O humor é incomum, mesmo nas cenas de pastelão, mas o roteiro descompromissado diverte com as trapalhadas de um sofisticado, educado e ingênuo inglês feito pelo grande Daniel Day-Lewis, inclusive em cenas ousadas de nudez, catapultado para uma comunidade grosseira e brega. Excelentes atores valorizam essa deliciosa comédia.
Assalto ao Trem Pagador não envelheceu, não ficou datado. Clássico não fica datado. A fotografia de Amleto Daissé é um primor. O chefe do grupo é um negro forte, grande, de tamanho impressionante. Chama-se Tião Medonho, e vem no corpanzil do grande ator e hoje muito esquecido Eliezer Gomes. Há negros, pardos de todas as matizes e brancos no grupo – como, de resto, em todo o Brasil, graças ao bom Deus. Todos amigos, quem destoa do resto do grupo é Grilo (o papel de Reginaldo Faria, o irmão mais jovem do diretor, ainda sem a tarimba de grande ator que seria), rapagão classe média, que foi quem apresentou ao grupo a proposta do assalto ao trem pagador. No vasto elenco destaque para Ruth de Souza, Átila Iório, Luíza Maranhão, Dirce Migliaccio, Miguel Rosenberg e o sempre extraordinário Grande Otelo que se destaca no papel do cachaceiro muito justamente apelidado de Cachaça. Mas o maior destaque vai mesmo para, Eliezer Gomes no papel do líder do bando. Eliezer tem o físico perfeito para o papel, e sua figura é impressionante, imponente. Um filmaço.
Faz tempo que não assitia um filme depois dos anos 90, tão bom quanto esse, o filme argentino de Damián Szifrón, traz seis histórias que demonstram como o ser humano pode ser capaz de fazer coisas pavorosamente feias, agressivas, nocivas, violentas, abjetas, nojentas. Ao mesmo tempo em que expõe tanta mazela, o filme mostra também, paradoxalmente, como o bicho homem consegue criar arte, beleza. Um filmaço. Dos melhores que já vi nos últimos muitos anos Bom pra caramba. Qualquer ser humano que assista esse filme é não curtir, tem que repensar seus conceitos. Dito isso, um clássico.
Sou fã assumido de Woody Allen, mas a melhor coisa desse filme é ele claro! E a fotografia do iraniano Darius Khondji, que é estupenda – com a vantagem extra de ter sido feita em uma das cidades mais belas do mundo. Dá vontade imensa de voltar à Ítalia, ou conhecê-la. Há muita história dentro da história, só posso acreditar que Woody Allen está fazendo uma grande gozação, um ataque virulento à mídia imbecil voltada para celebridades. Mas o personagem chato do chato do Roberto Begnini quase estraga o filme, não tem lógica, nem sentido sua história. Enquanto isso, Ellen Page mostra pro Begnini e para todos o que é ter carisma e talento.
Foi um dos primeiros filmes a mostrar o planeta após a guerra nuclear, o fim do mundo, o armagedom. O filme é de 1959, no auge da guerra fria e um pouquinho antes do ápice da paranóia, do pavor da guerra nuclear, que viria em outubro de 1962, com a crise dos mísseis de Cuba. A ação se passa num futuro bem próximo, que é explicitado com todos os quatro algarismos: 1964. Diante da câmara do magnífico Giuseppe Rotunno Ava Gardner, seguramente como disse o poeta Jean Cocteau foi um dos animais mais belos já mostrados numa tela de cinema. Para Fred Astaire, astro de tantos grandes musicais, foi uma importante experiência num papel dramático. Ele faz Julian Osborne, um cientista inglês que está vivendo na Austrália quando acontece a Terceira Guerra Mundial. Um filme para rever com calma.
Na minha opinião, é uma pequena obra-prima, um filmaço. Uma daquelas coisas raras, especiais, que emocionam, fazem pensar, mexem profundamente com nossos sentimentos, com nossa alma e pensamentos. O elenco está soberbo até Adam Sandler, está ótimo.
Pois então, depois de Maridos e Esposas, de 1992, no seu primeiro filme pós Mia Farrow, ele voltou a fazer comédia escrachada, escancarada, despudora. E, para fazer a mulher do personagem central, interpretado por ele mesmo, chamou Diane Keaton, a mulher de sua vida antes de Mia Farrow. E quase nítido que os dois parecem ter se divertido imensamente, ao fazer o filme. Os diálogos são deliciosos, fascinante, de matar de rir qualquer cinéfilo, reparem na pida sobre o filme ''O Ano Passado em Marienbad'', é dez. Nesse filme a câmara de Allen é inquieta, não chega a ser nervosíssima, à beira de um ataque de nervos, como em diversos filmes, mas é diferente é perfeita, até com certos errinhos propositalmente. É fascinante, enebriante pensar que Diane Keaton e Woody Allen fizeram filmes antes e depois da fase Mia Farrow – e até mesmo durante! Em A Era do Rádio/Radio Days (1987), Allen criou para a ex-mulher uma sequência em que ela aparece como cantora num show de réveillon. A beleza de Diane Keaton, seu talento, sua presença, sua pessoa soltam faíscas na tela. Ver Woody Allen e Diane Keaton trabalhando juntos novamente é um prazer total. Segundo o próprio Allen, Mia Farrow gosta de fazer coisas engraçadas, mas ela não é uma comediante tão explícita quando Diane. Um filme imperdível.
Sátira no melhor estilo screwball (um gênero de comédia fora do convencional, que vai para diferentes direções e origina situações inesperadas), com roteiro inteligente, direção do ótimo e subestimado Richard Boleslawski, com Irene Dunne mostrando todo seu talento para às comédias, uma atriz um pouco esquecida hoje, mais que brilhou muito na era de ouro de Hollywood.
Último filme de Allen estrelado por Mia Farrow, foi lançado nos E.U.A., logo após o escândalo que se seguiu à separação entre os dois (cuja semelhanças com a vida real parecem ocorrer na trama), o que fez o filme um sucesso de público e de critica. Várias cenas são filmadas com câmara na mão, simulando um documentário (incluindo narração e entrevistas). A visão amarga do cineasta sobre o fim inevitável de todo relacionamento cria um espetáculo profundo, provocante, adulto, pontuado como sempre pelas doses habituais de humor. O elenco só para variar é estupendo, mas convenhamos que Judy Davis quase rouba o espetáculo e deveria ter levado o Oscar pela qual ela foi nomeada. Sem falar na belíssima fotografia do ótimo Carlo Di Palma.
Um dos melhores filmes de Bruno Barreto (que tem uma carreira cheia de altos e baixos), o filme é energético, tocante, alegre, narrando a trajetória de pessoas cheias de conflitos e ilusões, marcadas pela dureza do dia-a-dia. O final surpreende. O roteiro é do grande dramaturgo teatral Naum Alves de Souza. O elenco parece ter sido escolhido a dedo, em especial as estupendas atuações de Betty Faria e Brandão Filho.
Gosto muito desse filme, desde que vi, quando era menor de idade e nuca mais esqueci. Um filme de desajuste com três atores ícones do cinema que passavam momentos difíceis em suas vidas pessoais, Marilyn Monroe caída, à base de barbitúricos em crise com seu último relacionamento amoroso. Montgomery Clift no fim de seu próprio processo autodestrutivo desde 1956, quando sofreu um grave acidente de carro que marcou profundamente seu belíssimo rosto, também vivia à base de barbitúricos. Clark Gable à beira de um ataque cardíaco (que o fulminaria logo depois do término do filme). Mas não era só os atores que estavam passando por problemas, o diretor John Huston em baixa, com um filme em preto e branco caríssimo nas mãos. O roteirista Arthur Miller com problemas no seu casamento. O que parecia um desastre aparente, se tornou uma pequena obra-prima luminosa. Roslyn Taber (Monroe, em seu melhor papel dramático) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Gable, em seu melhor papel desde ...E o Vento Levou de 1939) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isso nasce uma paixão entre os dois. No meio disso ainda encontram outro desajustado Perce Howland (Clift), amigo de Gay. Roslyn que enlaça todos com sua força primitiva, de uma fragilidade enganadora. O elenco ainda conta com alguns dos melhores coadjuvantes da história de Hollywood, como Thelma Ritter e Eli Wallach. O mestre Huston fez destes desajustes um filme claro, escuro, forte, belo, inesquecível.
Orson Welles não foi apenas o iconoclasta e febril criador daquela revolucionaria, gigantesca e labiríntica obra chamada ''Cidadão Kane'', que fez ele entrar para história do cinema na flor da idade. Tudo é primoroso e beira à perfeição. O filme abre com um admirável plano sequência amplamente considerado pelos críticos como um dos maiores planos longos da história do cinema. Mas sem dúvida o maior e melhor. Na fronteira EUA-México, um homem planta uma bomba-relógio dentro de um carro. Um homem e uma mulher entram no veículo e fazem uma viagem lenta pela cidade até a fronteira dos Estados Unidos. Ramon Miguel "Mike" Vargas ( Charlton Heston, completamente diferente dos seus famosos filmes épicos ) e Susie ( Janet Leigh, tão distantes dos filmes que fizera antes ), passam perto de um carro várias vezes a pé. O carro atravessa a fronteira, então explode, matando os ocupantes, (meu Deus que sequência). Vargas concorda em investigar a explosão. Ao fazer isso, ele provoca a ira do chefe da polícia local Hank Quinlan (feito pelo diretor do filme o gênio Orson Welles), um corrupto, com um registro gigante de prisão no currículo. Contar muito é tirar doce da boca de uma criança. O filme é recheado de participações especiais, sobretudo pela divina Marlene Dietrich como Tanya, uma enigmática cigana (tão enigmática como nos filmes em que fez com outro gênio, Joseph Von Stenberg), sua entrada em cena é antológica, destaque também para extraordinária fotografia de Russell Metty e uma magnífica trilha sonora de Henry Mancini. Closes inimitáveis, travellings delirantes, atores estupendos, até em pequenas aparições. Um retrato indelével, incomodo e exasperante da corrupção institucionalizada em quase todo mundo. Um filme imperdível.
Comédia no estilo glamouroso e amalucada de Woody Allen, que se concentra-se no seu personagem, e ele dá um show com seus acessos de paranoia, mudanças de temperamentos, e piadas inteligentes. Téa Leoni é a companheira ideal para o maravilhoso ator e tem chance de demonstrar sua enorme e desperdiçada veia cômica, com muito charme e graça e Debra Messing, num pequeno papel não deixa a desejar!
Excelente drama sobre jornalismo, muito esquecido hoje em dia, com Edward G. Robinson, em soberba atuação, destaque para a cena, no clímax do filme, quando seu personagem atormentado, explode contra os diretores e colegas da redação, demitindo-se do emprego.
Um desses raros casos de musical brasileiro gostoso de assistir, sem muita pretensão, com trilha sonora de Lobão, Barão Vermelho (que é o ponto alto do filme), entre outros... E em que, mais raro, a produção é adequada ao ideal excessivo desse gênero nos anos 80. No elenco, o grande destaque é Débora Bloch, no papel-título. O filme apresenta alguns ótimos momentos, como a seqüência em que Bete assiste na TV a um show do 'Barão Vermelho' e, inesperadamente, se imagina no lugar de Cazuza, como uma 'popstar'. Um outro bom momento é quando ela é fotografada pelo namorado num clima 'a la Marylin Monroe'. Cazuza é óbvio.
O filme é indiscutivelmente uma das obras mais audaciosas dos anos 20. Através do mito grego de Pandora - uma mulher belíssima e sedutora (a fatal Louise Brooks, que até hoje consegue hipnotizar e seduzir qualquer mortal), que solta todos os males do mundo ao abrir uma caixa. A decadência e hipócrita sociedade com sua moral humana e dessecada nesse belo filme.
Baseado em fatos reais (acredite se puder!), o filme é o ponto alto na carreira do diretor Cronenberg. Jeremy Irons que deveria ter ganho seu Oscar por este filme, interpreta dois irmãos ricos, bem-sucedidos e ginecologistas que cultivam o estranho hábito, nada saudável de dividir suas vidas em todos os aspectos. Até que entram em conflito quando uma mulher (a subestimada Genevieve Bujold), que abala de forma definitiva os laços que os unem. É um filme inquietante em que horror aqui é biológico.
Estranho filme do exagerado Ken Russell, a trilha sonora às vezes chega atrapalhar, mas a brilhante atuação de Kathleen Turner (uma dessas atrizes injustiçadas em Hollywood), John Laughlin (em seu melhor papel), e Anthony Perkins (no seu melhor papel desde Psicose), salvam a pátria. O filme é uma mistura de A Bela e a Fera - ela é executiva de dia e prostituta à noite - com Psicose do mestre Alfred Hitchcock, com o próprio Perkins à bordo. Só isso já salva o filme. Uau!
Esse filme sobre jovens popstars em que direção, roteiro, música, e interpretação parecem ter nascido uns para os outros. Tudo muito real e simples, o único elemento de ficção está na presença do avô pentelho e namorador de Paul McCartney, numa hilária interpretação de Wilfrid Brambell. Duas cenas formidáveis : John Lennon ''aspirando'' uma garrafa de Coca-Cola, e todos brincando num campo de futebol em ''Can't Buy Me Love'', fugindo das fãs numa estação de trem. Muita diversão e alegria.
Este filme foi feito mais como um presente do diretor René Clair para a diva Marlene Dietrich, por agradecimento a nossa estrela, pois na aquela época os refugiados da França ocupada, recorriam como de hábito a estrela, para que ela os ajudasse a adaptar-se à sua nova vida em Hollywood, o papel dela na vida real consistia em falar francês, traduzir, encontrar café e pão francês, ensinar o idioma em questão, cozinhar pratos de seu país de origem, etc... Eles se sentiam em casa, pois todos os refugiados podiam vir e ir embora de sua casa quando quisessem, mais aí é outra história, vamos ao filme, assim nasceu ''The Flame of New Orleans'', o título em português ''Paixão Fatal'', é, mais que um titulo, é uma redundância: com Marlene Dietrich, não há paixão que não seja fatal, quando nossa estrela está em ação. O importante a lembrar é que essa história em que ela é, como de costume na maioria dos filmes que fez em Hollywood, uma aventureira é dirigida por Clair, cineasta que transitou com desenvoltura no eixo-Paris-Hollywood (aqui óbvio estava em Hollywood). É do sr, Clair clássicos como ''A Nós a Liberdade'', ''Sob os Tetos de Paris'' , ''O Milhão'', ambos de 1931 (sua fase francesa) e ''O Vingador Invisível'' de 1945 e ''Casei-me com uma Feiticeira'' de 1942 (sua fase hollywoodiana); só para citar algumas obras primas desse mestre. Talvez não seja um dos melhores filmes dessa dupla, mas vale é muito assistir essa película, que aliás teve problemas com a censura da época. A história é muito interessante, Marlene dando um desempenho maravilhoso. Ela é sempre fascinante para assistir. Trajes grandes, boa direção de arte. E um elenco de apoio perfeito, boa diversão.
A quintessência do suspense do mestre Hitchcock, está toda presente nesse filme, com sua perversa manipulação do tempo, do olhar e da expectativa do público. O desenvolvimento é de enigma policial cerebral à moda inglesa. O mestre mostra toda sua habilidade em dirigir poucos personagens num único recinto sem jamais entendiar o espectador. Considerado por alguns críticos um Hitchcock, menor, Disque M para Matar, tem visto seu prestígio crescer a cada revisão. Merecidamente. Sem falar na beleza de Grace Kelly, quem tem uma famosa cena com uma tesoura nesse clássico.
''Interiores'' foi o oitavo filme dirigido por Allen, e o primeiro deles em que o realizador não trabalhou como ator. Dos oito personagens, metade, quatro são infelizes, procuram a infelicidade, mas praticamente todos são intelectuais, fazem questão de demonstrar, a cada momento, que têm cultura, erudição. E são pessoas profundamente chatas. A única personagem, além de Pearl (é interpretada pela extraordinária Maureen Stapleton), que não fica a todo momento cuspindo erudição, ou pseudo-erudição, é Flyn, a atriz de novelas de TV. Pearl é o contrário dos demais sete personagens. O exato oposto, o antônimo, o antípoda. Em tudo por tudo. Fala sem qualquer tipo de afetação; o linguajar dela é simples, leve, solto. Vê a vida com simplicidade. Enquanto os outros sete personagens fazem exegeses chiques sobre a peça de teatro que todos ali haviam visto, ela é curta e grossa: diz que um personagem é dedo-duro, e outro não, e que o dedo-duro, por ser dedo-duro, é mau caráter, e o outro é bom caráter – simples assim. por Sérgio Vaz. Geraldine Page e Diane Keaton brilham como Maureen Stapleton. Aliás, o elenco restante um tanto esquecido hoje em dia, brilham também. Sonata para piano No. 8 em Dó menor do grande Beethoven, geralmente conhecida como, Sonata Patética, foi publicada em 1799, embora tenha sido escrito no ano anterior, quando o compositor tinha 28 anos de idade, será mera coincidência com o filme de Allen, talvez sim talvez não, mas o mestre Woody Allen sabe o que faz, grande filme. Um filme para refletir muito.
Eu li uma vez e nunca mais esqueci - Humanidade e loucura cruzando as alegorias hiperbólicas de Fellini, a secura e inconformismo formal de Bergman, com muita acidez nonsense dos seus primeiros filmes e o desespero hilário das suas melhores comédias, sem nunca afastar o espectador – apesar da total inversão e abandono de qualquer cartilha, o filme ainda é fácil de se assistir, se envolver e dar risada, afinal de contas – Woody fez mais uma obra-prima.
Tom Sawyer
3.5 1Existe o filme todinho no youtube e no vimeo.
Um Inglês na América
4.0 7O humor é incomum, mesmo nas cenas de pastelão, mas o roteiro descompromissado diverte com as trapalhadas de um sofisticado, educado e ingênuo inglês feito pelo grande Daniel Day-Lewis, inclusive em cenas ousadas de nudez, catapultado para uma comunidade grosseira e brega. Excelentes atores valorizam essa deliciosa comédia.
O Assalto ao Trem Pagador
4.1 91Assalto ao Trem Pagador não envelheceu, não ficou datado. Clássico não fica datado. A fotografia de Amleto Daissé é um primor. O chefe do grupo é um negro forte, grande, de tamanho impressionante. Chama-se Tião Medonho, e vem no corpanzil do grande ator e hoje muito esquecido Eliezer Gomes. Há negros, pardos de todas as matizes e brancos no grupo – como, de resto, em todo o Brasil, graças ao bom Deus. Todos amigos, quem destoa do resto do grupo é Grilo (o papel de Reginaldo Faria, o irmão mais jovem do diretor, ainda sem a tarimba de grande ator que seria), rapagão classe média, que foi quem apresentou ao grupo a proposta do assalto ao trem pagador. No vasto elenco destaque para Ruth de Souza, Átila Iório, Luíza Maranhão, Dirce Migliaccio, Miguel Rosenberg e o sempre extraordinário Grande Otelo que se destaca no papel do cachaceiro muito justamente apelidado de Cachaça. Mas o maior destaque vai mesmo para, Eliezer Gomes no papel do líder do bando. Eliezer tem o físico perfeito para o papel, e sua figura é impressionante, imponente. Um filmaço.
Relatos Selvagens
4.4 2,9K Assista AgoraFaz tempo que não assitia um filme depois dos anos 90, tão bom quanto esse, o filme argentino de Damián Szifrón, traz seis histórias que demonstram como o ser humano pode ser capaz de fazer coisas pavorosamente feias, agressivas, nocivas, violentas, abjetas, nojentas. Ao mesmo tempo em que expõe tanta mazela, o filme mostra também, paradoxalmente, como o bicho homem consegue criar arte, beleza. Um filmaço. Dos melhores que já vi nos últimos muitos anos
Bom pra caramba. Qualquer ser humano que assista esse filme é não curtir, tem que repensar seus conceitos. Dito isso, um clássico.
Para Roma Com Amor
3.4 1,3K Assista AgoraSou fã assumido de Woody Allen, mas a melhor coisa desse filme é ele claro! E a fotografia do iraniano Darius Khondji, que é estupenda – com a vantagem extra de ter sido feita em uma das cidades mais belas do mundo. Dá vontade imensa de voltar à Ítalia, ou conhecê-la. Há muita história dentro da história, só posso acreditar que Woody Allen está fazendo uma grande gozação, um ataque virulento à mídia imbecil voltada para celebridades. Mas o personagem chato do chato do Roberto Begnini quase estraga o filme, não tem lógica, nem sentido sua história. Enquanto isso, Ellen Page mostra pro Begnini e para todos o que é ter carisma e talento.
A Hora Final
3.6 17 Assista AgoraFoi um dos primeiros filmes a mostrar o planeta após a guerra nuclear, o fim do mundo, o armagedom. O filme é de 1959, no auge da guerra fria e um pouquinho antes do ápice da paranóia, do pavor da guerra nuclear, que viria em outubro de 1962, com a crise dos mísseis de Cuba. A ação se passa num futuro bem próximo, que é explicitado com todos os quatro algarismos: 1964. Diante da câmara do magnífico Giuseppe Rotunno Ava Gardner, seguramente como disse o poeta Jean Cocteau foi um dos animais mais belos já mostrados numa tela de cinema. Para Fred Astaire, astro de tantos grandes musicais, foi uma importante experiência num papel dramático. Ele faz Julian Osborne, um cientista inglês que está vivendo na Austrália quando acontece a Terceira Guerra Mundial. Um filme para rever com calma.
Homens, Mulheres & Filhos
3.6 670 Assista AgoraNa minha opinião, é uma pequena obra-prima, um filmaço. Uma daquelas coisas raras, especiais, que emocionam, fazem pensar, mexem profundamente com nossos sentimentos, com nossa alma e pensamentos. O elenco está soberbo até Adam Sandler, está ótimo.
Um Misterioso Assassinato em Manhattan
3.9 183 Assista AgoraPois então, depois de Maridos e Esposas, de 1992, no seu primeiro filme pós Mia Farrow, ele voltou a fazer comédia escrachada, escancarada, despudora. E, para fazer a mulher do personagem central, interpretado por ele mesmo, chamou Diane Keaton, a mulher de sua vida antes de Mia Farrow.
E quase nítido que os dois parecem ter se divertido imensamente, ao fazer o filme. Os diálogos são deliciosos, fascinante, de matar de rir qualquer cinéfilo, reparem na pida sobre o filme ''O Ano Passado em Marienbad'', é dez.
Nesse filme a câmara de Allen é inquieta, não chega a ser nervosíssima, à beira de um ataque de nervos, como em diversos filmes, mas é diferente é perfeita, até com certos errinhos propositalmente.
É fascinante, enebriante pensar que Diane Keaton e Woody Allen fizeram filmes antes e depois da fase Mia Farrow – e até mesmo durante! Em A Era do Rádio/Radio Days (1987), Allen criou para a ex-mulher uma sequência em que ela aparece como cantora num show de réveillon.
A beleza de Diane Keaton, seu talento, sua presença, sua pessoa soltam faíscas na tela. Ver Woody Allen e Diane Keaton trabalhando juntos novamente é um prazer total.
Segundo o próprio Allen, Mia Farrow gosta de fazer coisas engraçadas, mas ela não é uma comediante tão explícita quando Diane.
Um filme imperdível.
Os Pecados de Teodora
3.7 5Sátira no melhor estilo screwball (um gênero de comédia fora do convencional, que vai para diferentes direções e origina situações inesperadas), com roteiro inteligente, direção do ótimo e subestimado Richard Boleslawski, com Irene Dunne mostrando todo seu talento para às comédias, uma atriz um pouco esquecida hoje, mais que brilhou muito na era de ouro de Hollywood.
Maridos e Esposas
3.9 108 Assista AgoraÚltimo filme de Allen estrelado por Mia Farrow, foi lançado nos E.U.A., logo após o escândalo que se seguiu à separação entre os dois (cuja semelhanças com a vida real parecem ocorrer na trama), o que fez o filme um sucesso de público e de critica. Várias cenas são filmadas com câmara na mão, simulando um documentário (incluindo narração e entrevistas). A visão amarga do cineasta sobre o fim inevitável de todo relacionamento cria um espetáculo profundo, provocante, adulto, pontuado como sempre pelas doses habituais de humor. O elenco só para variar é estupendo, mas convenhamos que Judy Davis quase rouba o espetáculo e deveria ter levado o Oscar pela qual ela foi nomeada. Sem falar na belíssima fotografia do ótimo Carlo Di Palma.
Romance da Empregada
3.5 31 Assista AgoraUm dos melhores filmes de Bruno Barreto (que tem uma carreira cheia de altos e baixos), o filme é energético, tocante, alegre, narrando a trajetória de pessoas cheias de conflitos e ilusões, marcadas pela dureza do dia-a-dia. O final surpreende. O roteiro é do grande dramaturgo teatral Naum Alves de Souza. O elenco parece ter sido escolhido a dedo, em especial as estupendas atuações de Betty Faria e Brandão Filho.
Os Desajustados
3.8 134 Assista AgoraGosto muito desse filme, desde que vi, quando era menor de idade e nuca mais esqueci. Um filme de desajuste com três atores ícones do cinema que passavam momentos difíceis em suas vidas pessoais, Marilyn Monroe caída, à base de barbitúricos em crise com seu último relacionamento amoroso. Montgomery Clift no fim de seu próprio processo autodestrutivo desde 1956, quando sofreu um grave acidente de carro que marcou profundamente seu belíssimo rosto, também vivia à base de barbitúricos. Clark Gable à beira de um ataque cardíaco (que o fulminaria logo depois do término do filme). Mas não era só os atores que estavam passando por problemas, o diretor John Huston em baixa, com um filme em preto e branco caríssimo nas mãos. O roteirista Arthur Miller com problemas no seu casamento. O que parecia um desastre aparente, se tornou uma pequena obra-prima luminosa.
Roslyn Taber (Monroe, em seu melhor papel dramático) é uma mulher sensível, que está se divorciando. Gay Langland (Gable, em seu melhor papel desde ...E o Vento Levou de 1939) e um cowboy frio, que passou a vida pegando cavalos e mulheres divorciadas. Ela não aceita a captura de cavalos selvagens para virarem comida de cachorro, enquanto que ele não vê nada demais. No meio de tudo isso nasce uma paixão entre os dois. No meio disso ainda encontram outro desajustado Perce Howland (Clift), amigo de Gay. Roslyn que enlaça todos com sua força primitiva, de uma fragilidade enganadora.
O elenco ainda conta com alguns dos melhores coadjuvantes da história de Hollywood, como Thelma Ritter e Eli Wallach.
O mestre Huston fez destes desajustes um filme claro, escuro, forte, belo, inesquecível.
A Marca da Maldade
4.1 221 Assista AgoraOrson Welles não foi apenas o iconoclasta e febril criador daquela revolucionaria, gigantesca e labiríntica obra chamada ''Cidadão Kane'', que fez ele entrar para história do cinema na flor da idade.
Tudo é primoroso e beira à perfeição. O filme abre com um admirável plano sequência amplamente considerado pelos críticos como um dos maiores planos longos da história do cinema. Mas sem dúvida o maior e melhor.
Na fronteira EUA-México, um homem planta uma bomba-relógio dentro de um carro. Um homem e uma mulher entram no veículo e fazem uma viagem lenta pela cidade até a fronteira dos Estados Unidos. Ramon Miguel "Mike" Vargas ( Charlton Heston, completamente diferente dos seus famosos filmes épicos ) e Susie ( Janet Leigh, tão distantes dos filmes que fizera antes ), passam perto de um carro várias vezes a pé. O carro atravessa a fronteira, então explode, matando os ocupantes, (meu Deus que sequência). Vargas concorda em investigar a explosão. Ao fazer isso, ele provoca a ira do chefe da polícia local Hank Quinlan (feito pelo diretor do filme o gênio Orson Welles), um corrupto, com um registro gigante de prisão no currículo. Contar muito é tirar doce da boca de uma criança.
O filme é recheado de participações especiais, sobretudo pela divina Marlene Dietrich como Tanya, uma enigmática cigana (tão enigmática como nos filmes em que fez com outro gênio, Joseph Von Stenberg), sua entrada em cena é antológica, destaque também para extraordinária fotografia de Russell Metty e uma magnífica trilha sonora de Henry Mancini. Closes inimitáveis, travellings delirantes, atores estupendos, até em pequenas aparições. Um retrato indelével, incomodo e exasperante da corrupção institucionalizada em quase todo mundo. Um filme imperdível.
Dirigindo no Escuro
3.6 209 Assista AgoraComédia no estilo glamouroso e amalucada de Woody Allen, que se concentra-se no seu personagem, e ele dá um show com seus acessos de paranoia, mudanças de temperamentos, e piadas inteligentes. Téa Leoni é a companheira ideal para o maravilhoso ator e tem chance de demonstrar sua enorme e desperdiçada veia cômica, com muito charme e graça e Debra Messing, num pequeno papel não deixa a desejar!
Sede de Escândalo
4.2 4Excelente drama sobre jornalismo, muito esquecido hoje em dia, com Edward G. Robinson, em soberba atuação, destaque para a cena, no clímax do filme, quando seu personagem atormentado, explode contra os diretores e colegas da redação, demitindo-se do emprego.
Bete Balanço
3.1 114 Assista AgoraUm desses raros casos de musical brasileiro gostoso de assistir, sem muita pretensão, com trilha sonora de Lobão, Barão Vermelho (que é o ponto alto do filme), entre outros...
E em que, mais raro, a produção é adequada ao ideal excessivo desse gênero nos anos 80. No elenco, o grande destaque é Débora Bloch, no papel-título. O filme apresenta alguns ótimos momentos, como a seqüência em que Bete assiste na TV a um show do 'Barão Vermelho' e, inesperadamente, se imagina no lugar de Cazuza, como uma 'popstar'. Um outro bom momento é quando ela é fotografada pelo namorado num clima 'a la Marylin Monroe'. Cazuza é óbvio.
A Caixa de Pandora
4.2 88 Assista AgoraO filme é indiscutivelmente uma das obras mais audaciosas dos anos 20. Através do mito grego de Pandora - uma mulher belíssima e sedutora (a fatal Louise Brooks, que até hoje consegue hipnotizar e seduzir qualquer mortal), que solta todos os males do mundo ao abrir uma caixa. A decadência e hipócrita sociedade com sua moral humana e dessecada nesse belo filme.
Gêmeos: Mórbida Semelhança
3.7 193Baseado em fatos reais (acredite se puder!), o filme é o ponto alto na carreira do diretor Cronenberg. Jeremy Irons que deveria ter ganho seu Oscar por este filme, interpreta dois irmãos ricos, bem-sucedidos e ginecologistas que cultivam o estranho hábito, nada saudável de dividir suas vidas em todos os aspectos. Até que entram em conflito quando uma mulher (a subestimada Genevieve Bujold), que abala de forma definitiva os laços que os unem. É um filme inquietante em que horror aqui é biológico.
Crimes de Paixão
3.7 41 Assista AgoraEstranho filme do exagerado Ken Russell, a trilha sonora às vezes chega atrapalhar, mas a brilhante atuação de Kathleen Turner (uma dessas atrizes injustiçadas em Hollywood), John Laughlin (em seu melhor papel), e Anthony Perkins (no seu melhor papel desde Psicose), salvam a pátria. O filme é uma mistura de A Bela e a Fera - ela é executiva de dia e prostituta à noite - com Psicose do mestre Alfred Hitchcock, com o próprio Perkins à bordo. Só isso já salva o filme. Uau!
Os Reis do Iê Iê Iê
4.1 270Esse filme sobre jovens popstars em que direção, roteiro, música, e interpretação parecem ter nascido uns para os outros. Tudo muito real e simples, o único elemento de ficção está na presença do avô pentelho e namorador de Paul McCartney, numa hilária interpretação de Wilfrid Brambell. Duas cenas formidáveis : John Lennon ''aspirando'' uma garrafa de Coca-Cola, e todos brincando num campo de futebol em ''Can't Buy Me Love'', fugindo das fãs numa estação de trem. Muita diversão e alegria.
Paixão Fatal
3.8 2Este filme foi feito mais como um presente do diretor René Clair para a diva Marlene Dietrich, por agradecimento a nossa estrela, pois na aquela época os refugiados da França ocupada, recorriam como de hábito a estrela, para que ela os ajudasse a adaptar-se à sua nova vida em Hollywood, o papel dela na vida real consistia em falar francês, traduzir, encontrar café e pão francês, ensinar o idioma em questão, cozinhar pratos de seu país de origem, etc... Eles se sentiam em casa, pois todos os refugiados podiam vir e ir embora de sua casa quando quisessem, mais aí é outra história, vamos ao filme, assim nasceu ''The Flame of New Orleans'', o título em português ''Paixão Fatal'', é, mais que um titulo, é uma redundância: com Marlene Dietrich, não há paixão que não seja fatal, quando nossa estrela está em ação. O importante a lembrar é que essa história em que ela é, como de costume na maioria dos filmes que fez em Hollywood, uma aventureira é dirigida por Clair, cineasta que transitou com desenvoltura no eixo-Paris-Hollywood (aqui óbvio estava em Hollywood). É do sr, Clair clássicos como ''A Nós a Liberdade'', ''Sob os Tetos de Paris'' , ''O Milhão'', ambos de 1931 (sua fase francesa) e ''O Vingador Invisível'' de 1945 e ''Casei-me com uma Feiticeira'' de 1942 (sua fase hollywoodiana); só para citar algumas obras primas desse mestre. Talvez não seja um dos melhores filmes dessa dupla, mas vale é muito assistir essa película, que aliás teve problemas com a censura da época. A história é muito interessante, Marlene dando um desempenho maravilhoso. Ela é sempre fascinante para assistir. Trajes grandes, boa direção de arte. E um elenco de apoio perfeito, boa diversão.
Disque M Para Matar
4.4 680 Assista AgoraA quintessência do suspense do mestre Hitchcock, está toda presente nesse filme, com sua perversa manipulação do tempo, do olhar e da expectativa do público. O desenvolvimento é de enigma policial cerebral à moda inglesa. O mestre mostra toda sua habilidade em dirigir poucos personagens num único recinto sem jamais entendiar o espectador. Considerado por alguns críticos um Hitchcock, menor, Disque M para Matar, tem visto seu prestígio crescer a cada revisão. Merecidamente. Sem falar na beleza de Grace Kelly, quem tem uma famosa cena com uma tesoura nesse clássico.
Interiores
4.0 230''Interiores'' foi o oitavo filme dirigido por Allen, e o primeiro deles em que o realizador não trabalhou como ator.
Dos oito personagens, metade, quatro são infelizes, procuram a infelicidade, mas praticamente todos são intelectuais, fazem questão de demonstrar, a cada momento, que têm cultura, erudição. E são pessoas profundamente chatas.
A única personagem, além de Pearl (é interpretada pela extraordinária Maureen Stapleton), que não fica a todo momento cuspindo erudição, ou pseudo-erudição, é Flyn, a atriz de novelas de TV.
Pearl é o contrário dos demais sete personagens. O exato oposto, o antônimo, o antípoda. Em tudo por tudo. Fala sem qualquer tipo de afetação; o linguajar dela é simples, leve, solto. Vê a vida com simplicidade. Enquanto os outros sete personagens fazem exegeses chiques sobre a peça de teatro que todos ali haviam visto, ela é curta e grossa: diz que um personagem é dedo-duro, e outro não, e que o dedo-duro, por ser dedo-duro, é mau caráter, e o outro é bom caráter – simples assim.
por Sérgio Vaz.
Geraldine Page e Diane Keaton brilham como Maureen Stapleton. Aliás, o elenco restante um tanto esquecido hoje em dia, brilham também.
Sonata para piano No. 8 em Dó menor do grande Beethoven, geralmente conhecida como, Sonata Patética, foi publicada em 1799, embora tenha sido escrito no ano anterior, quando o compositor tinha 28 anos de idade, será mera coincidência com o filme de Allen, talvez sim talvez não, mas o mestre Woody Allen sabe o que faz, grande filme.
Um filme para refletir muito.
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Memórias
4.0 168 Assista AgoraEu li uma vez e nunca mais esqueci - Humanidade e loucura cruzando as alegorias hiperbólicas de Fellini, a secura e inconformismo formal de Bergman, com muita acidez nonsense dos seus primeiros filmes e o desespero hilário das suas melhores comédias, sem nunca afastar o espectador – apesar da total inversão e abandono de qualquer cartilha, o filme ainda é fácil de se assistir, se envolver e dar risada, afinal de contas – Woody fez mais uma obra-prima.