Um diferencial entre este filme e outros apelativos dos anos 70 reside na ambiguidade do casal de protagonistas, algo já demonstrado na cena inicial. O marido não tem nada de bonzinho ou heroico: é um completo tranqueira, sempre bêbado e maltratando a esposa. Esta, por sua vez vive reclamando do comportamento dele mas continua casada com o mala-sem-alça
Já o psicótico vivido por David Hess também se revela mais interessante que outros vilões do gênero, fazendo uma inusitada proposta ao jornalista. O roteiro se diferencia de outros exemplares do exploitation ao colocar a cena clímax no final do segundo ato e não do terceiro. Então o filme se estende por mais vinte minutos surpreendentes. O problema desse terceiro ato é que
os roteiristas não conseguem pensar em nada melhor do que colocar um grupo de adolescentes marginais no caminho do casal. Ora, depois de tantos percalços fica forçado colocar mais bandidos na história. O marido poderia ter se livrado da esposa sem eles.
Outro detalhe que chama a atenção é o design de produção (postos de gasolina, automóveis, lanchonetes) que nos faz crer que o filme foi rodado nos EUA, quando na verdade foi na Itália.
O próprio Hawking escreveu o roteiro deste documentário e preferiu priorizar suas teorias em vez de sua biografia. Assim temos uma noção de sua genialidade mas não muito do ser humano naquela cadeira de rodas. O que ele gostava de fazer quando não estava pesquisando física? Quais eram seus gosto musicais e literários? Que pratos (além de ganso) ele gostava de comer? Estranhamente sua esposa e seus filhos só são vistos em fotografias e também ficamos sem saber nada sobre eles e sua relação com Stephen. Para um cientista da envergadura de Hawking e um cineasta do calibre de Errol Morris era de se esperar mais.
Esta continuação gasta mais tempo no desenvolvimento dos personagens e numa trama mais complexa. Mas a espera vale a pena já que as lutas são tão sublimes quanto as do primeiro filme. O diretor Gareth Evans e o astro Iko Uwais orquestram um verdadeiro balé de brutalidade e sangue! A série John Wick pode ter ótimas cenas de ação mas Operação Invasão 1 e 2 são os melhores exemplares do gênero neste século.
O roteiro tenta dar tridimensionalidade aos vilões indígenas, nos fazendo entender asa motivações por trás de seus atos brutais. Mas estranhamente (ou convenientemente?) se cala para as atrocidades que os brancos fizeram aos indígenas. Nesse aspecto não tem quase nada de revisionista. Lembra mais os faroestes tradicionais de cavalaria, como Legião de Heróis (1949). Outro problema é o personagem ilógico de Bruce Davison: em um momento ele demonstra compaixão para com os apaches, se referindo a eles como seres humanos, e minutos depois diz ter ódio deles, para voltar a demonstrar empatia logo depois. Ou seja, sua personalidade muda de acordo com as conveniências do roteiro. Mesmo assim o diretor Robert Aldrich imprime ritmo e tensão ao filme e Burt Lancaster tem um ótimo desempenho (Jorge Luke e Richard Jaeckel também aproveitam bem seu pouco tempo de tela).
A parte mais interessante do filme é o segundo ato que é um grande flashback onde acompanhamos as peripécias do casal no submundo parisiense logo após a II Guerra Mundial. Mas os vinte minutos finais são decepcionantes,
se resumindo a um calvário dos protagonistas, junto à refugiados em Israel, que atravessam o deserto só para serem massacrados. São momentos angustiantes mas se alongam mais do que o necessário.
Mais um exemplar dos faroestes realistas que surgiram a partir da segunda metade dos anos 60, sem nada do heroísmo da Hollywood clássica. Aqui os cowboys são brutos, até tentam levar uma vida honesta mas estão constantemente oscilando entre a lei e o crime, não hesitando em matar à sangue frio qualquer um que ameace sua jornada. Os figurinos surrados e a direção de arte minimalista também procuram um teor realista: Repare nos pequenos saloons que em nada lembram o glamour dos faroestes das décadas anteriores. Com muita violência, personagens marcantes e uma visão amarga do velho oeste, esta é uma pérola da Nova Hollywood que merece ser redescoberta. P.S.: Este foi o primeiro trabalho de Jerry Bruckenheimer como produtor no cinema, que depois ficaria famoso pelos blockbusters que produziu.
O filme tenta seguir o estilo de "Um Drink no Inferno", apostando em humor, violência e inúmeras reviravoltas absurdas. Mas ao contrário do filme de Robert Rodriguez, aqui nada dá certo. Como comédia é totalmente sem graça. O diretor chega a apelar para o batido recurso cômico das câmeras aceleradas. Já o elenco apela para a caricatura dos russos, falando alto o tempo todo. Alguns atores até perdem o sotaque russo em alguns momentos. Já Stephen Dorff parece estar em outro filme, permanecendo sério o tempo todo. Como comédia é sem graça e como terror não dá pra levar à sério. Pura perda de tempo.
Este segundo filme da série mantêm as cenas de ação muito bem coreografadas mas alguns exageros do roteiro são notáveis: em certo instante tive a impressão de que metade da população de Nova York era formada por assassinos profissionais (!)
Um western que antecipa a Nova Hollywood. Monte Hellman consegue imprimir no filme uma sensação de paranoia e desolação o tempo todo. Há sempre o pressentimento de que algo ruim está prestes a acontecer, como se os personagens estivessem sendo vigiados. Esse efeito é reforçado pela montagem que frequentemente investe em elipses, deixando o espectador desnorteado.
Christopher McQuarrie orquestra as melhores cenas de ação da série até agora, e o elenco tira de letra. Mas o roteiro tem alguns deslizes aqui e acolá: Um deles é a insistência em mostrar para o espectador que Ethan é um homem integro, um verdadeiro herói. Isso fica claro já na cena pré créditos
quando ele prefere perder o plutônio para salvar a vida de Luther
, depois temos duas cenas envolvendo policiais franceses que também tem esse objetivo. Outro elo solto no roteiro é a reintrodução do vilão Solomon Lane:
Por que ele estava na França? Ele tinha sido preso em Londres e sendo cidadão britânico era de se esperar que ficasse lá ou fosse levado para os EUA, já que foi capturado por americanos.
Não são falhas que estraguem o espetáculo mas espero que os realizadores tenham mais cuidado com o roteiro nos próximos filmes assim como tem tido com as cenas de ação.
O primeiro ato do filme é primoroso, lembrando muito os faroestes italianos que faziam sucesso na época com muita violência e montagem ágil. Mas o segundo ato, assim como os personagens, fica parado, sem ter para onde ir. Além disso o roteiro não desenvolve os personagens em todo seu potencial. O vilão de Warren Oates fica gritando e resmungando o tempo todo. Já seu braço direito (Kerwin Mathews) se sai melhor como um homem educado que quer (aparentemente) deixar a vida do crime e voltar para a Europa. E Lee Van Cleef faz um homem contido como vários outros que já tinha feito. Depois de um segundo ato tão maçante o desfecho consegue surpreender mas não o suficiente para compensar o marasmo anterior. Sobrou apenas a promessa de uma obra-prima.
Um ano após seu western mais famoso, Johnny Guitar, Nicholas Ray nos brindou com este outro soberbo exemplar do gênero, que se apoia mais em ideias do que em tireoteios. A história, sobre justiça e linchamento dialoga com a de "Consciências Mortas" (1942), de William Wellman. A fotografia em VistaVision explora bem as paisagens montanhosas do Colorado. Talvez o único tropeço do roteiro seja
a tentativa de remissão de Davey no final. Após tantas traições fica difícil acreditar que ele tentaria salvar Matt, ainda mais depois que este tinha prometido enforcá-lo.
Mas isso acaba sendo uma pequena falha em meio a tantas qualidades.
Típico filme catástrofe feito para TV, com muito melodrama (repare na música durante os pronunciamentos de políticos na TV), heroísmo forçado e personagens rasos. E que policial burro é esse feito pelo Esai Morales!
O cara estava com um helicóptero e prefere levar a família de carro mesmo sabendo do caos que estava na cidade.
A primeira metade do filme tem uma edição muito apressada: em um momento a família do protagonista está saindo cada qual para um lugar e na cena seguinte já estão todos juntos num ginásio; o trem-título sai do controle e em um minuto já tem um helicóptero de um canal de TV sobrevoando-o. Para assistir em uma Sessão da Tarde sem compromisso.
Não fosse a tosquisse poderia até ser considerado uma versão enxuta do clássico de William Friedkin: a mãe da menina possuída não trabalha e o investigar policial tem bem menos tempo em cena. Talvez por seguir à risca o roteiro original, o diretor consiga uma narrativa coesa do inicio ao fim. Mas isso não salva o filme de se tornar uma comédia involuntária principalmente nas cenas de possessão (o clímax é hilariante). Vale uma espiada para conferir a cara de pau dos realizadores turcos da época.
Até a metade dos anos 90 Abel Ferrara firmou sua carreira no cinema com filmes policiais interessantes como "O Rei de Nova York", "Vício Frenético" e "Os Chefões". Mas em seguida embarcou em projetos pretensiosos como "O Vício" e este "Enigma do Poder" que mais despertam sono do que interesse. Na segunda metade o roteiro (que não tem quase nada de ficção científica) vira uma sucessão interminável de flashbacks que nada acrescentam à narrativa. Christopher Walken e Willem Dafoe (também produtores do filme) aparecem no piloto automático, apáticos, enquanto o diretor Ferrara parece mais interessado em explorar a beleza do corpo de Asia Argento. Se fosse um curta-metragem "Enigma do Poder" poderia ser uma boa opção para se assistir após ver "Johnny Mnemonic" (1995) outra adaptação de William Gibson que, embora medíocre, pelo menos é divertida.
Uma das mais fracas adaptações de Philip K. Dick para o cinema, onde o roteiro se vale de (muitas) reviravoltas para prender a atenção do espectador. Mas só algumas dessas reviravoltas são realmente surpreendentes, a maioria só serve para esticar a história. O design de produção investe num tom de "tecno-retrô" que lembra o da primeira trilogia Guerra nas Estrelas. Já os efeitos digitais envelheceram muito mal.
Uma grata surpresa este telefilme da HBO baseado em evento real (há outra versão de 1978 que não vi). O roteiro trata com sensibilidade e ótimos diálogos temas como intercâmbio cultural, a inevitável aculturação do grupo dominado e a perda da identidade, sem deixar de lado a brutalidade com que foram tratados os nativos americanos. Ótimas e contidas atuações de Jon Voight (apesar de já velho para o papel), Graham Greene e David Ogden Stiers. Anne Archer tem menos tempo de tela mas também consegue uma boa atuação. Curiosidade 1: Apesar do título, Ishi não foi o ultimo de sua tribo. Posteriormente se descobriu outros indivíduos do povo Yana que até hoje vivem na Califórnia, Os restos mortais de Ishi lhes foram entregues em 2000. Curiosidade 2: O antropólogo Alfred Kroeber era pai de Ursula K. Le Guin, uma das mais famosas escritoras de ficção científica do século XX.
O roteiro trata da questão do uso de processos médicos para mudança de comportamentos indesejados, algo também explorado em filmes como "Os Dois Mundos de Charlie" e "Laranja Mecânica". A primeira metade do filme, que trata da cirurgia é bem interessante pois trata o assunto com rigor e realismo típicos das obras de Michael Crichton. Mas a segunda metade
vira apenas um filme de assassino em série, embora o diretor Mike Hodges consiga criar um bom suspense (inclusive com uma cena que antecipa "O Iluminado"). Além disso o protagonista é descrito como um especialista em computadores extremamente inteligente mas essa característica praticamente não é explorada pelo roteiro. Ele poderia ter qualquer outra profissão sem que isso provocasse qualquer alteração no desenrolar da história. Pra completar o filme tem um desfecho bem insatisfatório.
Divertida distopia exploitation que já começa com o matte paiting mais tosco da história do cinema. David Carradine tentava se desvencilhar da série "Kung Fu", enquanto Stallone ainda buscava a fama no cinema.
Para quem leu a HQ, essa adaptação é embaraçosa. Não há quase nada da complexidade dos personagens reunidos por Alan Moore e Kevin O'Neill. Para quem não leu, resta um filme burocrático e esquecível, com fracos efeitos visuais e uma montagem histérica nas cenas de ação (parece que o diretor Stephen Norrington e seu montador Paul Rubell não conseguem criar um plano que dure mais de um segundo). Pena que Sean Connery tenha encerrado sua carreira no cinema com uma bomba como essa.
Toda a concepção de uma distopia capitalista (onde comerciais são snuff films) é bem desenvolvida. Mas o romance dos protagonistas que ocupa a maior parte do filme é bem desinteressante
assim como o final agridoce (imposto pelo produtor Carlo Ponti) que não combina com o tom pessimista do filme (basta comparar com Dr. Fantástico, por exemplo).
O "roteiro" desse filme é praticamente uma cópia do de "Criaturas" (Curse of Komodo), de 2004, também dirigido por Jim Wynorski e igualmente um lixo. Os efeitos visuais seriam constrangedores até para a novela Os Mutantes, da Record. Vale pelo embaraço de ver atores famosos de séries de ficção científica como Michael Dorn, Robert Picardo, George Takei e Bill Mummy pagando mico nessa baixaria.
O Fugitivo Sanguinário
3.5 7Um diferencial entre este filme e outros apelativos dos anos 70 reside na ambiguidade do casal de protagonistas, algo já demonstrado na cena inicial. O marido não tem nada de bonzinho ou heroico: é um completo tranqueira, sempre bêbado e maltratando a esposa. Esta, por sua vez vive reclamando do comportamento dele mas continua casada com o mala-sem-alça
(e parece querer provocá-lo quando é estuprada).
Já o psicótico vivido por David Hess também se revela mais interessante que outros vilões do gênero, fazendo uma inusitada proposta ao jornalista.
O roteiro se diferencia de outros exemplares do exploitation ao colocar a cena clímax no final do segundo ato e não do terceiro. Então o filme se estende por mais vinte minutos surpreendentes. O problema desse terceiro ato é que
os roteiristas não conseguem pensar em nada melhor do que colocar um grupo de adolescentes marginais no caminho do casal. Ora, depois de tantos percalços fica forçado colocar mais bandidos na história. O marido poderia ter se livrado da esposa sem eles.
Outro detalhe que chama a atenção é o design de produção (postos de gasolina, automóveis, lanchonetes) que nos faz crer que o filme foi rodado nos EUA, quando na verdade foi na Itália.
Uma Breve História do Tempo
4.0 13O próprio Hawking escreveu o roteiro deste documentário e preferiu priorizar suas teorias em vez de sua biografia. Assim temos uma noção de sua genialidade mas não muito do ser humano naquela cadeira de rodas. O que ele gostava de fazer quando não estava pesquisando física? Quais eram seus gosto musicais e literários? Que pratos (além de ganso) ele gostava de comer? Estranhamente sua esposa e seus filhos só são vistos em fotografias e também ficamos sem saber nada sobre eles e sua relação com Stephen.
Para um cientista da envergadura de Hawking e um cineasta do calibre de Errol Morris era de se esperar mais.
Operação Invasão 2
4.1 365 Assista AgoraEsta continuação gasta mais tempo no desenvolvimento dos personagens e numa trama mais complexa. Mas a espera vale a pena já que as lutas são tão sublimes quanto as do primeiro filme. O diretor Gareth Evans e o astro Iko Uwais orquestram um verdadeiro balé de brutalidade e sangue!
A série John Wick pode ter ótimas cenas de ação mas Operação Invasão 1 e 2 são os melhores exemplares do gênero neste século.
A Vingança de Ulzana
3.6 17 Assista AgoraO roteiro tenta dar tridimensionalidade aos vilões indígenas, nos fazendo entender asa motivações por trás de seus atos brutais. Mas estranhamente (ou convenientemente?) se cala para as atrocidades que os brancos fizeram aos indígenas. Nesse aspecto não tem quase nada de revisionista. Lembra mais os faroestes tradicionais de cavalaria, como Legião de Heróis (1949).
Outro problema é o personagem ilógico de Bruce Davison: em um momento ele demonstra compaixão para com os apaches, se referindo a eles como seres humanos, e minutos depois diz ter ódio deles, para voltar a demonstrar empatia logo depois. Ou seja, sua personalidade muda de acordo com as conveniências do roteiro.
Mesmo assim o diretor Robert Aldrich imprime ritmo e tensão ao filme e Burt Lancaster tem um ótimo desempenho (Jorge Luke e Richard Jaeckel também aproveitam bem seu pouco tempo de tela).
Manon - Anjo Perverso
3.7 8A parte mais interessante do filme é o segundo ato que é um grande flashback onde acompanhamos as peripécias do casal no submundo parisiense logo após a II Guerra Mundial. Mas os vinte minutos finais são decepcionantes,
se resumindo a um calvário dos protagonistas, junto à refugiados em Israel, que atravessam o deserto só para serem massacrados. São momentos angustiantes mas se alongam mais do que o necessário.
Assim Nasce um Homem
3.6 3Mais um exemplar dos faroestes realistas que surgiram a partir da segunda metade dos anos 60, sem nada do heroísmo da Hollywood clássica. Aqui os cowboys são brutos, até tentam levar uma vida honesta mas estão constantemente oscilando entre a lei e o crime, não hesitando em matar à sangue frio qualquer um que ameace sua jornada. Os figurinos surrados e a direção de arte minimalista também procuram um teor realista: Repare nos pequenos saloons que em nada lembram o glamour dos faroestes das décadas anteriores.
Com muita violência, personagens marcantes e uma visão amarga do velho oeste, esta é uma pérola da Nova Hollywood que merece ser redescoberta.
P.S.: Este foi o primeiro trabalho de Jerry Bruckenheimer como produtor no cinema, que depois ficaria famoso pelos blockbusters que produziu.
13º Andar
2.3 67O filme tenta seguir o estilo de "Um Drink no Inferno", apostando em humor, violência e inúmeras reviravoltas absurdas. Mas ao contrário do filme de Robert Rodriguez, aqui nada dá certo. Como comédia é totalmente sem graça. O diretor chega a apelar para o batido recurso cômico das câmeras aceleradas.
Já o elenco apela para a caricatura dos russos, falando alto o tempo todo. Alguns atores até perdem o sotaque russo em alguns momentos. Já Stephen Dorff parece estar em outro filme, permanecendo sério o tempo todo.
Como comédia é sem graça e como terror não dá pra levar à sério. Pura perda de tempo.
John Wick: Um Novo Dia Para Matar
3.9 1,1K Assista AgoraEste segundo filme da série mantêm as cenas de ação muito bem coreografadas mas alguns exageros do roteiro são notáveis: em certo instante tive a impressão de que metade da população de Nova York era formada por assassinos profissionais (!)
Disparo para Matar
3.7 15Um western que antecipa a Nova Hollywood. Monte Hellman consegue imprimir no filme uma sensação de paranoia e desolação o tempo todo. Há sempre o pressentimento de que algo ruim está prestes a acontecer, como se os personagens estivessem sendo vigiados. Esse efeito é reforçado pela montagem que frequentemente investe em elipses, deixando o espectador desnorteado.
Missão: Impossível - Efeito Fallout
3.9 788Christopher McQuarrie orquestra as melhores cenas de ação da série até agora, e o elenco tira de letra. Mas o roteiro tem alguns deslizes aqui e acolá: Um deles é a insistência em mostrar para o espectador que Ethan é um homem integro, um verdadeiro herói. Isso fica claro já na cena pré créditos
quando ele prefere perder o plutônio para salvar a vida de Luther
Por que ele estava na França? Ele tinha sido preso em Londres e sendo cidadão britânico era de se esperar que ficasse lá ou fosse levado para os EUA, já que foi capturado por americanos.
Não são falhas que estraguem o espetáculo mas espero que os realizadores tenham mais cuidado com o roteiro nos próximos filmes assim como tem tido com as cenas de ação.
Sexo e Fúria
3.6 34O ritmo irregular é compensado pelas lutas encenadas de forma mais realista e crua do que na maioria dos filmes do gênero.
Barquero
3.5 14O primeiro ato do filme é primoroso, lembrando muito os faroestes italianos que faziam sucesso na época com muita violência e montagem ágil. Mas o segundo ato, assim como os personagens, fica parado, sem ter para onde ir. Além disso o roteiro não desenvolve os personagens em todo seu potencial. O vilão de Warren Oates fica gritando e resmungando o tempo todo. Já seu braço direito (Kerwin Mathews) se sai melhor como um homem educado que quer (aparentemente) deixar a vida do crime e voltar para a Europa. E Lee Van Cleef faz um homem contido como vários outros que já tinha feito.
Depois de um segundo ato tão maçante o desfecho consegue surpreender mas não o suficiente para compensar o marasmo anterior. Sobrou apenas a promessa de uma obra-prima.
Ela é o Cara
3.1 941 Assista AgoraPelo menos esse filme tem mais futebol que o filme do Garrincha, lançado três anos antes.
Fora das Grades
3.8 5Um ano após seu western mais famoso, Johnny Guitar, Nicholas Ray nos brindou com este outro soberbo exemplar do gênero, que se apoia mais em ideias do que em tireoteios. A história, sobre justiça e linchamento dialoga com a de "Consciências Mortas" (1942), de William Wellman. A fotografia em VistaVision explora bem as paisagens montanhosas do Colorado.
Talvez o único tropeço do roteiro seja
a tentativa de remissão de Davey no final. Após tantas traições fica difícil acreditar que ele tentaria salvar Matt, ainda mais depois que este tinha prometido enforcá-lo.
O Trem Atômico
2.3 15Típico filme catástrofe feito para TV, com muito melodrama (repare na música durante os pronunciamentos de políticos na TV), heroísmo forçado e personagens rasos.
E que policial burro é esse feito pelo Esai Morales!
O cara estava com um helicóptero e prefere levar a família de carro mesmo sabendo do caos que estava na cidade.
A primeira metade do filme tem uma edição muito apressada: em um momento a família do protagonista está saindo cada qual para um lugar e na cena seguinte já estão todos juntos num ginásio; o trem-título sai do controle e em um minuto já tem um helicóptero de um canal de TV sobrevoando-o.
Para assistir em uma Sessão da Tarde sem compromisso.
Seytan
2.5 10Lançado apenas 1 ano após o original essa refilmagem turca de "O Exorcista" já demonstra sua pindaíba na cena inicial, a da escavação arqueológica
onde vemos apenas esqueletos jogados na areia.
Não fosse a tosquisse poderia até ser considerado uma versão enxuta do clássico de William Friedkin: a mãe da menina possuída não trabalha e o investigar policial tem bem menos tempo em cena. Talvez por seguir à risca o roteiro original, o diretor consiga uma narrativa coesa do inicio ao fim. Mas isso não salva o filme de se tornar uma comédia involuntária principalmente nas cenas de possessão (o clímax é hilariante). Vale uma espiada para conferir a cara de pau dos realizadores turcos da época.
Enigma do Poder
3.5 40Até a metade dos anos 90 Abel Ferrara firmou sua carreira no cinema com filmes policiais interessantes como "O Rei de Nova York", "Vício Frenético" e "Os Chefões". Mas em seguida embarcou em projetos pretensiosos como "O Vício" e este "Enigma do Poder" que mais despertam sono do que interesse. Na segunda metade o roteiro (que não tem quase nada de ficção científica) vira uma sucessão interminável de flashbacks que nada acrescentam à narrativa.
Christopher Walken e Willem Dafoe (também produtores do filme) aparecem no piloto automático, apáticos, enquanto o diretor Ferrara parece mais interessado em explorar a beleza do corpo de Asia Argento.
Se fosse um curta-metragem "Enigma do Poder" poderia ser uma boa opção para se assistir após ver "Johnny Mnemonic" (1995) outra adaptação de William Gibson que, embora medíocre, pelo menos é divertida.
Assassinos Cibernéticos
2.9 30Uma das mais fracas adaptações de Philip K. Dick para o cinema, onde o roteiro se vale de (muitas) reviravoltas para prender a atenção do espectador. Mas só algumas dessas reviravoltas são realmente surpreendentes, a maioria só serve para esticar a história. O design de produção investe num tom de "tecno-retrô" que lembra o da primeira trilogia Guerra nas Estrelas. Já os efeitos digitais envelheceram muito mal.
O último Selvagem
3.5 9 Assista AgoraUma grata surpresa este telefilme da HBO baseado em evento real (há outra versão de 1978 que não vi). O roteiro trata com sensibilidade e ótimos diálogos temas como intercâmbio cultural, a inevitável aculturação do grupo dominado e a perda da identidade, sem deixar de lado a brutalidade com que foram tratados os nativos americanos. Ótimas e contidas atuações de Jon Voight (apesar de já velho para o papel), Graham Greene e David Ogden Stiers. Anne Archer tem menos tempo de tela mas também consegue uma boa atuação.
Curiosidade 1: Apesar do título, Ishi não foi o ultimo de sua tribo. Posteriormente se descobriu outros indivíduos do povo Yana que até hoje vivem na Califórnia, Os restos mortais de Ishi lhes foram entregues em 2000.
Curiosidade 2: O antropólogo Alfred Kroeber era pai de Ursula K. Le Guin, uma das mais famosas escritoras de ficção científica do século XX.
O Homem Terminal
2.9 11O roteiro trata da questão do uso de processos médicos para mudança de comportamentos indesejados, algo também explorado em filmes como "Os Dois Mundos de Charlie" e "Laranja Mecânica". A primeira metade do filme, que trata da cirurgia é bem interessante pois trata o assunto com rigor e realismo típicos das obras de Michael Crichton. Mas a segunda metade
vira apenas um filme de assassino em série, embora o diretor Mike Hodges consiga criar um bom suspense (inclusive com uma cena que antecipa "O Iluminado"). Além disso o protagonista é descrito como um especialista em computadores extremamente inteligente mas essa característica praticamente não é explorada pelo roteiro. Ele poderia ter qualquer outra profissão sem que isso provocasse qualquer alteração no desenrolar da história. Pra completar o filme tem um desfecho bem insatisfatório.
Corrida da Morte: Ano 2000
3.3 56 Assista AgoraDivertida distopia exploitation que já começa com o matte paiting mais tosco da história do cinema. David Carradine tentava se desvencilhar da série "Kung Fu", enquanto Stallone ainda buscava a fama no cinema.
A Liga Extraordinária
3.1 695 Assista AgoraPara quem leu a HQ, essa adaptação é embaraçosa. Não há quase nada da complexidade dos personagens reunidos por Alan Moore e Kevin O'Neill. Para quem não leu, resta um filme burocrático e esquecível, com fracos efeitos visuais e uma montagem histérica nas cenas de ação (parece que o diretor Stephen Norrington e seu montador Paul Rubell não conseguem criar um plano que dure mais de um segundo).
Pena que Sean Connery tenha encerrado sua carreira no cinema com uma bomba como essa.
A Décima Vítima
3.6 11 Assista AgoraToda a concepção de uma distopia capitalista (onde comerciais são snuff films) é bem desenvolvida. Mas o romance dos protagonistas que ocupa a maior parte do filme é bem desinteressante
assim como o final agridoce (imposto pelo produtor Carlo Ponti) que não combina com o tom pessimista do filme (basta comparar com Dr. Fantástico, por exemplo).
Shockwave
1.3 7 Assista AgoraO "roteiro" desse filme é praticamente uma cópia do de "Criaturas" (Curse of Komodo), de 2004, também dirigido por Jim Wynorski e igualmente um lixo. Os efeitos visuais seriam constrangedores até para a novela Os Mutantes, da Record.
Vale pelo embaraço de ver atores famosos de séries de ficção científica como Michael Dorn, Robert Picardo, George Takei e Bill Mummy pagando mico nessa baixaria.