Uma comédia sombria, pasmem, de um evento real ocorrido nos anos 90. Eu não sabia da história, não sabia nem da sinopse, imagina a surpresa em ver que no final era a dramatização de algo real. E isso dá maior significado para a narrativa mockumentary. Aliás, é assustador o quanto as pessoas são aliciadas e/ou se deixam levar por uma dissonância cognitiva. Jack Black está ótimo no papel de Bernie, uma pessoa ilimitadamente generosa (o que será sua bênção e maldição no decorrer da história), que se vê numa estranha relação com uma infame velhinha de uma cidade pequena.
Filme que começa gostosinho e despretensioso, mas depois vai ficando denso e, de certo modo, sombrio. Finaliza emotivo e esperançoso, com um show (literal e metaforicamente) de um sutil, porém eloquente, Michael Fassbender.
A história da luta de uma mãe viúva com seu filho adolescente neurodivergente e uma vizinha misteriosa e sedenta por liberdade, juntos, encontrando um senso comum voltado à esperanças. O final é incrível e as atuações são primorosas (em especial as atrizes).
A atuação de um serial killer, a espetacularização da imprensa e a rapinagem oportunista de um político populista, tudo isso exposto com uma direção afiada, dinâmica e com uma narrativa ácida, divertida e bastante errada.
Uma história de denúncia com um sabor amargo e que precedeu muitos episódios semelhantes - já sendo uma retratação do que havia acontecido e que nunca vai deixar de acontecer. Ótima estreia de Ryan Coogler na direção, com atuações competentes. E tudo isso em menos de 1h30 de filme.
Como diria Scorsese: Absolute Cinema! Porém, injustamente, com uma nota média muito abaixo do que merecia. Um drama japonês de guerra que se propõe a olhar para si mesmo enquanto nação, com uma autocrítica dura e sem rodeios. Além disso, há subtramas bem colocadas e que se acrescem com o desenrolar da história.
"Eu não sou louca. Porém esse é justamente o fato que faz de mim uma louca neste país."
Assim como em "Stereo", Cronenberg mostrou que nessa época ele tinha descoberto o sonífero mais potente até então inventado. Um filme de 1h que parece ter 4h. Louco, porém sem a romantização da loucura. Chato, com a marca de um estudante de cinema pseudointelectual. É de espantar que o mesmo até conseguiu no futuro fazer filmes legais.
Divertido, delicioso e nem um pouco polido socialmente. Uma reimaginação inspirada de Frankenstein, com uma pobre criatura ingênua e vitimada por um mundo cruel e patético. Bella Baxter aventura-se no mundo, fazendo descobertas sexuais, sociais e emocionais. Atuações magníficas, fotografia e trilha sonora hipnotizantes.
Uma digressão antes da crítica: eu tenho uma certa aversão de ver em tela um caso amoroso entre uma mulher linda (como Léa Seydoux) e um homem muito feio. Em vários momentos do filme, me incomodei.
Bom, quanto ao filme, é um pouco dispersivo em sua narrativa. Uma trama linear encaixaria melhor, pois da forma como foi exposto aqui, soou como pretensão, como exibicionismo. O grande destaque é a atuação da Léa Seydoux. Sou apaixonado por essa mulher, com sua beleza e charme tipicamente francês.
Filme é bom? Sim. Plausível de estar na disputa pelo Oscar de melhor filme? Não mesmo.
Pontos negativos: extremamente cafona e com um patriotismo americano que funcionava apenas nos anos 80, devido a nossa alienação hollywoodiana. O mais engraçado é que eu já esperava essas características, mas sinto que veio numa dose maior que a aceitável, muito presa à fórmula oitentista, que se mostra ultrapassada. E nem vou me estender no final do filme, porque é o cúmulo achar que aquela solução é minimamente possível - chega a ser de um chauvinismo juvenil.
Pontos positivos: relação de Maverick e o filho de seu amigo falecido. O herói da história, mesmo mostrando-se como o típico americano infalível, fica com essa estigma apenas na estética, pois em seu íntimo está em uma luta ferrenha com a culpa e o luto. Eles realmente acertaram em cheio nessa trama, poderiam ter dado maior foco nisso.
Talvez seja o melhor da trilogia, apesar de se transformar num outro filme na metade. Enquanto esteve em 1666, mostrou-se um terror com potencial, com momentos tensos e macabros, mas aí do nada o filme literalmente se transforma em 1994, pt. 2 e aí se abobalha, assim como os dois anteriores. O clima de terror se esvai e retoma-se a aventura teen.
Acho que nunca tinha revisto esse filme - e se tinha, foi ainda adolescente, numa versão dublada e picotada pela Globo.
Bom, esse filme é o início da popularização do gênero, junto com Homem-Aranha. A história, por conta desse pioneirismo, é bem mais simples e modesta que outras obras que viriam. É como ler uma edição avulsa das mensais dos mutantes, desgrudado de um grande arco ou saga - o que faz falta hj em dia, devido a megalomania que o MCU se enfiou. As atuações ainda são um pouco travadas, mas os atores parecem ficar mais a vontade no 2º (que também irei rever). Resumindo, muito prazeroso revê-lo e passa bem no teste do tempo.
As atuações mirins são os grandes destaques. O cenário ao qual nossa protagonista se vê sujeita é deplorável, com um pai patético e viciado cercado pela ameaça constante do narcotráfico. O final do filme toma um rumo meio idílico - a música de Syd Barrett, inclusive, marcando essa transição -, mas ainda assim continuando com sua crueza. Acho que nós, brasileiros, não sejamos tão impactados porque nossa realidade é tão (ou mais) tensa quanto, e aí quando pensamos em Tropa de Elite ou Cidade de Deus, essa obra mexicana acaba sendo bem soft.
Monges cristãos franceses em missão religiosa na Argélia, até se depararem com conflitos armados que os ameaçam. Com isso, vem a crise de fé e o dilema sobre cumprirem seus deveres ou sobreviverem. Um filme intimista e que denota fidelidade e propósito dos personagens. O ponto negativo é a lentidão da narrativa, com inúmeras cenas dos ritos religiosos que, assim como participar de uma missa, dá uma cansada.
Um filme muito aflitivo, ainda mais num ano marcado pela retomada de conflitos na região de Gaza. Trata-se de um filme de tribunal acerca de um atrito entre um cristão libanês fanático e um palestino, com tudo começando por conta de um insulto, que se inflama e escala para algo que envolverá toda a opinião pública nacional. Ambos personagens são muito bem explorados e mesmo que o espectador simpatize com um dos lados, fará com que atente-se ao argumento contrário.
O filme, assim como seu título, é extremamente aleatório, com takes longos que tem como intenção emular fotografias (ou pinturas), conseguindo ser bem sucedido nessa parte estética. Quanto a história, promete nada e nada entrega.
O ator mais jovem não consegue acompanhar o nível de atuação do incrível Paul Giamatti e da Da'Vine Joy Randolph. Quanto à história, é um filme de conforto com um clichê evidente, mas que funciona. O grande diferencial é que não se trata de um clichê glamoroso.
O final desse filme o salva por completo, porque os dois primeiros atos são bem qualquer coisa. Uma estreante Frances McDormand numa atuação modesta, mas já com muito potencial para o que estaria por vir: tornar-se uma das maiores atrizes de sua geração. O mesmo para os irmãos Coen, ambos no roteiro e Joel sozinho na direção.
Esse filme é uma poesia em movimento, lindo e triste porque é real e palpável. Me lembrou "Amor à Flor da Pele", do Wong Kar-Wai, onde há uma tensão sentimental prestes a explodir, mas que se contém por algum princípio e, no fim, mesmo sendo amargo, está tudo bem, vai passar.
Assisti recentemente "Drugstore Cowboy", do mesmo Gus Van Sant, e por mais que tenha achado um filme ok, me cansei um pouco da narrativa e ritmo. Por conta disso, ao assistir "Paranoid Park", fui com poucas expectativas. E talvez por isso gostei e me surpreendi com essa história. É inegável que aqui a direção está muito mais afiada, seja pelos takes longos e contemplativos - que servem pra nos deslocar da realidade, assim como ocorre com o protagonista - ou mesmo pela construção de personagens.
Um filme com um conceito original e completamente maluco, como é de se esperar do Yorgos Lanthimos. Porém, a partir de determinado momento, esse conceito se canibaliza e se desgasta. Eu não gosto de usar como argumento a questão da duração de um filme, mas aqui não consigo; se tivesse uns 20 ou 30 minutos a menos seria bem melhor.
Quase um Anjo
3.3 180 Assista AgoraUma comédia sombria, pasmem, de um evento real ocorrido nos anos 90. Eu não sabia da história, não sabia nem da sinopse, imagina a surpresa em ver que no final era a dramatização de algo real. E isso dá maior significado para a narrativa mockumentary. Aliás, é assustador o quanto as pessoas são aliciadas e/ou se deixam levar por uma dissonância cognitiva. Jack Black está ótimo no papel de Bernie, uma pessoa ilimitadamente generosa (o que será sua bênção e maldição no decorrer da história), que se vê numa estranha relação com uma infame velhinha de uma cidade pequena.
Frank
3.7 599 Assista AgoraFilme que começa gostosinho e despretensioso, mas depois vai ficando denso e, de certo modo, sombrio. Finaliza emotivo e esperançoso, com um show (literal e metaforicamente) de um sutil, porém eloquente, Michael Fassbender.
Mommy
4.3 1,2K Assista AgoraA história da luta de uma mãe viúva com seu filho adolescente neurodivergente e uma vizinha misteriosa e sedenta por liberdade, juntos, encontrando um senso comum voltado à esperanças. O final é incrível e as atuações são primorosas (em especial as atrizes).
O Bandido da Luz Vermelha
3.9 267 Assista AgoraA atuação de um serial killer, a espetacularização da imprensa e a rapinagem oportunista de um político populista, tudo isso exposto com uma direção afiada, dinâmica e com uma narrativa ácida, divertida e bastante errada.
Fruitvale Station - A Última Parada
3.9 333 Assista AgoraUma história de denúncia com um sabor amargo e que precedeu muitos episódios semelhantes - já sendo uma retratação do que havia acontecido e que nunca vai deixar de acontecer. Ótima estreia de Ryan Coogler na direção, com atuações competentes. E tudo isso em menos de 1h30 de filme.
A Mulher de um Espião
3.6 9Como diria Scorsese: Absolute Cinema! Porém, injustamente, com uma nota média muito abaixo do que merecia. Um drama japonês de guerra que se propõe a olhar para si mesmo enquanto nação, com uma autocrítica dura e sem rodeios. Além disso, há subtramas bem colocadas e que se acrescem com o desenrolar da história.
"Eu não sou louca. Porém esse é justamente o fato que faz de mim uma louca neste país."
Crimes do Futuro
2.5 31 Assista AgoraAssim como em "Stereo", Cronenberg mostrou que nessa época ele tinha descoberto o sonífero mais potente até então inventado. Um filme de 1h que parece ter 4h. Louco, porém sem a romantização da loucura. Chato, com a marca de um estudante de cinema pseudointelectual. É de espantar que o mesmo até conseguiu no futuro fazer filmes legais.
Pobres Criaturas
4.1 1,2K Assista AgoraDivertido, delicioso e nem um pouco polido socialmente. Uma reimaginação inspirada de Frankenstein, com uma pobre criatura ingênua e vitimada por um mundo cruel e patético. Bella Baxter aventura-se no mundo, fazendo descobertas sexuais, sociais e emocionais. Atuações magníficas, fotografia e trilha sonora hipnotizantes.
Tromperie
3.1 7 Assista AgoraUma digressão antes da crítica: eu tenho uma certa aversão de ver em tela um caso amoroso entre uma mulher linda (como Léa Seydoux) e um homem muito feio. Em vários momentos do filme, me incomodei.
Bom, quanto ao filme, é um pouco dispersivo em sua narrativa. Uma trama linear encaixaria melhor, pois da forma como foi exposto aqui, soou como pretensão, como exibicionismo. O grande destaque é a atuação da Léa Seydoux. Sou apaixonado por essa mulher, com sua beleza e charme tipicamente francês.
Top Gun: Maverick
4.1 1,1K Assista AgoraFilme é bom? Sim. Plausível de estar na disputa pelo Oscar de melhor filme? Não mesmo.
Pontos negativos: extremamente cafona e com um patriotismo americano que funcionava apenas nos anos 80, devido a nossa alienação hollywoodiana. O mais engraçado é que eu já esperava essas características, mas sinto que veio numa dose maior que a aceitável, muito presa à fórmula oitentista, que se mostra ultrapassada. E nem vou me estender no final do filme, porque é o cúmulo achar que aquela solução é minimamente possível - chega a ser de um chauvinismo juvenil.
Pontos positivos: relação de Maverick e o filho de seu amigo falecido. O herói da história, mesmo mostrando-se como o típico americano infalível, fica com essa estigma apenas na estética, pois em seu íntimo está em uma luta ferrenha com a culpa e o luto. Eles realmente acertaram em cheio nessa trama, poderiam ter dado maior foco nisso.
Rua do Medo: 1666 - Parte 3
3.5 513 Assista AgoraTalvez seja o melhor da trilogia, apesar de se transformar num outro filme na metade. Enquanto esteve em 1666, mostrou-se um terror com potencial, com momentos tensos e macabros, mas aí do nada o filme literalmente se transforma em 1994, pt. 2 e aí se abobalha, assim como os dois anteriores. O clima de terror se esvai e retoma-se a aventura teen.
X-Men: O Filme
3.5 904 Assista AgoraAcho que nunca tinha revisto esse filme - e se tinha, foi ainda adolescente, numa versão dublada e picotada pela Globo.
Bom, esse filme é o início da popularização do gênero, junto com Homem-Aranha. A história, por conta desse pioneirismo, é bem mais simples e modesta que outras obras que viriam. É como ler uma edição avulsa das mensais dos mutantes, desgrudado de um grande arco ou saga - o que faz falta hj em dia, devido a megalomania que o MCU se enfiou. As atuações ainda são um pouco travadas, mas os atores parecem ficar mais a vontade no 2º (que também irei rever). Resumindo, muito prazeroso revê-lo e passa bem no teste do tempo.
É NOITE NA AMÉRICA
3.4 3Close na cidade, close em animais... repete isso infinitas vezes, mesclando alguns takes longos. Misture, prense e pronto, seu sono estará garantido.
Compra-me um Revólver
3.5 11As atuações mirins são os grandes destaques. O cenário ao qual nossa protagonista se vê sujeita é deplorável, com um pai patético e viciado cercado pela ameaça constante do narcotráfico. O final do filme toma um rumo meio idílico - a música de Syd Barrett, inclusive, marcando essa transição -, mas ainda assim continuando com sua crueza. Acho que nós, brasileiros, não sejamos tão impactados porque nossa realidade é tão (ou mais) tensa quanto, e aí quando pensamos em Tropa de Elite ou Cidade de Deus, essa obra mexicana acaba sendo bem soft.
Homens e Deuses
3.8 124Monges cristãos franceses em missão religiosa na Argélia, até se depararem com conflitos armados que os ameaçam. Com isso, vem a crise de fé e o dilema sobre cumprirem seus deveres ou sobreviverem. Um filme intimista e que denota fidelidade e propósito dos personagens. O ponto negativo é a lentidão da narrativa, com inúmeras cenas dos ritos religiosos que, assim como participar de uma missa, dá uma cansada.
Manto de Gemas
2.8 7História truncada, confusa, personagens desconexos. Uma experiência bem negativa.
O Insulto
4.1 168Um filme muito aflitivo, ainda mais num ano marcado pela retomada de conflitos na região de Gaza. Trata-se de um filme de tribunal acerca de um atrito entre um cristão libanês fanático e um palestino, com tudo começando por conta de um insulto, que se inflama e escala para algo que envolverá toda a opinião pública nacional. Ambos personagens são muito bem explorados e mesmo que o espectador simpatize com um dos lados, fará com que atente-se ao argumento contrário.
Um Pombo Pousou Num Galho Refletindo Sobre a Existência
3.6 267 Assista AgoraO filme, assim como seu título, é extremamente aleatório, com takes longos que tem como intenção emular fotografias (ou pinturas), conseguindo ser bem sucedido nessa parte estética. Quanto a história, promete nada e nada entrega.
Os Rejeitados
4.0 320 Assista AgoraO ator mais jovem não consegue acompanhar o nível de atuação do incrível Paul Giamatti e da Da'Vine Joy Randolph. Quanto à história, é um filme de conforto com um clichê evidente, mas que funciona. O grande diferencial é que não se trata de um clichê glamoroso.
Gosto de Sangue
3.9 158O final desse filme o salva por completo, porque os dois primeiros atos são bem qualquer coisa. Uma estreante Frances McDormand numa atuação modesta, mas já com muito potencial para o que estaria por vir: tornar-se uma das maiores atrizes de sua geração. O mesmo para os irmãos Coen, ambos no roteiro e Joel sozinho na direção.
Vidas Passadas
4.2 759 Assista AgoraEsse filme é uma poesia em movimento, lindo e triste porque é real e palpável. Me lembrou "Amor à Flor da Pele", do Wong Kar-Wai, onde há uma tensão sentimental prestes a explodir, mas que se contém por algum princípio e, no fim, mesmo sendo amargo, está tudo bem, vai passar.
Holy Motors
3.9 652Confuso - e acho que tem a intenção de que não seja compreendido, nos colocando na licença poética de não fazer interpretações.
Paranoid Park
3.6 324Assisti recentemente "Drugstore Cowboy", do mesmo Gus Van Sant, e por mais que tenha achado um filme ok, me cansei um pouco da narrativa e ritmo. Por conta disso, ao assistir "Paranoid Park", fui com poucas expectativas. E talvez por isso gostei e me surpreendi com essa história. É inegável que aqui a direção está muito mais afiada, seja pelos takes longos e contemplativos - que servem pra nos deslocar da realidade, assim como ocorre com o protagonista - ou mesmo pela construção de personagens.
O Lagosta
3.8 1,5K Assista AgoraUm filme com um conceito original e completamente maluco, como é de se esperar do Yorgos Lanthimos. Porém, a partir de determinado momento, esse conceito se canibaliza e se desgasta. Eu não gosto de usar como argumento a questão da duração de um filme, mas aqui não consigo; se tivesse uns 20 ou 30 minutos a menos seria bem melhor.