, sua esposa e seus filhos, reconhece a injustiça histórica contra o povo negro, mas nos lembra que todos nós somos humanos e cometermos erros que geralmente vêm à custa de nossas próprias falhas pessoais. O desempenho de Viola Davis é devastador, e às vezes insuportavelmente doloroso de assistir, como luta para manter o equilíbrio no caos. Quando ela muda a dor dos fracassos percebidos "dele" para "ele", é uma das cenas mais memoráveis, honestas e dolorosas do filme. A química que ela e Denzel Washington compartilham estão entre as melhores da década.
É um exame fascinante e preocupante sobre a família e expõe: Esperança, paixões e dor, aceitação e negação. Somos produtos de nossos tempos, as casas em que nascemos, e a linhagem do qual fazemos parte pode formar muito mais do que somos. Pode ser o que nós nos tornaremos. Essa é uma verdade que muitas vezes só os outros podem ver. É um filme de grande importância, e com uma mensagem atemporal.
Estrelas Além do Tempo
4.3 1,5K Assista AgoraÉ uma trama de sensação boa que incomoda, um filme baseado em eventos históricos que se sente tanto relevante como novo. A trama capta com habilidade a energia febril a corrida espacial durante a guerra fria entre Russos e Americanos, no entanto, muito do que mantém o filme de ponta a ponta vem de sua ressonância contemporânea sobre o racismo e sexismo vigente até hoje.
Não é um filme irritado, ou de julgamentos, mas de instrução. As mulheres desta trama usam suas mentes brilhantes, - enxergam números que outros não podem ver, realizam cálculos complexos para viagens espaciais - mas, são figuras desconhecidas, tanto por serem mulheres quanto por serem negras. A trama pode ser acusada de tratar o racismo com uma simplicidade simplista, mas o faz com excelência. Se assemelha mais a um conto de fadas do que um exame sério de seus problemas. Sua simplicidade consegue tornar palatável a um público maior, o que é sua proposta. No entanto, é completamente consciente, e ao mesmo tempo pessoal do assunto que trata. A ideia que o racismo existe e termina até tornar-se inconveniente para os interesses mútuos é... bem, mais próxima da verdade que inconvenientemente impera dos dias atuais.
É dominado por performances fantásticas, enérgicas e muitas vezes comoventes de suas três protagonistas, e reforçado pelo trabalho silencioso, mas ainda excelente do elenco de apóio. A revelação neste elenco, porém, é a cantora Janelle Monáe. Aqui, é o centro espiritual do filme, uma mulher de convicção notável que vê o mundo como ele é, mas se recusa a aceitá-lo. O escopo do filme em si é íntimo: trata-se de conquistar a custódia sobre o direito fundamental à dignidade, o direito de ir trabalhar e fazer o seu trabalho como todo mundo sem ser espreitado por conta de sua raça ou gênero. Estes são privilégios básicos, que talvez exija uma abordagem básica. Um trabalho que vai inspirar mulheres negras em todo o mundo. A opressão não pode prender alguém para baixo na busca de lutar por seus sonhos e ideais.
Até o Último Homem
4.2 2,0K Assista AgoraParece irônico, Mel Gibson, um diretor que demonstra uma clara fascinação e habilidade com a violência na tela, assumir um filme como este, sobre a vida e o heroísmo de um soldado pacifista que se recusou a usar armas. No entanto, Gibson é um ajuste natural para a história, que, assim como seus outros filmes, gira em torno de um homem que tem uma relação íntima com a violência e cuja devoção à sua fé é inabalável.
O filme é efetivamente dividido em duas partes, a primeira é uma biografia padrão e sem floreios, enquanto a segunda parte é quando Gibson se solta e descreve a guerra da maneira mais violenta e crua possível. Para o homem que recriou a famosa crucificação de Jesus Cristo como um festival de tortura e horror, é evidente que o resultado final entrega algumas das imagens mais sangrentas que o gênero já viu.
O sucesso de qualquer filme biográfico baseia-se na habilidade do ator principal de humanizar quem quer que seja, e Andrew Garfield faz exatamente isso. Mas, é Mel Gibson que leva o filme a outro patamar. Ele é um artista febril, e não há um segundo em seu filme que não transpareça a sua intensidade peculiar. Este é um filme de guerra não sobre a glória da luta, não sobre a glória de morrer, mas sobre a glória do altruísmo.
A Chegada
4.2 3,4K Assista AgoraA tese fundamental da trama é que o intelecto e compaixão serão a salvação da humanidade. O filme se preocupa com a forma como reagimos ao medo e a tragédia. A nossa interpretação é inteiramente única. Há evidências que afirmam que não sabemos como as percepções diferenciam até que tenhamos uma palavra anexada a ela, por exemplo, podemos ver o amarelo, mas até que conhecemos a palavra amarela, o amarelo é indistinguível. Em um plano semelhante, as emoções são tão inexploradas em termos de potencial linguístico. Nosso espectro emocional é vasto e indefinível, mas para articular como sentimos recorremos a um pequeno conjunto de palavras para descrevê-las.
Uma vez que surgem novas palavras e se integram em nosso vocabulário coletivo, somos capazes de descrever nossos sentimentos melhor e, subsequentemente, temos uma capacidade aumentada de empatia e razão uns com os outros. Essa capacidade linguística expandida, obviamente estendendo-se a falantes bilíngues, é dito para oferecer um outro meio de perceber o mundo. Esta é a visão básica de "A Chegada". Que se encontrarmos outra espécie tão radicalmente diferente da nossa, a única maneira realista de se conectar e se comunicar verdadeiramente com eles é mergulhar completamente no que eles estão vendo, pensando e sentindo. Para nos absorvermos em seu mundo. Encontrar uma maneira diferente e assustadoramente nova de ver - Um conceito que muitos veementemente se opõem ao fim da Terra.
A necessidade de decifrar uma linguagem extraterrestre não é diferente da nossa própria necessidade de simplesmente falar com aqueles que se opõem a nós, e se comunicar com aqueles que tememos. As palavras têm um significado tangível e importante. A trama é um lembrete que a comunicação oferece o melhor caminho para a humanidade. Uma luz brilhante em um mundo de incertezas preocupantes. Os desafios devem ser resolvidos com o cérebro, não com os músculos...Temos a capacidade de ser grandes, mas desperdiçamos com ignorância e preconceitos. O diretor Denis Villeneuve fornece o corpo essencial, complexo e reflexivo a este Sci-Fi, e Amy Adams fornece a humanidade que o transforma em algo verdadeiramente especial. Merece ser visto e revisto. Um dos Melhores filmes de 2016.
Animais Noturnos
4.0 2,2K Assista AgoraÉ uma trama que se disfarça como um drama suave e sofisticado no início, mas mostra que é corajoso e brutal quando a história avança. O diretor Tom Ford combina brilhantemente sua complexa abordagem da narrativa de "história dentro de uma história", fazendo com que o mundo ficcional espelhe, contraste ou exemplifique a realidade da relação entre os personagens. Falando dos personagens, todos os atores dão performances de alto nível, especialmente Jake Gyllenhaal e Michael Shannon.
É um elegante conto torcido de vingança que nunca deixa de atrair o público ainda mais para sua complicada conspiração final. É também um filme incitador, que irá claramente dividir sua audiência. É frio, amargo e muito cínico. Questiona a natureza e a fragilidade do julgamento humano e pergunta se podemos confiar em como vemos as coisas nós mesmos. É uma meta-narrativa sobre críticas ou arte em geral ou talvez isso é só eu projetando. É um filme de vingança que se manifesta através da sugestão e da violência psicológica, e não através da ação e da violência física. Obra-prima.
As Faces de Toni Erdmann
3.8 257 Assista AgoraO enredo pode parecer familiar, e muitos podem se perguntar: Por que três horas se este cenário simples pode ser encurtado em um filme de 1 hora e meia? - Acontece que Toni Erdmann é mais complexo do que qualquer um poderia pensar. Confia na inteligência da audiência em acolher estes seres humanos adoráveis e defeituosos, enquanto suas vidas mundanas começam a evoluir para uma aprendizagem mútua envolvida em um humor absolutamente absurdo. E o público não sente que é tão longo devido ao enredo dinâmico e a excelente capacidade da diretora em contar histórias com atuações que vão simplesmente explodir sua mente.
É uma ambiciosa e profundamente perceptível comédia humanista que observa os laços familiares entre pai e filha, e apresenta um passo além da sua premissa simplista capturando a estranheza da monotonia diária, enquanto reconhece o valor dos relacionamentos.